sexta-feira, 9 de outubro de 2009

E Sartre tinha razão...

Barack Obama acaba de ganhar o Prêmio Nobel da Paz. E daí? Em 1973 o assassino de massas Henry Kissinger o ganhou tambem.
Ainda é cedo para julgar a que veio Obama à frente do império... Talvez, pelo fato de ser um negro merecesse, por vencer preconceitos em um país onde há alguns poucos anos isto seria inimaginável. Talvez, por ter derrotado Bush, o Calígula estadunidense (ou seria o Nero?) o maior débil mental a assumir algum tipo de governo nos tempos modernos (1).
Jogada de marketing? Certamente. Obama sempre investiu pesadamente nesta área. Aliás, não é uma excessão. Nos Estados Unidos tudo se resume a promoção e todos são simplesmente marca, produto... Propaganda. Aprenderam muito com a publicidade local e com as estratégias de Paul Joseph Goebbels.
O fato é que ao ler a notícia hoje pela manhã, lembrei-me que em 1964, Jean-Paul Sartre recusou o Prêmio Nobre de Literatura. Talvez tenha sido o maior e mais significativo ato público/político de sua vida...

(1) Eu me refiro a países do primeiro mundo. Pelos nossos lados, estamos cansados de ver...

6 comentários:

André Setaro disse...

Creio cedo para a concessão de um Nobel da Paz a um presidente que ainda não completou um ano de mandato. Mas, como disse na postagem, o prêmio também foi concedido a Henry Kissinger, estrategista bélico inteligente e que, a rigor, cumpriu sua tarefa genocida com impecável competência para a matança e o apoio irrestrito a ditaduras militares ao redor do mundo e, principalmente, na "Latrina América".

Bem agiu Carlos Drummond de Andrade quando se recusou a entrar para a Academia Brasileira de Letras, que, se tem um Carlos Heitor Cony, possui, como membros vitalícios, uma penca de mediocridades, a exemplo de Marcos Maciel, Sarney, Paulo Coelho, et caterva. Sartre foi muito feliz e, com sua atitude, realizou esplêndido ato político ao não querer receber o Prêmio Nobel de Literatura.

Para entrar na Academia, basta que o pleiteante tenha bom relacionamento com o poder. E é preciso, salvo raras e honradas exceções, que aquele que se diz escritor e quer nela entrar se veja obrigado a visitar os demais membros com o propósito de "pedir voto". Ficou famoso o comportamento de João Ubaldo Ribeiro que, na ânsia de ser imortal, foi com o "pires" na mão de casa em casa, inclusive ao apartamento de Roberto Marinho.

Indicado por Jorge Amado, João Ubaldo Ribeiro, que foi redator-chefe do jornal 'Tribuna da Bahia', onde assino coluna há 35 anos, e vim a conhecê-lo, e aconselhado por seu patrono, realizou, com invulgar competência e servilismo, o "ciclo de visitas" aos acadêmicos.

Ubaldo gosta de aparentar um comportamento "blasé" que não corresponde à sua desmesurada ambição e faiscante orgulho. E não estou aqui a fazer juízo sobre a sua verve literária tão aplaudida.

A verdade, quando se sabe alguma coisa, neste frigir dos ovos, deve ser dita. Apenas.

Jonga Olivieri disse...

A ABL já não era, para mim, uma coisa séria. Mas depois que Maciel, Sarney, e, finalmente o grande picareta que deu certo (Paulo Coelho) entraram para o hall dos "imortais", só dizendo: puta(s) que os pariu... Isto é uma grande palhaçada!
E por falar em circo, o Nobel é um prêmio puramente "político" no seu sentido mais vulgar e sujo.
Na área científica ainda pode haver um critério diferente; que eu não entendo por ser apenas um curioso na área. mas, literatura, paz e outras coisinhas mais... Sai da frente, mas é mesmo nojento, com raras e dignas exceções.

Ieda Schimidt disse...

Quando tu fala do uso do marketing entre os políticos, que infelizmente aqui no Brasil nos alcançou em cheio de algumas poucas décadas para cá, fico imaginando como isto deve ser forte nos Estados Unidos.
O Bush andava de forma estudada, cumprimentava de forma ensaiada. A única coisa que ele não conseguiu disfarçar foi o ar de beócidade existente e evidente.
E o Reagan? Canastrão em Hollywodd e na presidência. Ha! Haiiiii!
Jonh Kennedy era outro. Seu jeitinho de 'bom moço'. Um sujeito cheio de amantes que passava o ar de maridinho e paizinho de família no melhor estilo american way of life. Enquanto isso invadia Cuba e reforçava as tropas no Vietname provocando o maior desastre dos EUA (junto com o Iraque) neste século E trepava com Marylin Monroe. Por que será que suicidou-se? Ou suicidaram ela?
O próprio Carter, talvez o melhor de todos eles mantinha (e mantém) a ‘persona’ de um sujeito compreensivo e humanista. Marketing bem feito, guri. Porque ou ele é de fato, ou venderam muito bem o seu 'peixe'. Eu por exemplo confio nele de graça.
Desatre total mesmo, voltando a vaca fria, só mesmmo o Bush. Este foi demais.

Jonga Olivieri disse...

Os ianques sempre foram bons nisso de marketing, não só o político como também o de consumo. Mas, afinal, a partir do momento que um gajo se transforma num produto qualquer, é tudo a mesma coisa. Não é?

maria disse...

Gostaria de conhecer melhor a obra de Sartre. Também não sabia que ele recusou o prêmio Nobel.
Uma atitude muito corajosa.

Jonga Olivieri disse...

Ainda é tempo, Mary... Ainda é tempo de conhecer a obra de Sartre. Vale a pena.