Este artigo foi enviado pelo professor Jorge Vital de Brito Moreira, que é baiano e estudou Ciências Sociais na UFBa. Fez estudos de pós-graduação em Sociologia (México) e Literatura (EUA) onde recebeu o titulo de doutor (Ph.d) com uma tese sobre o escritor Antonio Callado. Nos EUA, tem ensinado na University of California San Diego (La Joya), University of Minnesota, Washinton University, Lawrence University e University of Wisconsin. Tem publicado ensaios (sobre diferentes escritores brasileiros e latinoamericanos) e é autor-colaborador do livro "Notable Twenty Century Latin America Women" (2001). Em 2007, publicou na Bahia o livro "Memorial da Ilha e Outras Ficcões" (romance e contos). Atualmente escreve artigos e ensaios para o destacado diário http://www.rebelion.org/ de grande circulação na Espanha e na América Latina.
Em 1939, Franklin Delano Roosevelt, presidente dos Estados Unidos da América, fez uma extraordinária declaração a respeito do ditador nicaraguense Anastácio “Tacho” Somoza Garcia : Ele é um filho da puta porem é nosso filho da puta ("He is a son of a bicht but he's our son of a bitch") (1)
A declaração de F.D. Roosevelt tornou-se um emblema não somente da política externa de sua administração mas de toda política externa de todos os presidentes dos EUA para América Latina e o Terceiro Mundo, antes durante e depois da ditadura da família Somoza.
Até o momento, nenhum país da America Latina pôde se salvar de sofrer intervenção, ser invadido, sofrer golpes de estado ou de ser dominado e explorado pelo império dos EUA: México, Guatemala, Porto Rico, Cuba, Costa Rica, Honduras, Salvador, Nicarágua, Panamá, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Paraguai foram países vitimas da expansão do capitalismo imperial sobre suas terras, suas riquezas e seus povos.
Durante os anos 60, 70 e 80, Brasil, Chile, Argentina, Uruguai, Paraguai foram vitimas dos golpes de estado e das ditaduras patrocinadas pelo imperialismo estadunidense. Quem poderá se esquecer dos crimes promovidos pelo general Augusto Pinochet Chile), general Jorge Videla (Argentina), general Garrastazu Medici (Brasil) ou por Alfredo Stroessner (Paraguai)? Quem poderá esquecer estes sinistros ditadores sul americanos que estavam a serviço da política externa dos governos dos EUA em nosso continente?
Mesmo que a memória humana seja curta e esteja sujeita às variações e mudanças biológicas e ideológicas, os instrumentos políticos e militares do Império (para manter sua hegemonia e domínio), permanecem os mesmos; ou estão se tornando piores com o passar do tempo.
Desde as guerras (recentes) contra o Iraque, o Afeganistão e o Paquistão teem crescido as evidências do comportamento absolutamente criminoso dos Estados Unidos da America nos demais países do globo terrestre.
Já não existem dúvidas de que alem das guerras, as bases da “Democracia” dos EUA são as bases militares e as ditaduras “amigas”. Já sabemos que as bases militares estão localizadas por todo planeta --nos países do Extremo Oriente, do Oriente Médio, da América Latina, no Caribe, e até mesmo da Europa (2)-- e são responsáveis pela incessante produção do terror necessário para amedrontar e submeter os governos dos cinco continentes. Desta forma, podem continuar, sem maiores obstáculos, a sua expansão imperial.
Os registros dos protestos e das revoltas no Egito, no Iemen e na Jordânia são provas definitivas da insatisfação popular causadas por anos e anos de ditaduras (que EUA chamam de “democracias”) a serviço da dominação e hegemonia do capital estadunidense no mundo.
Diante da queda da ditadura e da fuga da ditador da Tunísia, Zine El Abidine Ben Ali, da revolta e dos protestos contra a ditadura militar de mais de 30 anos de Hosni Mubarak no Egito, os analistas políticos voltam a lembrar-se da declaração emblemática de F. D. Roosevelt e da sua função para legitimar as abomináveis violações dos direitos humanos (perseguição, prisão, tortura, desaparecimento, assassinato e extermínio dos descontentes ou opositores políticos) causadas pelos “filhos da puta” a soldo de Washington.
Na atualidade, a política externa do Império em relação ao mundo e ao Oriente Médio não mudou. O Império continua com o mesmo jogo já faz mais de 100 anos (um século). Os documentos e os registros conservados mostram uma longa historia de instalar, financiar, armar e apoiar os ditaduras que defendam as políticas imperiais, sempre quando assegurem e mantenham o controle sobre o povo que sofre a opressão e a exploração dos ditadores.
