Escrevi um texto sobre o assunto. O Gustavo, meu filho, leu, gostou do tema e resolveu reescrevê-lo à sua maneira. É um trabalho a quatro mãos. Este artigo foi postado no “Pensatas” em fevereiro de 2007. Aproveito para republicá-lo agora que as eleições estadunidenses puseram o termo “americano” na crista da onda.
A confusão começou no século XIX, quando os estrangeiros que iam para os Estados Unidos se referiam àquele país como “América”. Convém lembrar que também se dizia que vinham para a América quando vinham para a Argentina, para o Chile, para a Venezuela, para o Brasil, dentre outros países deste continente.
O país setentrional apropriou-se da carapuça, que, contudo, não define somente americanos de origem inglesa. Agravante recente do equívoco já difundido foi o infeliz advento de novela de emissora sul-americana (1). Pois, afinal, qual a extensão da terra chamada América? E quem é americano? Não é todo aquele que nasceu no continente alcançado por Colombo?
Todos os que nascem neste continente somos americanos.
Qual é a disputa de identidade entre o europeu do norte e o europeu do sul? Não são europeus tanto os dinamarqueses quanto os espanhóis, os gregos e os tchecos? E não são asiáticos tanto os indianos quanto os chineses, os japoneses e os mongóis? Todos os europeus são europeus. Todos os asiáticos, asiáticos. Todos os americanos, sejam ingleses, sejamos românicos, somos americanos.
Os espanhóis referem-se aos cidadãos dos Estados Unidos pelo termo “estadunidense”. Os próprios idealistas da identidade ianque buscam na palavra ianque o entendimento de o que é ser ianque. O termo é originado do francês falado pelos nativos do território das treze colônias inglesas, desde o tempo da disputa do território: “les anglaises” deu origem à palavra ianque. Não deveria ser motivo de orgulho dos cidadãos dos Estados Unidos reconhecerem suas origens?
Por que não dar nomes certos aos bois? Não há problema em sermos todos americanos. Contudo, grande parte dos americanos, mesmo nos Estados Unidos, não são ingleses. Isso é a América, não somente no norte, mas também no sul: somos europeus, ingleses, portugueses, espanhóis, somos africanos trazidos pra cá, somos até mesmo remanescentes de indígenas nativos.
Que este manifesto sirva para a conscientização da identidade de todos os que nascemos neste continente.
Tenham os estado-unidenses orgulho de serem yankees, afro-americans ou mesmo (native) americans, e tenhamos nós, portugueses, ou afro-americanos, ou mesmo americanos (nativos), espanhóis, andinos, astecas e ilhéus, de sermos todos chamados pelo nome de quem nasceu na terra que nos deu lugar para vivermos. Tenhamos orgulho de ser americanos.
(1) Este texto foi escrito à época em que estava no ar a novela “América”.
A confusão começou no século XIX, quando os estrangeiros que iam para os Estados Unidos se referiam àquele país como “América”. Convém lembrar que também se dizia que vinham para a América quando vinham para a Argentina, para o Chile, para a Venezuela, para o Brasil, dentre outros países deste continente.
O país setentrional apropriou-se da carapuça, que, contudo, não define somente americanos de origem inglesa. Agravante recente do equívoco já difundido foi o infeliz advento de novela de emissora sul-americana (1). Pois, afinal, qual a extensão da terra chamada América? E quem é americano? Não é todo aquele que nasceu no continente alcançado por Colombo?
Todos os que nascem neste continente somos americanos.
Qual é a disputa de identidade entre o europeu do norte e o europeu do sul? Não são europeus tanto os dinamarqueses quanto os espanhóis, os gregos e os tchecos? E não são asiáticos tanto os indianos quanto os chineses, os japoneses e os mongóis? Todos os europeus são europeus. Todos os asiáticos, asiáticos. Todos os americanos, sejam ingleses, sejamos românicos, somos americanos.
Os espanhóis referem-se aos cidadãos dos Estados Unidos pelo termo “estadunidense”. Os próprios idealistas da identidade ianque buscam na palavra ianque o entendimento de o que é ser ianque. O termo é originado do francês falado pelos nativos do território das treze colônias inglesas, desde o tempo da disputa do território: “les anglaises” deu origem à palavra ianque. Não deveria ser motivo de orgulho dos cidadãos dos Estados Unidos reconhecerem suas origens?
Por que não dar nomes certos aos bois? Não há problema em sermos todos americanos. Contudo, grande parte dos americanos, mesmo nos Estados Unidos, não são ingleses. Isso é a América, não somente no norte, mas também no sul: somos europeus, ingleses, portugueses, espanhóis, somos africanos trazidos pra cá, somos até mesmo remanescentes de indígenas nativos.
Que este manifesto sirva para a conscientização da identidade de todos os que nascemos neste continente.
Tenham os estado-unidenses orgulho de serem yankees, afro-americans ou mesmo (native) americans, e tenhamos nós, portugueses, ou afro-americanos, ou mesmo americanos (nativos), espanhóis, andinos, astecas e ilhéus, de sermos todos chamados pelo nome de quem nasceu na terra que nos deu lugar para vivermos. Tenhamos orgulho de ser americanos.
(1) Este texto foi escrito à época em que estava no ar a novela “América”.
8 comentários:
Concordo em genero, número e grau contigo... e com o teu filho, claro.
Acho que se devia fazer uma campanha junto à mídia, principalemte a mídia para começarem a usar "estadunidense" ao invés de "americano".
Seria uma forma eficiente de mudar.
Já tinha lido esta sua matéria (e do Gustavo) no antigo blog.
Mas é engraçado que a coisa está tão enraizada na gente que eu não consigo falar estadunidense. Quando lembro já saiu americano mesmo. Mas voce tem toda razaõ.
Jonga. Isso tem que ser divulgado mesmo. Sempre achei horrível esse negócio de meus pais por exemplo dizerem que fulano foi a Am´erica. pelo menos na geração deles isso é meio comum. A nossa pelo menos fala que fulano foi aos Estados Unidos. Mas vale a pena você que é publicitário pensar em fazer uma campanha com a imprensa sobre isso.
Otávio
Engraçado JR, mas na ínguagem falada, às vezes eu também falo americano ao invés de estadunidense. Isto porque culturalmente já está muito cristalizada a expressão, que é completamente absurda para nós. Mas...
É, a geração mais velha fala foi à América com a maior das caras de pau.
Quanto a jornalista, já pensei em divulgar alguma campanha vi web mesmo.
Um dia eu animo e faço.
Você tem uma teorias muito interessantes.
E acho que merece ser divulgada mesmo.
Vou pensar no assunto Mary... vou pensar seriamente nisto.
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