domingo, 2 de setembro de 2012

Pensatas de domingo. A bola da vez


O presidente da Comissão de Assuntos Internacionais do Parlamento russo, Alexey Pushkov alertou que o deslocamento do sistema de mísseis de defesa dos EUA no Golfo Persa é sinal de que pode estar em preparação um ataque militar ao Irã. Peshkov é um político influente, próximo do Kremlin, com acesso à inteligência russa merece certa atenção.

De fato, houve outros alertas desse tipo, no nível da ”segurança” em Moscou. O comandante geral do exército russo, general Nikolay Makarov, disse recentemente que, em sua avaliação, é possível um ataque militar dos EUA ainda nesse próximo verão.
O alerta de Pushkov faz sentido, dado que o sistema de mísseis antibalísticos visa a neutralizar a capacidade do Irã para retaliar. Pushkov associou seu comentário à decisão, dos alemães, de vender seis submarinos classe Dolphin a Israel, que descreveu como abominável, porque amplia a capacidade de Israel montar ataque pelo mar.

Estarão os EUA lançando uma campanha de “guerra psicológica”, pensando em amolecer a posição do Irã, ou então, será que o governo Obama concluiu que nada sairá daquelas conversas?
Talvez, possa vir a ser a “explicação mãe” de todas as explicações, Obama quer apenas que os sauditas não parem de bombear petróleo extra, a fim de manter baixos os preços do combustível até as eleições, para impedir que os consumidores respondam à carestia, nas urnas.

Fato é que o caminho da paz é arriscado para Obama, porque, para ser bem sucedido nas negociações, é preciso que os EUA sejam flexíveis, assim como se espera que Teerã faça concessões. Enquanto isso, resta pouco espaço de manobra para Obama. E, por outro lado, a atitude politicamente mais segura para ele será mostrar-se “O Super Falcão”, em relação ao Irã.
O mais recente vazamento pelos jornais, sobre a “abertura” de Obama ao Irã visa, provavelmente, a abrir caminho para que, adiante, Obama diga que estava preparado para avançar em negociações, mas a teimosia e a intransigência de Teerã frustraram seus esforços pela paz. Por essa via, aliás, não é difícil forçar um pouco mais e justificar um cada vez mais evidente ataque militar.

Os EUA, obviamente, estão investindo todas as esperanças na ideia de que a “bola da vez” (como a anterior) receberá, sem reagir, aos golpes dos EUA/Israel. Nada menos garantido. Claro que os EUA têm vasta superioridade sobre o Irã. Vide o show de “choque e pavor” nas telas das redes de TV em todo o mundo, impressionando o público estadunidense, que passa a ver o seu “Comandante em Chefe” como um homem durão.
Mas... e depois? Dentre as respostas “assimétricas” do Irã, com certeza este se retirará do “Tratado de Não Proliferação Nuclear”. E que opções restarão a Obama e seus aliados sionistas? Continuar bombardeando o Irã? De quanto em quanto tempo?

4 comentários:

Nun'Alvares disse...

Tenho que deixar registado o facto de que acordei às seis horas deste primeiro domingo de Setembro e logo que comecei o meu passeio matinal pelas vias da internet deparei-me com esta excelente análise de um conflicto, que, creio estar à beira de suceder-se.

É inevitável pelo que se tem ouvido e lido que aconteça mesmo. Os Israelitas estão a anunciar isto acobertados pela Sra. Clinton de forma aberta. Seria interessante acrescer que os seis submarinos da Classe Dolphin foram vendidos pela Alemanha para Israel a preços de custo em Junho passado.

A nós, resta-nos aguardar os acontecimentos, os portugueses bem mais próximos ao cenário do que virá por aí. E que tememos!

Jonga Olivieri disse...

Ó pá, lembrastes-me que aí trocam israelenses por israelitas e vice-versa...

Anônimo disse...

Quando vejos as pessoas envolvidas a questão, quase concluo que a Gurra Fria não terminou jamais.
L.P.

Joelma disse...

O Luis tem toda razão: os nomes podem até ter mudado, mas a disputa Rússia x EUA continua.
E a situação do Irã, da Síria e outras são decorrência desta velha richa.
Até Israel já estava embolado neste 'mix' nos anos 60.