terça-feira, 7 de março de 2017

8 de março. O Dia Internacional da Mulher e a Revolução

Celia Sanches e “Che” Guevara

A opressão às mulheres se insere na história da luta de classes e possui bases materiais. Em 1884, o filósofo alemão Friedrich Engels afirmou, através do seu livro “A origem da família, da propriedade privada e do Estado”, que a opressão à mulher tem uma origem, ou seja, que não existiu sempre, baseado nos estudos de seu companheiro revolucionário Karl Marx.

Segundo Engels, a organização social tinha por objetivo, na sociedade sem classes e sem Estado, garantir a existência dos membros do grupo. O desenvolvimento dos meios de produção era completamente associado à aquisição de alimentos e reprodução da vida. Ambas estas tarefas eram vitais ao grupo social. Suas aquisições e produções eram propriedade de todos os membros do grupo, sendo assim “propriedade comum”.

Engels aponta neste livro que a primeira divisão social do trabalho, o pastoreio, gerou a primeira fragmentação da sociedade em classes. A criação de animais permitiu a maior produção de alimentos, maiores quantidades de carne, leite, lãs e peles, que gerou o acúmulo de um “excedente” na produção. O trabalho humano produziu além do necessário à existência, isso permitiu pela primeira vez a troca regular de produtos e, ao mesmo tempo, exigiu uma soma maior de trabalho diário que foi suprida através da escravidão dos prisioneiros das guerras intertribais. Nasce então a relação entre senhores e escravos, entre exploradores e explorados.

Essa transformação material, o advento da propriedade privada, levou a transformações sociais profundas e a antagonismos nas relações que antes se davam sem uma hierarquia de valores. O homem acumulou riquezas e poder, elevando a sua posição nos âmbitos sociais de produção da vida a um status “superior”, enquanto a vida das mulheres ficou relegada aos âmbitos privados e ao trabalho doméstico subvalorizado. Estamos então diante do patriarcado, a forma de opressão e confinamento das mulheres em relação aos homens e a garantia da herança paternal aos descendentes do homem, enquanto chefe do clã; fato que, aliás, não poderia provar caso as mulheres estivessem soltas.

O surgimento do capitalismo não só aumentou a exploração e a opressão que o antecediam, também aprofundou os antagonismos ao reforçar o embate entre duas classes fundamentais, a burguesia e a classe operária. Isso faz com que se atualize a análise de Marx, de que a luta de classes é o motor da história. Mas, também, o capitalismo permitiu o desenvolvimento da tecnologia e aprofundou a capacidade humana para produzir fontes de existência. A própria inserção das mulheres em seu sistema gerou uma contradição fundamental, permitiu um espaço social que serve à resistência contra a opressão que sofrem. O surgimento do feminismo como movimento social e corrente teórica comprovam isso.

Para as mulheres marxistas revolucionárias, a luta pela sua emancipação é indissociável da luta pela emancipação das classes exploradas contra o jugo e a miséria impostos pela  burguesia. Não será uma estratégia feminista, restritas ao mote "de mulheres para mulheres" e sem recorte de classe, a saída para derrotar o patriarcado que as sufoca, as embrutece, as prende à cozinha e as imerge nos postos de trabalho mais subvalorizados. As mulheres devem se apropriar dos espaços políticos e de organização, junto à sua classe, para serem personagens centrais da revolução, junto a todos os oprimidos, e para a construção de uma alternativa que golpeie de morte o capitalismo.
  

 

Um comentário:

joelma disse...

Indiscutivelmente muito bom ler uma análise marxista sobre este dia que, como diria Marcuse, a sociedade de consumo consumiu! Parabens"