Estava eu a rever O Ladrão de Bagdá (1) comodamente instalado em frente à TV neste feriado de 21 de abril, quando me lembrei que houve um tempo em que assistir algum filme antigo era, na maioria das vezes, muito difícil. Até porque não dependia de nós mesmos. Era necessário que estivessem sendo exibidos em algum cinema. Caso contrário, você ficava na saudade.
No caso específico, a recordação veio porque este mesmo filme, em determinada ocasião, quando ainda adolescente, me fez despencar da Humaitá até um cineminha de bairro no Estácio, do qual eu nem me lembro o nome, porque o vi programado no jornal e tinha vontade de revê-lo.
O fato, porém, nos remete a pensar nas facilidades que o mundo de hoje nos oferece. E também no quanto gerações mais novas perderam um pouco do gosto da procura, da espera, da vitória em conseguir uma dessas coisas difíceis de então. Sim, porque quando acontecia de haver uma reprise, mesmo que lá no caixa-prego, valia a pena o deslocamento somente para realizar um sonho. Quase que uma conquista mesmo.
Pode parecer masoquismo, mas, podem crer, não era bem assim. Também curto o fato de comprar um DVD, ou mesmo ir numa locadora e encontrar um filme raro, um daqueles que estava cheio de desejos de assistir novamente. Porém, o prazer que dava vasculhar as páginas de programação das centenas de cinemas existentes em um jornal à procura de alguma surpresa agradável era uma aventura indescritível. Além de ter que assisti-los com toda a magia da sala escura.
E os filmes europeus? Obras dos grandes mestres. Esses, tinha-se que ficar de olho na programação da Cinemateca do MAM, onde vi filmes de Buñuel como Le Chien Andalou ou O Sétimo Selo de Bergman. Em paralelo, nas exibições mais esporádicas da Escola de Belas Artes. Lembro que assisti Limite de Mário Peixoto nesta última. Uma raridade. Um verdadeiro acontecimento histórico, logo após a recuperação do filme que estava quase que perdido.
Coisas de um tempo que se foi... Mas que não custa nada relembrar!
(1) The Thief of Bagdad é uma famosa produção inglesa de Alexander Korda (1940). Um filme que durante muito tempo foi um exemplo de trucagens e efeitos especiais.
No caso específico, a recordação veio porque este mesmo filme, em determinada ocasião, quando ainda adolescente, me fez despencar da Humaitá até um cineminha de bairro no Estácio, do qual eu nem me lembro o nome, porque o vi programado no jornal e tinha vontade de revê-lo.
O fato, porém, nos remete a pensar nas facilidades que o mundo de hoje nos oferece. E também no quanto gerações mais novas perderam um pouco do gosto da procura, da espera, da vitória em conseguir uma dessas coisas difíceis de então. Sim, porque quando acontecia de haver uma reprise, mesmo que lá no caixa-prego, valia a pena o deslocamento somente para realizar um sonho. Quase que uma conquista mesmo.
Pode parecer masoquismo, mas, podem crer, não era bem assim. Também curto o fato de comprar um DVD, ou mesmo ir numa locadora e encontrar um filme raro, um daqueles que estava cheio de desejos de assistir novamente. Porém, o prazer que dava vasculhar as páginas de programação das centenas de cinemas existentes em um jornal à procura de alguma surpresa agradável era uma aventura indescritível. Além de ter que assisti-los com toda a magia da sala escura.
E os filmes europeus? Obras dos grandes mestres. Esses, tinha-se que ficar de olho na programação da Cinemateca do MAM, onde vi filmes de Buñuel como Le Chien Andalou ou O Sétimo Selo de Bergman. Em paralelo, nas exibições mais esporádicas da Escola de Belas Artes. Lembro que assisti Limite de Mário Peixoto nesta última. Uma raridade. Um verdadeiro acontecimento histórico, logo após a recuperação do filme que estava quase que perdido.
Coisas de um tempo que se foi... Mas que não custa nada relembrar!
(1) The Thief of Bagdad é uma famosa produção inglesa de Alexander Korda (1940). Um filme que durante muito tempo foi um exemplo de trucagens e efeitos especiais.
10 comentários:
Você vai querer me enforcar mas so comecei a realmente gostar de cinema depois o video...
