segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Obama. Dream or nightmare?

Assisti, ao vivo e em preto e branco à evolução das lutas sociais dos negros por terras estadunidenses. Sem trocadilhos, naquela época não existia televisão a cores, e os jornais de cinema também não eram coloridos.
Um amigo meu, uma vez me contou um caso que aconteceu com ele no início da década de 60, quando fazia seu mestrado no estado de Illinois, e, em determinada ocasião resolveu pegar um ônibus e passar um desses feriados prolongados em algum lugar do sul. Viagem longa... estava dormindo à noite quando foi despertado pelo motorista. Sonolento ouviu o gajo a lhe pedir que fosse para uma cadeira na frente do veículo. Meio sem compreender nada, virou para o outro lado e tentou continuar o seu sono. O sujeito não saiu do seu lado. Depois de algum tempo o motorista explicou-lhe que estavam entrando em Mississipi, e que naquele estado as leis proibiam negros de andar nos coletivos em lugares à frente dos brancos. Resumo da ópera: após alguns minutos de discussão, foi obrigado a trocar de poltrona com o referido negro.
Para nós este caso parece absurdo, mas por aquelas plagas, este pensamento é comum até os dias de hoje. Principalmente pelos lados do Mississipi, Missouri, Alabama e outras paragens. Quando li aquela notícia dos sulistas que estavam a planejar um atentado contra Barack Obama eu voltei a despertar para isto. Pior, eles ainda pretendiam entrar numa escola e matar cerca de cem crianças negras. E dizer que são os primeiros a jurar de pés juntos que comunistas comem criancinhas.
Estamos às vésperas das eleições naquele país, e, pelo que tudo indica, Obama talvez ganhe. E quando digo talvez, é porque custo a acreditar que isto seja possível. Mas, pergunto: conseguirá terminar o seu mandato? Acho difícil! Porque lá, um bom número de presidentes já morreu de forma violenta. Isso fora os atentados que não vingaram, como os de Ford e Reagan, por sinal bem recentes.
Não que Obama ofereça qualquer tipo de ameaça ao status quo vigente. Ele é apenas o representante da ala Democrata do partido único (burguês) dos Estados Unidos. Está certo que esta corrente é menos à direita do que a Republicana. Os Democratas têm uma tendência “social-democrata”, reformista, de certo modo estatizante. Mas, o simples fato de ser um nigger, pode levar correntes mais radicais de direita a atos de loucura.
Aguardemos pois os fatos e o desenrolar do processo histórico. Somente isto poderá nos dizer se o “sonho” de Martin Luther King poderá algum dia se tornar uma realidade. Ou será mais um capítulo do grande pesadelo estadunidense?

9 comentários:

André Setaro disse...

De qualquer forma e de qualquer maneira, acho que a eleição de Obama é importante, há um significado nisso.

Ieda Schimidt disse...

A quase certa eleição de Barack Obama, fiques certo de que se constitui numa reviravolta em certos valores da sociedade americana; melhor dizendo estadunidense.
Vejas bem, revirar valores é um passo da revolução, e mesmo que não intencional é a probabilidade de uma mudança.

Jonga Olivieri disse...

Bem, a resposta é para os dois, que de forma diferente falaram a mesma coisa.
Concordo cocês, porque de qualquer forma um negro vencer para "president of the United States..." é algo surpreendente!!!

Anônimo disse...

Obama vai ganhar. E vai mudar muita coisa.

Anônimo disse...

Será que o Obama ganha? Ou será que na última hora, ali na cabine o povo vai votar no branco? Tenho minhas dúvidas;
Otávio

Jonga Olivieri disse...

Que vai ganhar, eu tenho quase certeza. Se bem que o Bush perdeu nas elições de 2000, mas ganhou no artifício dos "colégios".
Coisa da democracia estadunidense...

Jonga Olivieri disse...

Sei lá. É caso pra duvidar até a última hora. Vamos ver.

Anônimo disse...

Também acho que Obama poderá fazer algumas mudanças na política do país.
E o fato dele ser um negro é um aconteceimento.

Jonga Olivieri disse...

Algumas mudanças sim. Mudanças estruturais não.