Citei recentemente trucas em filmes anteriores à era do computador. A questão é que dos referidos efeitos especiais a meninada por aí não tem a menor ideia do trabalho que dava. Estamos em plena era dos botões, movimentos que num futuro qualquer também vão provocar risos daqueles que vão ter ao seu alcance técnicas ainda menos trabalhosas e sofisticadas.
Mas, para ter uma pequena noção, cenas que hoje são feitas no computador como num passe de mágica, ao simples toque de dedos, no manuseio de algum programa, requeriam dias, às vezes semanas de máscaras, retoques de pincel e outras operações artesanais que requeriam uma larga experiência e precisão de quem as executava (1).
Comecemos pelo simples ato final de editar um filme. A moviola era um processo que requeria uma precisão do artesão (diria até um artista) que a manejava. Cortar a película, emendá-la e prosseguir a montagem das cenas cercado de várias latas em que se depositavam as sobras cortadas. O pior era se entender dentro daquela balbúrdia com metros e metros de celulóide picotados e espalhados. E o melhor é que, por mais incrível que possa parecer, eles se entendiam muito bem.
Mas o toque de Midas estava na realização de efeitos especiais em que um personagem de tamanho normal parecia um gigante ao lado de outro e muitos outros truques mirabolantes. Juro que existem filmes atuais que incomodam muito mais pelo “irrealismo” do que a maioria dos que eram feitos nos parâmetros daqueles tempos e que pareciam mais naturais do que certos abusos – e falta de cuidados – nos botões. Teem “coisas” a que se assiste atualmente que incomodam em demasia, mais parecendo um desenho animado do que propriamente uma trucagem.
A primeira vez que participei de uma edição no computador foi em 1990, em Lisboa, durante a finalização de um comercial para TV. Num MacIntosh, apareciam à minha frente os fotogramas, cortavam-se e colavam-se virtualmente as cenas desejadas. Para mim foi algo deslumbrante. Jamais teria a intenção de defender a velha moviola e a quantidade de filmes esparramados pelos latões ao redor. Acho bem mais racional, limpa e organizada uma montagem digital. O que faço aqui é lembrar que certas faltas de cuidados com o manuseio inconsequente de efeitos visuais no computador custam um preço bastante alto na qualidade final de um filme. Para tal, basta assistir certas aberrações que existem por aí.
Um caso a pensar...
(1) Não quero dizer com isso que o manuseio de botões não demande tempo e que não haja necessidade de conhecimento e experiência. Apenas afirmo que tudo ficou extremamente mais simples e rápido.
Mas, para ter uma pequena noção, cenas que hoje são feitas no computador como num passe de mágica, ao simples toque de dedos, no manuseio de algum programa, requeriam dias, às vezes semanas de máscaras, retoques de pincel e outras operações artesanais que requeriam uma larga experiência e precisão de quem as executava (1).
Comecemos pelo simples ato final de editar um filme. A moviola era um processo que requeria uma precisão do artesão (diria até um artista) que a manejava. Cortar a película, emendá-la e prosseguir a montagem das cenas cercado de várias latas em que se depositavam as sobras cortadas. O pior era se entender dentro daquela balbúrdia com metros e metros de celulóide picotados e espalhados. E o melhor é que, por mais incrível que possa parecer, eles se entendiam muito bem.
Mas o toque de Midas estava na realização de efeitos especiais em que um personagem de tamanho normal parecia um gigante ao lado de outro e muitos outros truques mirabolantes. Juro que existem filmes atuais que incomodam muito mais pelo “irrealismo” do que a maioria dos que eram feitos nos parâmetros daqueles tempos e que pareciam mais naturais do que certos abusos – e falta de cuidados – nos botões. Teem “coisas” a que se assiste atualmente que incomodam em demasia, mais parecendo um desenho animado do que propriamente uma trucagem.
A primeira vez que participei de uma edição no computador foi em 1990, em Lisboa, durante a finalização de um comercial para TV. Num MacIntosh, apareciam à minha frente os fotogramas, cortavam-se e colavam-se virtualmente as cenas desejadas. Para mim foi algo deslumbrante. Jamais teria a intenção de defender a velha moviola e a quantidade de filmes esparramados pelos latões ao redor. Acho bem mais racional, limpa e organizada uma montagem digital. O que faço aqui é lembrar que certas faltas de cuidados com o manuseio inconsequente de efeitos visuais no computador custam um preço bastante alto na qualidade final de um filme. Para tal, basta assistir certas aberrações que existem por aí.
Um caso a pensar...
(1) Não quero dizer com isso que o manuseio de botões não demande tempo e que não haja necessidade de conhecimento e experiência. Apenas afirmo que tudo ficou extremamente mais simples e rápido.
6 comentários:
Tua observação é pertinente.
O excesso de tecnologia cibernética está mediocrisando bastante as produções.
O fato é que temos assistido coisas muito ruins,
Cada vez piores. pelo menos eu acho. Creio que há um certo dessleixo pelas trucagens.
Se antes os recursos eram limitados (e caros), pelo menos a vontade de obter um resultado cada vez melhor, levava os profissionais a tentar se superar cada a cada novo desfio.
Havia limitações como o "croma", as aplicações e recortes eram notados, mas a tentativa de cada vez aprimorar a coisa era visível.
Hoje... como voc~e dizem por aí: "Baaaaaaaahhh!"
Christopher Lee, "o vampiro da noite" da Hammer inglesa, e um ator excepcional do proscênio britânico, convidado por George Lucas para um filme da série 'Guerra nas estrelas', ficou estupefato quando Lucas disse para ele contracenar com uma luz azul, que depois seria substituída por um personagem 'digital'. Lee disse que não estava acostumado a isso, que precisaria de alguém para ser seu interlocutor. Mas por força do contrato teve de fazer assim mesmo, ainda que muito contrariado. Fato que, depois, desabafou em entrevista à imprensa.
Para se ver: são recursos da era da computação na edição de filmes.
Tudo devia ser bem mais complexo.
Hoje as facilidades são muitas, mas é pena que o desleixo, como você falou, comprometa a qualidade.
Sem dúvida era uma senhora mão de obra.
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