Agora, o Ladrao de Bagda, se nao me engano, vi num super poeira de Niteroi, onde morava, o Imperial, onde hoje é o Plaz Shopping. Dele me lembro do vizir que convocava a tempestade gritando, os braços abertos: "Ventos! Chuvas! Tempestades!" que virou um bordao de meu pai pra nos impedir de sair de casa. Sera esse filme mesmo?
Bises,
Eliana
Tenho 'O ladrão de Bagdá' em VHS de uma coleção 'Clássicos do Cinema' com capa preta.
Exatamente, o vilão da história era este mesmo. mas havia também o sultão que adorava brinquedos.
O filme é interessante, porque, apesar do tempo, de ter ficado superado nas 'trucas', principalmente após o advento do computador, ainda consegue ser assistível.
Conheço esta coleção. Acho que era um editor espanhol.
Aliás, tinha vários filmes dela, inclusive "M" de Fritz Lang.
Se, por um lado, o advento do DVD proporcionou o resgate de parte significativa da história do cinema (ainda há muitos filmes que precisam sair nos disquinhos), a possibilitar você ter 'chez home' os filmes de sua preferência, por outro, as imagens em movimento perderam a magia de antigamente, porque os filmes eram fugidios e inacessíveis. Tem-se, hoje, os filmes nas prateleiras de casa para se ver a qualquer hora, a qualquer momento, ao sabor do elemento volitivo da pessoa. Antes, porém, as imagens em movimento estavam restritas às salas escuras das casas exibidoras. Perdeu-se a expectativa, aquela ansiedade de procurar nos jornais e saber de um determinado filme em cartaz. Programava-se para ir ao cinema. "Amanhã vou ao Metro Copacabana, 20 horas, ver "Lawrence da Arábia". Vi, pela primeira vez, 'O ladrão de Bagdá' no 'poeirento' Aliança, cuja cortina, sebosa, era um estorvo e se fazia mil malabarismos para passar por ela sem tocá-la. Fedia imensamente. Mas, 'malgré tout', o cinema fascinava, ainda que, nestes 'poeiras', o cheiro de urina, as cadeiras de madeira desconfortáveis. Mas lá estava, na tela, 'O ladrão de Bagdá'. E se ficava feliz.
‘That’s the question’, caro André. A magia da sala escura é algo que transcende. A espera de que um filme voltasse era outra emoção. O fato de hoje ser tão fácil tirou um pouco deste sabor. Mas, como digo, não é masoquismo! Há um lado altamente saudável em se poder assistir um determinado filme quando se deseja. No entanto, o prazer de descobrir que um ‘poeira’ estava reprisando um filme antigo era um barato. E os ‘poeiras’ faziam muito isso. Talvez até porque fosse mais barato exibir um filme cujo selo de validade estava prestes a expirar.
O Ladrão de Bagdá eu assisti várias vezes no cinema. Creio que um das últimas foi essa no tal cineminha ‘poeira’ no Estácio. Cadeiras de pau, e nem me lembro se havia ventiladores na sala. Mas, valeu a pena. E acho que a cortina não era tão suja quanto a do Aliança.
Fui rever este filme já em VHS e recentemente em DVD.
Ainda peguei cinemas como por ti citados.
Lembro de ter tido o prazer de ver filmes que nunca havia assistido porque tivera a chance de estarem sendo exibidos num cinema algures.
Concordo também que hoje, o simples ato de vasculhar na estante úm fileme que me interessa tem seu lado fácilitado.
Mas não será fácil demais?
Creio que facilita muito. O perigo é a vulgarização do ato de rever ou até ver filmes.
Também acho que, por melhor que seja, assistir um filme em casa não é como no cinema. Muito embora confesse que cada dia que passa mais faço isto, porque ir ao cinema já não é um programa tão agradável quanto foi em outros tempos.
Olha só! Passei um tempo fora por motivos inteiramente justificados e quase morria de saudade do Novas Pensatas.
O Ladrão de Bagdá, 1940. Lembro do laço de fita que enfeitava minhas longas tranças e do vestido cor de arco íris com predominância do azul e da cadeira que sentei no Cine Paraíso. Havia cheiro de jasmin na sala escura.
Jonga, prazer ler tuas lembranças de filmes inesquecíveis.
Stela. Gostei imenso das recordações provocadas pela postagem.
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