domingo, 26 de julho de 2009

Pensatas de domingo

Estava a andar, na sexta-feira pela manhã, entre a Santa Clara e a Figueiredo, quando dei de cara com uma moça. Digo moça, porque devia ter – pelo rosto – uns trinta no máximo. Feliz, estampava em seu semblante um belo sorriso, a olhar para os lados, onde um rapaz e uma outra moça a acompanhavam.
Mas havia um detalhe, um detalhe que me impressionou e fez pensar no quanto viver é precioso. A moça, a moça feliz era uma “mulher-tronco”.
E eu refleti por segundos (que duraram muito mais do que isto), o quanto alguns momentos que parecem ruins, podem não ser tão ruins assim.
Ainda mais porque no instante, em que aquela mulher, feliz na sua monstruosidade, vamos dizer: cagava pro lance, porque o mais importante é estar viva, me impressionou.

Tenho uma máxima que sempre repito, pelo menos em casa e para a minha analista que é: “dinheiro não traz a felicidade, mas a tranquilidade, com certeza”. Não sei se alguém já disse isso antes, mas, eu acho uma frase que diz muito da vida.

O Gustavo, meu filho, sempre amou Playmobil. Ganhou o primeiro quando fez um ano e encantou-se pelo brinquedo. Daí em diante começou uma coleção que acabou em 1987 ou 88. Mas teve um recomeço quando, dois anos depois, fomos morar em Portugal e ele ficou deslumbrado com a variedade de opções que existia na Europa.
A coleção somente se desfez nove anos atrás, quando a passou para as primas mais novas que moram em Beagá.
No entanto, o mais curioso é que tem cerca de um ano que ele descobriu a venda destes brinquedos pela internet. E deu-lhe a ideia de voltar à velha mania. Desta feita para tirar fotos. Sem corujice, cenários montados num estúdio improvisado no quarto dele com excelente resultado.
Parte do resultado está em um blogue (link abaixo), que é publicado em inglês, porque faz parte de um grupo de colecionadores ao redor do mundo.
Infelizmente o melhor das fotos está num fórum para o qual é necessária uma senha de acesso, o que dificulta que possamos vê-lo. Todavia, segue o endereço do blogue:
http://blackhairgus.blogspot.com/

Lembrei ontem de uma piada (de salão) dos idos tempos do bonde. Os bondes tinham como característica longos bancos e o passageiro ia se acomodando em fileiras.
O gajo entrou e pediu licença para sentar ao lado de uma senhora. Notou que ela colocara no lugar que seria o seu um pequeno embrulho.
Antes que ele sentasse ela falou: “Cuidado com os ovos!” Educadamente ele levantou o pacote e o entregou à velhinha, observando: “Pesados!”.
Ela lhe agradeceu e completou: “Lógico, são pregos!”

10 comentários:

Ieda Schimidt disse...

A-DO-REI o teu ensaio sobre a felicidade.
E tambem a frase sobre dinheiro trazer a tranqüilidade. Só não sei se alguem a falou antes.
Teu filho tem boas fotos para ter feito da forma que falaste.
Bom domingo!

Jonga Olivieri disse...

Obrigado Ieda pelo "ensaio". Será que é tanto assim?
Quanto às fotos do meu filho, elas são boas. No entanto as que estão no tal Fórum são melhores ainda.
Uma luz no fim do túnel?
Hoje pela manhã ele me falou que tem uma forma de acessar outras fotos. Mas saiu logo em seguida e depois vou lhe pedir para me ensinar o "caminho das pedras"

maria disse...

Que pensamento profundo e lindo para um domingo!

Stela Borges de Almeida disse...

Mulher-tronco, Play mobil, Caminho das Pedras. Gosto de Walter Benjamin e a História dos Brinquedos. Os nexos das historinhas ficam por conta dos leitores, fui até o site, a coleção dos bonequinhos lembra os soldadinhos de chumbo. Sobre o caminho das pedras,a natureza humana...uma excelente pensata.

Jonga Olivieri disse...

Como no filme de Billy Wilder "O pecado mora ao lado", talvez a felicidade também.
Ou será que mora --não ao lado--, mas dentro de cada um de nós?

Jonga Olivieri disse...

Obrigado Stela pelas suas belas palavras. Elas são um estímulo para mim.
E vamuquivamu!

André Setaro disse...

Um homem vai ao consultório de um psiquiatra.
- O que o traz aqui? pergunta o médico.
- Estou com um grande problema: meu irmão pensa que é uma galinha.
- Mas, então, creio que deveria ser internado.
- Não posso, doutor, não posso interná-lo.
- Mas, por que?
- Porque preciso dos ovos.

André Setaro disse...

O homem passa a vida à procura da felicidade. Mas, a rigor, a felicidade não existe. No máximo, instantes de felicidade, como dizia Kurt Vonnegut Jr em seu 'Matadouro 5'. Os meios de comunicação, no entanto, ajudam à ilusão da existência da felicidade, principalmente as novelas, o cinema. O jovem é mais esperançoso para alcançá-la, mas o adulto, na idade da razão, vem a constatar que ela, a felicidade, não existe. Noto que os jovens são muito mais alegres do que os adultos, que ficam amargos, silenciosos. O casamento, por exemplo, passada a 'faísca' sexual, pode ser bom quando há amizade, companheirismo e afeto. Mas a grande maioria é um tormento, um inferno a dois. Há a necessidade de certas renúncias de ambas as partes.

No mais, creio que a vida é trágica, um absurdo e um belo 'non sense'.

Jonga Olivieri disse...

Tem também aquela do sujeito que não dormia porque pensava ter um jacaré debaixo da cama.
A mulher o convenceu a procurar uma picanálise.
O sujeito foi, começou a melhorar e sumiu.
Um dia, o analista dele encontrou com a mulher e perguntou:
-- E aí, ele está melhor? Saiu, nem me pagou...
A mulher respondeu:
-- Melhorou muito Dr. Fulano... Melhorou tanto que um dia ele dormia traquilamente na cama, rolou, caiu no chão...E aí... Bom, aó o jacaré comeu ele!

Jonga Olivieri disse...

A felicidade não existe como um estado permanente.
Mas pode-se ser feliz pelo fato de se realizar aquilo que se deseja para sobre(viver) ou seja-se bastante inculto para não questionar nada... Nadinha mesmo.
É um tema difícil. No caso da mulher que descrevi me espantou... Sobremaneira. Me espantou de fato.
Fez-me pensar muito em toda a vida, na existência como um todo.
Quanto a sexo, casamento e afins... Bom, as pessoas pensam que tudo tem que ficar como no primeiro dia. Ou, por ainda, como na primeira noite. E não é por aí.
Cara, a gente envelhece, o tempo passa e as coisas mudam. Mas podem até mudar para melhor.
Depende da cabeça de cada um.