quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Falando de Venezuela...


Enquanto a imprensa burguesa critica Chávez, os fatos demonstram o outro lado da moeda: em 1998, quando assumiu o poder, havia 1.628 médicos para uma população de 23,4 milhões. Dez anos mais tarde, chegavam a cerca de 20.000 médicos para uma população de então 27 milhões.
Os gastos sociais subiram de 8,2% do PIB, em 1998, para quase 14%. “Se comparamos a taxa de pobreza pré-Chávez (43,9%) com a registrada dez anos depois (27,5%), chegamos a uma queda de 37% no número de venezuelanos pobres”, afirma o estudo. E o índice de desemprego, que era de 19% em 1998, caiu pela metade.

E a disputa entre os campos chavista e antichavista se intensifica na medida em que o país se torna socialmente mais homogêneo, alcançando o topo do ranking sul americano de distribuição da renda. O ponto nevrálgico da tensão é que os proprietários dos meios de produção estão deixando rapidamente de ser os donos do poder político, o que provoca forte reação dos extratos mais altos e seu entorno”. A renda média dos 20% mais ricos não foi afetada, e nem o seu estilo de vida, mas eles percebem que não detém mais o comando sobre o Estado e a sociedade.
Nos setores mais pobres, atendidos por um amplo repertório de políticas sociais, o comportamento é ditado por motivações que extrapolam conquistas ou expectativas econômicas. A combustão dessas camadas, tendo na melhoria de vida seu pano de fundo, determina-se também pelo esforço do presidente em travar permanentemente batalhas por ideias e valores.

Desde o início de seu governo, mas de forma mais ampla depois da tentativa do golpe de Estado em 2002, Chávez tratou de ocupar o máximo de espaço nos meios de comunicação. Seu discurso é voltado, quase sempre, para identificar cada movimento de seu governo como parte de um processo revolucionário, ao mesmo tempo em que fermenta entre seus seguidores um sentimento de repulsa aos adversários das mudanças em curso.
A princípio, o fio condutor da pedagogia chavista foi o resgate da história – e do pensamento –  de Simón Bolívar, o patriarca da independência venezuelana e chefe político militar da guerra anticolonial contra os espanhóis no século XIX. Por esse caminho, Chávez imprimiu ao seu projeto forte marca nacionalista, que contrapôs aos senhores coloniais (Estados Unidos) e seus aliados internos representados pela elite local.

A oposição, animada pela predominância nos meios de comunicação, colocou suas fichas no enfrentamento aberto. Além das reservas midiáticas, sempre contabilizou a seu favor forças econômicas e relações internacionais para mobilizar as camadas médias contra o governo. Mesmo após o golpe de 2002, no auge da polarização, os partidos antichavistas deram continuidade a uma estratégia de colisão.
Mas ambos os lados atualmente têm que levar em conta um novo fenômeno. Mais de 30% da população trocou de extrato social. Migraram dos segmentos mais pobres para a classe média. E o campo opositor se vê obrigado a reconhecer certos avanços no terreno social, ao contrário da política de “rechaço absoluto” anteriormente praticada. Tanto que a campanha de Capriles promete preservar as “missões” sociais.
Para os governistas também surgem novas questões. O problema do processo é disputar corações e mentes desse novo contingente de classe média. As pesquisas diversas apontam que emergiu, nos últimos anos, um grupo sem alinhamento, tanto com Chávez, como com seus adversários. A maioria de seus integrantes deste setor é oriundo dessas camadas ascendentes.

O presidente vem beirando, nas pesquisas mais confiáveis, os 60% de intenção eleitoral para o pleito de outubro, abrindo vantagem de 15% a 30% contra seu oponente. O candidato oposicionista, representante de uma aliança formada por grandes empresários precisa convencer que é capaz de absorver ao menos parte das medidas que, desde 1999, favoreceram os 80% de eleitores que não estão nas classes mais privilegiadas da sociedade.

O programa de governo desta oposição não ajuda muito. Mesmo tendo abrandado suas críticas às políticas sociais do presidente, o ímpeto privativista está presente... E com força. Não apenas fala em reduzir o Estado, reverter nacionalizações ou tirar a PDVSA do controle estatal, mas defende explicitamente que as terras desapropriadas dos grandes latifundiários voltem às mãos dos antigos donos. “Primeiro, precisamos acabar com as expropriações, devemos trazer a segurança ao campo, dar confiança a partir do governo”, afirmou Capriles em recente coletiva de imprensa.

Qualquer que seja o resultado, no entanto, a administração de Hugo Chávez terá conseguido um feito que merece análise apurada de cientistas políticos. Ao contrário do que acontece na maioria dos países, nos quais o marketing “domesticou a política” e oculta a disputa de ideias, na Venezuela, sequer as necessidades eleitorais diluem a batalha frontal entre programas.


9 comentários:

Joelma disse...

Uma injustiça. Ridicularizam-no como a um palhaço. Fico 'puta da vida' com isso.

Joelma disse...

Aliás, gostei da foto que você postou.
Deve ter sido difícil encontrar uma tão legal dele. Propositadamente só publiam fotos para ridicularizar a sua imagem.
Como também fazem com Ahmadinejad.

Anônimo disse...

Joelma tem toda razão. A imagem que você escolheu do Cháves é a de um homem normal. Coisa rara na imprensa brasileira e provavelmente na de outros países-colônias dos Estados Unidos como nós infelizmente o somos.
E idem com Ahmadinejad. Sempre põem uma fotos dele parecendo um louco!
É propaganda subliminar!
L.P.

Misael de Silva Costa disse...

Concordo plenamente quanto à foto!
E torçamos para que Hugo Chávez consiga se reeleger e continuar a sua tarefa histórica de emancipação e independêncisa da América Latina.

André Setaro disse...

Opinião pessoal: não gosto de Hugo Chavez!

Jonga Olivieri disse...

André, a propaganda contra Hugo Chávez é muito eficiente. Uma verdadeira "lavagem cerebral".
Acabei de comprovar isto no "Bom dia Brasil"...
A imprensa burguesa participa da luta de classes "bonitinho".

Joelma disse...

André Setaro. Mais uma vítima da 'Propaganda' anti-Chávez!

André Setaro disse...

É verdade o que você disse em mensagem: a imprensa procura as piores fotos, os piores ângulos, quando se trata de colocar imagens de Chávez.

Jonga Olivieri disse...

Trata-se de uma campanha difamatória porque Chávez fez, Chávez faz e Chávez fará se deixafem ele continuar...