quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Dilma... The revenge



A presidente Dilma Rousseff usou a tribuna da 68ª Assembleia-geral da ONU para protestar abertamente contra a política de espionagem americana contra países amigos, como foi o caso do Brasil. Para ela, a denúncia de que o alto escalão do governo brasileiro era monitorado pela Agência de Segurança Nacional estadunidense (CIA) é “inadmissível” e reflete “um caso grave de violação de direitos humanos e das liberdades civis”.
 
A presidente foi a primeira chefe de Estado a tomar a palavra no púlpito da ONU, em Nova Iorque, na abertura da Assembléia Geral da organização. Após pouco mais de um minuto de introdução, Dilma iniciou uma dura condenação às denúncias de espionagem realizada pelo governo dos EUA. “O argumento segundo o qual as escutas ilegais visam a proteger os países do terrorismo não se sustenta”, declarou. "Imiscuir-se dessa forma na vida de outros países fere o direito internacional e afronta os princípios que devem reger as relações entre elas, sobretudo entre nações amigas".
Dilma destacou que o monitoramento das conversas do governo e das empresas brasileiras é um “desrespeito à soberania nacional”, e observou que o Brasil “sabe de proteger”. "Jamais pode uma soberania firmar-se em detrimento de outra. Jamais pode o direito à segurança dos cidadãos de um país ser garantido mediante a violação de direitos humanos fundamentais dos cidadãos de outro país", afirmou, sempre em tom sério, sobre o tema que ocupou quase a metade dos seus 22 minutos de discurso. “O Brasil, senhor presidente (da Assembléia Geral), sabe se proteger. Repudia, combate e não dá abrigo a grupos terroristas", destacou.
 
A presidente lembrou que pediu explicações e desculpas das autoridades estadunidenses sobre o caso. O presidente Barack Obama, que sucedeu Dilma no púlpito, não estava presente no momento do discurso da brasileira. Em sua fala, durante cerca de 40 minutos, Obama comentou todos os grandes conflitos mundiais, porém não mencionou diretamente o assunto da espionagem. Ele apenas reafirmou que, devido às medidas de segurança adotadas pelos Estados Unidos, “o mundo está mais estável atualmente do que cinco anos atrás”.
Em consequência às denúncias, o governo brasileiro anulou, na semana passada, a visita de Estado que Dilma faria a Washington em outubro, ao não receber satisfações consideradas suficientes sobre o tema. Em Nova York, a presidente ainda declarou que o Brasil vai intensificar os mecanismos e a legislação de proteção contra a espionagem e propor à ONU um “marco civil multilateral para a governança na internet”, para evitar que “o espaço cibernético seja instrumento de guerra”.

No restante do seu discurso, a presidente abordou o conflito sírio, defendendo mais uma vez uma solução diplomática, e não militar, ao confronto entre o regime do presidente Bashar al-Assad e a oposição. Ela saudou o acordo obtido entre os Estados Unidos e a Rússia para que o presidente sírio entregue o seu arsenal químico, considerado “decisivo” para o fim do conflito.
Dilma criticou, entretanto, a iniciativa dos Estados Unidos e da França de planejar uma intervenção militar no país, sem o aval do Conselho de Segurança da ONU. "O abandono do multilateralismo é o prenúncio de guerras", afirmou.
A presidente ainda clamou pela criação de um Estado “independente e soberano” para os palestinos, pela reforma do Fundo Monetário Internacional e do Conselho de Segurança da ONU, que segundo ela sofrem de “déficit de representatividade e legitimidade” diante da emergência de novos países na governança global.


2 comentários:

Misael disse...

Tem que partir 'pro pau' mesmo!

Joelma disse...

Valeu!