Segundo o conceituado professor André Setaro: “Dossiê Jango,
de Paulo Henrique Fontenelle põe em dúvida a morte de
João Goulart e aponta para a
hipótese de envenenamento por troca de remédios no âmbito da Operação Condor. O filme pode ser
considerado um quase manifesto pela necessidade de se investigar, agora, as
causas da morte do presidente que foi vítima do golpe de 1964.”
Dossiê Jango foi premiado
em Florianópolis, e já havia ganho antes os prêmios de melhor filme pelo voto
popular nos Festivais do Rio e
de Tiradentes e o de melhor
investigação no DocAtlantico no Uruguai.
O filme retrata os dias conturbados da
deposição de João Goulart e seu consequente exílio no Uruguai, culminando com
sua morte em circunstâncias bastante suspeitas. Na época, estava a toda força a
Operação
Condor, uma aliança entre as ditaduras militares do Cone Sul que permitia que os agentes de
um país se infiltrassem em outros para perseguir militantes e políticos – o
ex-ministro da Defesa do Chile, Orlando Letelier, por exemplo, foi morto num
atentado em Washington.
Oficialmente, a causa mortis de Jango foi ataque cardíaco. Mas, por mais que ele
sofresse de problemas cardíacos, há coisas inexplicáveis, como a falta de uma
autópsia, os relatos de várias fontes de que ele era um alvo e o fato de ele e
outros dois políticos importantes – Juscelino Kubitschek e Carlos Lacerda(1) –
terem morrido em circunstâncias suspeitas num curto espaço de nove meses. É
preciso investigar, como defende o filme. Afinal, trata-se de um presidente da
República, e até a Argentina, onde Jango morreu, abriu investigação sobre sua
morte.
O diretor Paulo Henrique
Fontenelle, revelou que a ideia do filme é “fazer uma revisita do período em
que o ex-presidente João Goulart (1919-1976) viveu no exílio, abordando as
suspeitas relacionadas à sua morte, na Argentina, incluindo hipóteses de
assassinato.”
Os bastidores da vida de Jango são
narrados com tintas de teoria conspiratória. “... O corpo de Jango foi
enterrado imediatamente. Todo seu trajeto até o túmulo foi acompanhado pelo SNI.
Os oficiais que permitiram a entrada do corpo em território brasileiro foram
todos punidos. E quem assinou sua certidão de óbito foi um pediatra.”
Fontenelle tambem ressalta que “falando
da América Latina, tentamos trazer à tona uma outra versão que contesta a ‘História
Oficial’ no continente". A presença marcante do embaixador estadunidense,
Lincoln Gordon e o deslocamento da marinha dos EUA em direção ao Brasil às vésperas
do golpe de estado demonstram o quanto o império lutava para que o Brasil não
escapasse de um fiel e submisso alinhamento à sua política.
E Jango, que longe de ser comunista, conforme afirmava a propaganda imperialista, era sim, uma liderança da burguesia nacional em busca de uma política externa independente (visando novos mercados) e reformas sociais internas, que alcançassem uma melhoria das condições de vida da população, tendo como meta uma consolidação do consumo para a classe burguesa brasileira.
E Jango, que longe de ser comunista, conforme afirmava a propaganda imperialista, era sim, uma liderança da burguesia nacional em busca de uma política externa independente (visando novos mercados) e reformas sociais internas, que alcançassem uma melhoria das condições de vida da população, tendo como meta uma consolidação do consumo para a classe burguesa brasileira.
A produção teve acesso a
documentos inéditos da polícia uruguaia que reforçam a versão do ex-agente do
serviço de inteligência do Uruguai Mario Neira Barreiro. Preso no Rio Grande do
Sul, Barreiro entregou detalhes da operação do assassinato de Jango.
Alem disso, foram reunidos depoimentos do seu
filho, João Vicente, de sua viúva, Maria Thereza, e mais alguns intelectuais e políticos do
porte de Luiz Alberto Moniz Bandeira, Carlos Heitor Cony, Flávio Tavares,
Ferreira Gullar, Geneton Moraes Neto, Miro Teixeira e Waldir Pires para montar
o puzzle sobre a trajetória política de
João Goulart.
1. Os três políticos,
apesar de não concordarem plenamente quanto aos objetivos, até por suas
posições políticas opostas, formaram a Frente Ampla, em oposição à ditadura
militar, alias, objeto de análise no filme.
5 comentários:
Já queria ver e vou assistirr este filme aindas hoje. Mas, absurdo dos absurdos, stá num cinema só aqui no Rio!
Um filme imperdível! Irei ainda hoje!
Tavim
Genial este filme!
E hoje mesmo ouvi no rádio que a investigação sobre a morte de João Goulart está em franco andamento!
Vi em sessão especial e recomendo: trata-se de um documentário que manifesta a importância de se investigar melhor a morte de Jango.
Coisa que está sendo feita!
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