No caso do ditador Hosni Mubarak (o Anastácio Somoza egípcio) a política externa de Washington prossegue invariável: Barak Obama publicamente apresenta, como sempre, um discurso (a denominada “transição ordenada”) a favor da democracia, a favor dos direitos humanos criticando o regime e a repressão da população egípcia, mas secretamente o presidente fará qualquer negocio com os militares para salvar o Estado e o atual aparato repressivo egípcio --ainda que tenha de sacrificar o ditador Mubarak e Omar “Jeque al-Tortura” Suleiman (3), porque, em última instancia, é o Estado que determina e garante a continuidade da política econômica e as alianças estratégicas dos Estados Unidos com Israel contra o povo do Egito.
Por seu lado, o governo de Natanyahu, o sionismo e a IAPAC (o maior lobby israelense nos EUA) farão o possível e o impossível para convencer o governo estadunidense de apoiar a continuidade do regime ditatorial de Mubarak. Como sabemos, Israel tem razões geopolíticas vitais para defender ao ditador e à ditadura que colabora com seus crimes de guerra contra o povo da Palestina.
Desde que Barak Obama subiu ao poder presidencial cada vez que os interesses de Israel entram em conflito com os interesses da administração dos EUA, Obama tem tratado de persuadir o governo de Benjamin Netanyahu da “sabedoria” de sua política para o oriente médio, mas nas recentes quedas de braço com o primeiro ministro israelense, o presidente dos EUA tem saído não somente derrotado como também humilhado por Netanyahu.
Enquanto isso (mesmo com a utilização sistemática da violência, das prisões, das torturas pelos militares chefiados por Omar “Jeque al-Tortura” Suleiman), as manifestações de protesto na Plaza egípcia de Tahrir continuam crescendo com a adesão de outros setores da sociedade civil e as greves das classe trabalhadoras sensibilizadas pela entrevista de Wael Ghonim (um dos líderes do movimento de 25 de Janeiro torturado por Suleiman) para o canal egípcio Dream TV.
Forçado a lutar contra o poder do tripé (EUA, Israel, ditadura de Mubarak) imperialista, o povo egípcio (cujos membros estão sendo presos e torturados diária e sistematicamente pelo aparato repressivo de Mubaraki e Suleiman), aparece hoje como a única força política com capacidade para impor uma mudança radical no modo de dominação e exploração de EUA, de Israel e da ditadura de Mubarak/Sueleiman.
(1) Ver Carlos Fuentes, The buried mirror: reflections on Spain and the New World.
(2) Na Ásia, os EUA tem bases militares localizadas no Japão, Coréia do sul, Filipinas, Singapura, Turquia, Chipre, Arábia Saudita, Afeganistão, Paquistão, Kuwait, Qatar, etc.
Na América Latina e no Caribe encontramos bases militares dos EUA na Bolívia, Peru, Equador, Argentina, Colômbia, Honduras, El Salvador, Cuba (Guantánamo), Trinidad, Jamaica, Bahamas, etc.
Na Europa as bases militares estão localizadas na Inglaterra, França , Alemanha, Itália, Espanha, Bélgica, Holanda, Portugal, Noruega, Hungria, Grécia, Bálcãs, alem de possuir bases na Groelândia e na Austrália.
(3) No passado, cada vez que um ditador “amigo” de EUA perdeu o controle social e político ou esteve a ponto de perde-lo, Washington tratou de seguir apoiando-lhe tanto tempo quanto fosse possível. Quando a ditador fica completamente insustentável o governo estadunidense muda de discurso (e de posição) afirmando que sempre esteve do lado do povo. Assim, Washington pode continuar fazendo as imprescindiveis manipulações para restabelecer o velho sistema com um novo governante porem este tem que ser um homem da mais completa confiança de Washinton.
Em 1939, Franklin Delano Roosevelt, presidente dos Estados Unidos da América, fez uma extraordinária declaração a respeito do ditador nicaraguense Anastácio “Tacho” Somoza Garcia : Ele é um filho da puta porem é nosso filho da puta ("He is a son of a bicht but he's our son of a bitch") (1)
A declaração de F.D. Roosevelt tornou-se um emblema não somente da política externa de sua administração mas de toda política externa de todos os presidentes dos EUA para América Latina e o Terceiro Mundo, antes durante e depois da ditadura da família Somoza.
Até o momento, nenhum país da America Latina pôde se salvar de sofrer intervenção, ser invadido, sofrer golpes de estado ou de ser dominado e explorado pelo império dos EUA: México, Guatemala, Porto Rico, Cuba, Costa Rica, Honduras, Salvador, Nicarágua, Panamá, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Paraguai foram países vitimas da expansão do capitalismo imperial sobre suas terras, suas riquezas e seus povos.
