sábado, 19 de novembro de 2011

Os eventos e as novidades desta semana nos Estados Unidos e Europa


O Professor Jorge Moreira (Jorge Vital de Brito Moreira), cujo currículo resumido está na coluna ao lado, nos enviou este texto de "dentro da boca do lobo", ou seja diretamente dos Estados Unidos; o que nos proporciona uma visão "in loco" dos fatos.

Os eventos da semana demonstraram mais uma vez que a política do governo dos EUA tem sido não somente expandir a militarização externa (ocupação militar da maioria dos países), mas a militarização da sociedade estadunidense.
A militarização interna do país está a se expandir em uma escala sem precedentes como estão comprovando os participantes do movimento “Ocupar Wall Street” que foram presos e denunciaram o policiamento paramilitar e o uso excessivo da força contra eles. Ontem, por exemplo, 95 pessoas foram presas por estar protestando contra o Bank of America, em São Francisco.
Outros participantes que foram vítimas dos ataques policiais nas ruas e praças das cidades, denunciaram o novo militarismo urbano que os EUA estão empregando contra os trabalhadores, os estudantes, os representantes sindicais, etc. A militarização do país também se evidencia notavelmente pelo uso de armamento pesado (até tanques de guerra compareceram nas praças ocupadas para intimidar), pelo número assustador de militares fardados (de capacetes, máscaras, enormes cassetetes, revólveres, metralhadoras) e de centenas de bombas de gás lacrimogêneo e de gás pimenta para utilizar contra os participantes do movimento; além de dezenas de policiais montados nos cavalos, nas bicicletas, nas motos, nos carros e nos helicópteros.
Quanto à militarização externa, as noticias recentes reportaram abertamente que os Estados Unidos estabeleceram sua presença militar permanente em mais um continente: na Oceania, especificamente a Austrália.
Apesar da dura repressão contra o movimento “Ocupar Wall Street”, ontem e hoje se realizaram grandes demonstrações por todo o país como parte da celebração do início do terceiro mês das manifestações de protesto.
Alem de Nova York, houve manifestações nas cidades de Washington, Portland, Los Angeles, Pittisburg, Chicago, Houston, St. Louis, Denver, Oakland, Berkeley e muito mais, incluindo marchas, ações de desobediência civil em bancos, pontes, estradas, com dezenas de detenções.
Não sou vidente, mas quando Mary Kay Henry, a presidente do Sindicato Internacional de Empregados de Serviços, SEIU (que conta com a força de dois milhões de membros) anunciou na TV o apoio antecipado à candidatura de Obama por ele “estar apoiando” o movimento "Ocupar Wall Street" comecei a rir do cinismo da senhora Mary. Ao ver e ouvir as suas declarações na TV, lembrei-me imediatamente do meu texto “Tem Wall Street os dias contados?” que foi publicado aqui em “Novas Pensatas” que dizia: “No início, o Partido Democrata aparece como se estivesse apoiando as demandas do movimento, logo começa a atuar para esvaziá-las do seu conteúdo rebelde, finalmente trata de capitalizar os membros do movimento para votar a favor dos democratas nas eleições em turno” vejam no seguinte link:
http://novaspensatas.blogspot.com/2011/10/tem-wall-street-os-dias-contados.html
Honestamente, depois da cínica declaração de May Kay Henry, propondo a articulação do movimento “Ocupar Wall Street” a reeleição do governo de Barak Obama, fiquei com vontade de vomitar.
É aterrorizador, o cinismo e a manipulação dos defensores do governo Obama e do Partido Democrata.
A classe dominante internacional tem por costume aparecer diante dos grandes meios de informação (a mídia corporativa e corrupta) para fazer discursos enaltecedores dos seus países por serem “países democráticos”.
No entanto, quando as classes exploradas e oprimidas tomam consciência da sua desgraçada situação e decidem ir para as ruas e praças para protestar, lutando para defender os seus direitos humanos (emprego, salário, comida, saúde, educação e moradia) a burguesia dos EUA e da Europa não tem o mínimo reparo para abandonar o discurso “democrático” apelando para a utilização anti democratica das forças militares para reprimir a população indignada.
A propósito da “democracia capitalista” o censo dos EUA afirma que o número de crianças no país que vive na pobreza aumentou em um milhão no ano passado. Agora, quase um em cada três crianças, ou 32,3%, vive em domicílios considerados pobres.
Mas quando a repressão militar não consegue anular a resistência da classe trabalhadora, a classe dominante “hipócrita e cínica” não tem o menor escrúpulo para impor golpes de estado para continuar mantendo os seus privilégios absurdos.
Em poucas palavras: a classe dominante (a burguesia) gosta de falar de democracia no sistema capitalista (e aparenta ser democrática) quando esse modo de dominação continua favorecendo aos seus interesses; quando os trabalhadores tomam consciência da expropriação sistemática e vão para as ruas defender os seus interesses de classe, exigindo respeito e justiça aos seus direitos humanos (emprego, salário, assistência médica, educação, habitação) a classe dominante imediatamente abandona o discurso “liberal democrático” e faz uso das forças militares para recompor a ordem liberal burguesa ou para impor a ditadura capitalista.
Isso é precisamente o que acabamos de observar na denominada Europa “democrática”: o grande capital financeiro decidiu impor abertamente a sua ditadura através da utilização de tecnocratas não eleitos para assumir a direção do governo da Itália e da Grécia.
Sob o pretexto de que os dois países europeus continuam a lutar sem sucesso contra a crise da dívida crescente, o capital financeiro decidiu impor (aos partidos políticos submissos e ao povo despolitizado) o Comissário da União Européia, Mario Monti para substituir o primeiro ministro Silvio Berlusconi. Na Grécia eles conseguiram impor ao vice presidente do ex Banco Central Europeu, Lucas Papademos, como primeiro ministro, substituindo George Papandreou.
Apesar do golpe de estado, um grupo de manifestantes se reuniram em frente ao parlamento grego, acusando o novo governo de trabalhar para os interesses dos banqueiros.
Por seu lado, os inspetores do Fundo Monetário Internacional, do Banco Central Europeu e da União Européia começaram a chegar a Atenas para adotar medidas radicais de austeridade contra as populações trabalhadora e média.
Em Roma, as notícias falam que o povo (com toda justiça) cantou, dançou e bebeu garrafas de champanhe no sábado após a renúncia de Berlusconi.
Mas muitos italianos levantam o seguinte problema: se o governo Berlusconi representou o que existe de pior para a situação social e econômica das classes trabalhadoras da Itália, o novo governo, imposto pelo grande capital financeiro, será ainda pior que o de Berlusconi, dado que Mario Monti não terá de prestar contas ao povo italiano.
Se existir alguma prestação das contas será por exigência e privilégio das gigantescas corporações financeiras que o colocaram como chefe de estado. Acredito que o mesmo raciocínio é valido para a situação política do povo grego.
E as noticias de hoje nos informam que houve um aumento e intensificação dos movimentos de protesto na Grécia e na Itália diante da ditadura do capital financeiro.
Dado o anterior, sigo pensando que a solução definitiva (para resolver os problemas sócio econômicos culturais da grande maioria dos seres humanos que habita este planeta) exige dos trabalhadores a mudança e a superação do modo de produção capitalista e sua sociedade burguesa. 

