sábado, 26 de novembro de 2011

Entre ilhas e peles...


“Dawson Ilha 10” (Dawson Isla 10), o aguardado filme de Miguel Littin, finalmente estreou (1) no dia 25 (sexta feira), e conta a história do golpe de 11 de setembro de 1973, quando o general Augusto Pinochet liderou a deposição do governo democrático do socialista Salvador Allende.
Naquela ocasião as autoridades depostas tornaram-se presos políticos dos militares, e foram levados para uma afastada ilha (Dawson), na Patagônia chilena, utilizada como campo de concentração da sanguinária ditadura chilena. Ali os prisioneiros foram submetidos a violentos interrogatórios, trabalhos forçados, torturas físicas e psicológicas. O que ocorreu em Dawson representa um momento histórico dos golpes militares financiados pelo imperialismo no continente, especialmente no chamado “Cone Sul” da América.
Queria muito ter visto este filme ontem, pois o aguardava com grande expectativa. No entanto, o fato de não ter assistido ainda à exibição de “A pele que habito” (La piel que habito) a última incursão de Pedro Almodóvar (2011), fez-me optar por esta realização pelo fato de estar por mais tempo em cartaz.
Do primeiro não posso falar por ainda não ter visto, porem do segundo, só posso tecer elogios... Os mais entusiasmados possíveis. Almodóvar provou mais uma vez a sua genialidade, tanto temática quanto visual num verdadeiro show de conhecimento da linguagem cinematográfica e da habilidade de transformar “tragédia em comédia”, tal e qual o fez em “Volver” (Volver), produção de 2006, para citar apenas um.
Baseado no romance "Tarantula" (publicado em 1995), do escritor francês Thierry Jonquet, o reaIizador espanhol aborda o tema da manipulação genética através de um eletrizante thriller de suspense e/ou terror marcado pelos sentimentos dominantes e mais intensos na sua obra: paixão, desejo e vingança, numa “viagem bichalouquérrima” e apoteótica das relações humanas, ao mesclar amor e ódio, criador e criatura em um extremo alucinatório.
A obra é de um crescendo surpreendente, com flashbacks inseridos em flashbacks e um final surpreendente! Tão surpreendente quanto a semelhança fisionômica entre Penélope Cruz e Elena Anaya, e com a presença marcante do --sempre excepcional-- Antonio Banderas, mais uma vez no elenco do diretor.
Um filme imperdível!

1. Pequeno detalhe: "Dawson Ilha 10"  foi lançado em apenas dois cinemas no Rio de Janeiro... E garanto que vai ficar apenas uma semana!

6 comentários:

Joelma disse...

O filme do Almodóvar é bom demaism e o mais interessante é mesmo a capacidade que ele tem tudo em objeto de comédia.
Como em Volver (que você citou) o cadáver no freezer. Aquilo é trágico, mas torna-se pura comédia.

Jonga Olivieri disse...

Sim é uma característica muito interessante de Almodóvar o seu humor, o seu sarcasmo. E sempre dosado com um suspensezinho, como o do freezer em “Volver”.
Em "De salto alto" (Tacones lejanos - 1991), o personagem principal, é apresentadora de telejornal e casada com um ex amante da mãe.
Muitos anos depois da mãe a ter abandonado ela reaparece em Madrí e o marido aparece morto. Ela afirma ser a autora do crime, mas as suspeitas recaem sobre a mãe, a quem ele pode estar protegendo. E por aí afora...

André Setaro disse...

Almodóvar é um talento. Na sua filmografia procede a uma releitura do melodrama com um acento de humor e do 'kitsch'. Em 'A pele que habito', tenta o 'thriller'. O seu cinema é um amálgama de suas obsessões de cinéfilo, mas corporificadas num estilo próprio, particular: o estilo almodovariano. Buffon disse, certa vez, que o estilo faz o homem.

Jonga Olivieri disse...

Almodóvar é um autor pela sua marca!

Anônimo disse...

Têem poucos diretores como Almodóvar nos dia atuais. Infelizmente!
L.P.

Jonga Olivieri disse...

São cada vez mais raros mesmo!