Durante os anos 60, 70 e 80, Brasil, Chile, Argentina, Uruguai, Paraguai foram vitimas dos golpes de estado e das ditaduras patrocinadas pelo imperialismo estadunidense. Quem poderá se esquecer dos crimes promovidos pelo general Augusto Pinochet Chile), general Jorge Videla (Argentina), general Garrastazu Medici (Brasil) ou por Alfredo Stroessner (Paraguai)? Quem poderá esquecer estes sinistros ditadores sul americanos que estavam a serviço da política externa dos governos dos EUA em nosso continente?
Mesmo que a memória humana seja curta e esteja sujeita às variações e mudanças biológicas e ideológicas, os instrumentos políticos e militares do Império (para manter sua hegemonia e domínio), permanecem os mesmos; ou estão se tornando piores com o passar do tempo.
Desde as guerras (recentes) contra o Iraque, o Afeganistão e o Paquistão teem crescido as evidências do comportamento absolutamente criminoso dos Estados Unidos da America nos demais países do globo terrestre.
Já não existem dúvidas de que alem das guerras, as bases da “Democracia” dos EUA são as bases militares e as ditaduras “amigas”. Já sabemos que as bases militares estão localizadas por todo planeta --nos países do Extremo Oriente, do Oriente Médio, da América Latina, no Caribe, e até mesmo da Europa (2)-- e são responsáveis pela incessante produção do terror necessário para amedrontar e submeter os governos dos cinco continentes. Desta forma, podem continuar, sem maiores obstáculos, a sua expansão imperial.
Os registros dos protestos e das revoltas no Egito, no Iemen e na Jordânia são provas definitivas da insatisfação popular causadas por anos e anos de ditaduras (que EUA chamam de “democracias”) a serviço da dominação e hegemonia do capital estadunidense no mundo.
Diante da queda da ditadura e da fuga da ditador da Tunísia, Zine El Abidine Ben Ali, da revolta e dos protestos contra a ditadura militar de mais de 30 anos de Hosni Mubarak no Egito, os analistas políticos voltam a lembrar-se da declaração emblemática de F. D. Roosevelt e da sua função para legitimar as abomináveis violações dos direitos humanos (perseguição, prisão, tortura, desaparecimento, assassinato e extermínio dos descontentes ou opositores políticos) causadas pelos “filhos da puta” a soldo de Washington.
Na atualidade, a política externa do Império em relação ao mundo e ao Oriente Médio não mudou. O Império continua com o mesmo jogo já faz mais de 100 anos (um século). Os documentos e os registros conservados mostram uma longa historia de instalar, financiar, armar e apoiar os ditaduras que defendam as políticas imperiais, sempre quando assegurem e mantenham o controle sobre o povo que sofre a opressão e a exploração dos ditadores.
No caso do ditador Hosni Mubarak (o Anastácio Somoza egípcio) a política externa de Washington prossegue invariável: Barak Obama publicamente apresenta, como sempre, um discurso (a denominada “transição ordenada”) a favor da democracia, a favor dos direitos humanos criticando o regime e a repressão da população egípcia, mas secretamente o presidente fará qualquer negocio com os militares para salvar o Estado e o atual aparato repressivo egípcio --ainda que tenha de sacrificar o ditador Mubarak e Omar “Jeque al-Tortura” Suleiman (3), porque, em última instancia, é o Estado que determina e garante a continuidade da política econômica e as alianças estratégicas dos Estados Unidos com Israel contra o povo do Egito.
Por seu lado, o governo de Natanyahu, o sionismo e a IAPAC (o maior lobby israelense nos EUA) farão o possível e o impossível para convencer o governo estadunidense de apoiar a continuidade do regime ditatorial de Mubarak. Como sabemos, Israel tem razões geopolíticas vitais para defender ao ditador e à ditadura que colabora com seus crimes de guerra contra o povo da Palestina.
Desde que Barak Obama subiu ao poder presidencial cada vez que os interesses de Israel entram em conflito com os interesses da administração dos EUA, Obama tem tratado de persuadir o governo de Benjamin Netanyahu da “sabedoria” de sua política para o oriente médio, mas nas recentes quedas de braço com o primeiro ministro israelense, o presidente dos EUA tem saído não somente derrotado como também humilhado por Netanyahu.
Enquanto isso (mesmo com a utilização sistemática da violência, das prisões, das torturas pelos militares chefiados por Omar “Jeque al-Tortura” Suleiman), as manifestações de protesto na Plaza egípcia de Tahrir continuam crescendo com a adesão de outros setores da sociedade civil e as greves das classe trabalhadoras sensibilizadas pela entrevista de Wael Ghonim (um dos líderes do movimento de 25 de Janeiro torturado por Suleiman) para o canal egípcio Dream TV.
