Celia Sanches e “Che” Guevara |
A opressão às mulheres
se insere na história da luta de classes e possui bases materiais. Em 1884, o filósofo
alemão Friedrich Engels afirmou, através do seu livro “A origem da família,
da propriedade privada e do Estado”, que a opressão à mulher tem uma
origem, ou seja, que não existiu sempre, baseado nos estudos de seu companheiro
revolucionário Karl Marx.
Segundo Engels, a organização
social tinha por objetivo, na sociedade sem classes e sem Estado, garantir a
existência dos membros do grupo. O desenvolvimento dos meios de produção era
completamente associado à aquisição de alimentos e reprodução da vida. Ambas
estas tarefas eram vitais ao grupo social. Suas aquisições e produções eram
propriedade de todos os membros do grupo, sendo assim “propriedade comum”.
Engels aponta neste livro que a
primeira divisão social do trabalho, o pastoreio,
gerou a primeira fragmentação da sociedade em classes. A criação de animais
permitiu a maior produção de alimentos, maiores quantidades de carne, leite,
lãs e peles, que gerou o acúmulo de um “excedente” na produção. O trabalho
humano produziu além do necessário à existência, isso permitiu pela primeira
vez a troca regular de produtos e, ao mesmo tempo, exigiu uma soma maior de trabalho
diário que foi suprida através da escravidão dos prisioneiros das guerras
intertribais. Nasce então a relação entre senhores e escravos, entre
exploradores e explorados.
Essa transformação material, o
advento da propriedade privada, levou a transformações sociais profundas e a
antagonismos nas relações que antes se davam sem uma hierarquia de valores. O
homem acumulou riquezas e poder, elevando a sua posição nos âmbitos sociais de
produção da vida a um status
“superior”, enquanto a vida das mulheres ficou relegada aos âmbitos privados e ao
trabalho doméstico subvalorizado. Estamos então diante do patriarcado, a forma
de opressão e confinamento das mulheres em relação aos homens e a garantia da
herança paternal aos descendentes do homem, enquanto chefe do clã; fato que,
aliás, não poderia provar caso as mulheres estivessem soltas.
O surgimento do
capitalismo não só aumentou a exploração e a opressão que o antecediam, também
aprofundou os antagonismos ao reforçar o embate entre duas classes
fundamentais, a burguesia e a classe operária. Isso faz com que se atualize a
análise de Marx, de que a luta de classes é o motor da história. Mas, também, o
capitalismo permitiu o desenvolvimento da tecnologia e aprofundou a capacidade
humana para produzir fontes de existência. A própria inserção das mulheres em
seu sistema gerou uma contradição fundamental, permitiu um espaço social que
serve à resistência contra a opressão que sofrem. O surgimento do feminismo
como movimento social e corrente teórica comprovam isso.
Para as mulheres
marxistas revolucionárias, a luta pela sua emancipação é indissociável da luta
pela emancipação das classes exploradas contra o jugo e a miséria impostos pela
burguesia. Não será uma estratégia
feminista, restritas ao mote "de mulheres para mulheres" e sem
recorte de classe, a saída para derrotar o patriarcado que as sufoca, as embrutece,
as prende à cozinha e as imerge nos postos de trabalho mais subvalorizados. As
mulheres devem se apropriar dos espaços políticos e de organização, junto à sua
classe, para serem personagens centrais da revolução, junto a todos os
oprimidos, e para a construção de uma alternativa que golpeie de morte o
capitalismo.
Um comentário:
Indiscutivelmente muito bom ler uma análise marxista sobre este dia que, como diria Marcuse, a sociedade de consumo consumiu! Parabens"
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