NOTA IMPORTANTE: Por algum motivo (para mim desconhecido), não estou a conseguir habilitar o link existente nesta postagem à internet da forma habitual. Como desconheço outra forma de fazê-lo, peço desculpas aos meus leitores, mas eles terão que, pelo menos por enquanto, copiar e colar o link acima  na barra de acesso em seus navegadores. E embora não acessem direto à internet, de qualquer maneira o destaquei em amarelo para que fique fácil de visualizar.

6 comentários:

Jonga Olivieri disse...

Parabens, caro Professor Jorge Moreira. A sua colaboração só faz enriquecer esta publicação.
Suas análises são a síntese do pensamento Materilaista Histórico, vulgarmente chamado de "Marxismo" (denominação que evito, pois o próprio Karl Marx a rejeitou).
E a sua vivência "dentro da boca do lobo", como me expressei, é rica pelo fato de, estando dentro a sua observação é mais intensa e vivida.
Obrigado professor, por estar nos trazendo esta sua visão muito enriquecedora!

Jonga Olivieri disse...

Corrigindo: "(...) do pensamento Materialista Histórico..."

Mário disse...

Excelente a análise do professor Joege Moreira.
E como você diz, o fato dele estar lá nos EUA nos trás uma visão mais informative e atual da situação em Wall Street.
Mais uma vez e apesar de você nunca responder meus parabéns professor!

Joelma disse...

Grandes revelações, Professor Moreira.
Principalmente no caso da militarização dos Estados Unidos como sociedade como um todo.
Dá para sentir nas imagens que vemos a "glorificação" das Forças Armadas.
E nos filmes? Nem se fala! Há uma violencia excessiva e BRUTAL!
Quer pior do que os 'Duros de Matar' 1,2,3 e 4.0?
E o Win Diesel (é assim que se escreve?)? Meu Deus! A sociedade americana cheira a sangue em nosso dias.
Sou do tempo em que ainda havia algo de ingênuo no ar, no cinema hollywoodiano, na música, enfim na cultura.

Jonga Olivieri disse...

É isso aí, quem está presente vive de outra forma as situações!

Jonga Olivieri disse...

Você usou a palavra certa: BRUTAL define a sociedade ianque de hoje!
Quanto à ingenuidade na cultura estadunidense ela terminou com a Guerra da Coréia. Costumo dizer que a II Grande Guerra foi a "última guerra justa". Mas, no caso as aspas são para por em dúvida esta "justeza". Foi uma guerra capitalista como todas as demais. Mas pelo menos combatia-se o fascismo e dava a impressão de ser "justa".
E esse tal de Vin Diesel (com vê) é asqueroso, insuportavelmente fascista... Esteve no Brasil filmando.