Forçado a lutar contra o poder do tripé (EUA, Israel, ditadura de Mubarak) imperialista, o povo egípcio (cujos membros estão sendo presos e torturados diária e sistematicamente pelo aparato repressivo de Mubaraki e Suleiman), aparece hoje como a única força política com capacidade para impor uma mudança radical no modo de dominação e exploração de EUA, de Israel e da ditadura de Mubarak/Sueleiman.
(1) Ver Carlos Fuentes, The buried mirror: reflections on Spain and the New World.
(2) Na Ásia, os EUA tem bases militares localizadas no Japão, Coréia do sul, Filipinas, Singapura, Turquia, Chipre, Arábia Saudita, Afeganistão, Paquistão, Kuwait, Qatar, etc.
Na América Latina e no Caribe encontramos bases militares dos EUA na Bolívia, Peru, Equador, Argentina, Colômbia, Honduras, El Salvador, Cuba (Guantánamo), Trinidad, Jamaica, Bahamas, etc.
Na Europa as bases militares estão localizadas na Inglaterra, França , Alemanha, Itália, Espanha, Bélgica, Holanda, Portugal, Noruega, Hungria, Grécia, Bálcãs, alem de possuir bases na Groelândia e na Austrália.
(3) No passado, cada vez que um ditador “amigo” de EUA perdeu o controle social e político ou esteve a ponto de perde-lo, Washington tratou de seguir apoiando-lhe tanto tempo quanto fosse possível. Quando a ditador fica completamente insustentável o governo estadunidense muda de discurso (e de posição) afirmando que sempre esteve do lado do povo. Assim, Washington pode continuar fazendo as imprescindiveis manipulações para restabelecer o velho sistema com um novo governante porem este tem que ser um homem da mais completa confiança de Washinton.
10 comentários:
Vou postar um primeiro comentário sobre o professor Jorge Vital de Brito Moreira, amigo de meu primo e amigo, o também professor André Setaro, cujos blogues estão fora do ar, porque ele também está fora do ar graças ao incêndio na Oi de Salvador.
Mas voltando ao assunto, o professor Jorge Moreira é um grande estudioso da política estadunidense...
Bem vindo, caro professor. Suas matérias sempre serão um presente para este blogue.
Este professor é mesmo uma pessoa informada e coerente. Gostei de sua análise e de suas conclusões sobre a política imperialista dos EUA, mesmo durante o 'New Deal'. Afinal F. D. Roosevelt era sobrinho de Ted Roosevelt, o homem do porrete. Sua preocupação social limitou-se ao público interno. O resto da América, continuo Lat(r)ina.
Améroca Lat[r]ina... O que sempre fomos. Oficialmente desde Monroe!
Excelente o professor. E colocou questões muito importantes como a ação (militar) dos EUA na América Latina e o desmascaramento de F. D. Roosevelt, que sempre foi admirado por nós latino-americanos como o presidente da "boa vizinhança".
Sim Joelma, creio que o artigo foi muito esclarecedor nestes aspectos.
O professor Jorge Moreira me enviou a mensagem abaixo por e-mail. E achei interessante a transmitir no meu blogue.
Obrigado Jonga. Gostei de ver o texto no seu blog. Mas sobretudo da brilhante ideia da foto de Roosevelt e Somoza juntos. Valeu.
Ao que respondo que muito feliz fiquei de saber que ele gostou da foto, mas a coloquei simplesmente porque o excelente tesxto dele tinha isto como uma revelação surpreendente.
Difícil aceitar que Franklin Roosevelt foi tão reacionário em sua política externa. Nós latino-americanos sempre tratamos a política do New Deal como "política de Boa Vizinhança". Walt Disney criou o Zé Carioca inspirado nesta diplomacia. E enquanto isto ele apoiava Somoza, talves o pior ditador que a América Latina já teve. Ao lado de Batista, claro!
parabéns pelo texto do Professor Moreira. No momento, esprimido aqui, a bater este comentário, numa calorenta Lan House. Até quando?
E ele fez tudo isto...
Também tinha simpatias por Roosevel (o Franklin, claro!). Mas pelo menos internamente sua política foi "progressista".
Uma questão de evitar o avanço do "socialismo" no mundo.
Naqueles tempos, a Rússia de Stalin (URSS) ainda era tida como um socialista.
Hoje, a história posta em seu lugar, ficou evidente que Stalin instalou apenas um capitalismo de Estado na URSS. E seu governo foi fascista e sanguinário.
Mas naquele tempo, os capitalistas fizeram reformas tendentes a tornar o capitalismo mais "humano". kkkkkkkkkkkkk! Como se isto fosse possível!
O texto do professor Moreira tem agradado em cheio aos leitores deste blogue.
Devo lhe agradecer, André pelo fato de nos ter apresentado...
Espero que resolva rapidamente este embróglio com a internet... Argh!
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