Sinto saudades do tempo em que andava pelo centro do Rio e topava com tabacarias em profusão. Tinham aquelas pequenas, lojinhas nas entradas de prédios, que desapareceram por completo e as grandes, das quais sobraram poucas.
A maioria dos tabacos estrangeiros eram contrabandeados. A gente chegava na loja, principalmente as pequenas e só via fumos nacionais. De repente, o vendedor segredava ao pé de seu ouvido – olhando atentamente para os lados – que tinha outras marcas. Aí era uma festa de tabacos que a gente não encontra mais nem no mercado formal, que hoje está liberado para importações.
Das grandes, sobram a famosa “Africana”, que segundo o cartão, está no mesmo endereço da Praça XV, desde 1846 (1). Muito Conde, Barão e coisa e tal compraram cachimbos e charutos por ali. Tem a do subsolo do Edifício Avenida Central, que tem pelo menos uns oito anos. E aquela da rua Buenos Aires, esquina com o Mercado das Flores – na qual atualmente compro tabacos –, mas até hoje por desatenção não sei o nome.
Surgiu uma no “Camelódromo” mas desapareceram a da Galeria dos Empregados do Comércio, que era muito grande, outra que existia em uma galeria na rua Gonçalves Dias (2), a da rua Marechal Floriano, a antiquissima da rua do Ouvidor, na qual eu comprei o primeiro cachimbo novo quando voltei ao hábito em 1982 (cerca de dois anos depois cerrou suas portas) e a do Café Palheta na Praça Saens Pena. Na cidade desapareceram mais de 10, em Copacabana, foram mais de cinco; que eu me lembre. Fora as tais portinhas, que destes sim, eu sinto muita falta. Sempre tinha um vendedor misterioso (3), oferecendo alguma novidade sueca, holandesa, inglesa ou dinamarquesa.
Sinal dos tempos. Tempos deste anti-tabagismo doentio. Tempos em que o cachimbo caiu de moda e ficou restrito ao “nicho” dos velhos que nem eu. No entanto as lojas especializadas ficam mesmo repletas é de provadores de charutos, estes sim mais em voga.
(1) A Africana é a tabacaria mais antiga do Brasil.
(2) Esta da galeria tinha uma vantagem: os donos eram fumantes de cachimbo, então conversavam e indicavam tabacos. Foi lá que eu fui apresentado ao “Balkan Sobraine”, com certeza o melhor fumo que saboreei.
(3) Uma delas funcionava numa transversal entre a Álvaro Alvim e a Senador Dantas e ficava ao lado de uma barbearia. E o vendedor era muito engraçado.
A maioria dos tabacos estrangeiros eram contrabandeados. A gente chegava na loja, principalmente as pequenas e só via fumos nacionais. De repente, o vendedor segredava ao pé de seu ouvido – olhando atentamente para os lados – que tinha outras marcas. Aí era uma festa de tabacos que a gente não encontra mais nem no mercado formal, que hoje está liberado para importações.
Das grandes, sobram a famosa “Africana”, que segundo o cartão, está no mesmo endereço da Praça XV, desde 1846 (1). Muito Conde, Barão e coisa e tal compraram cachimbos e charutos por ali. Tem a do subsolo do Edifício Avenida Central, que tem pelo menos uns oito anos. E aquela da rua Buenos Aires, esquina com o Mercado das Flores – na qual atualmente compro tabacos –, mas até hoje por desatenção não sei o nome.
Surgiu uma no “Camelódromo” mas desapareceram a da Galeria dos Empregados do Comércio, que era muito grande, outra que existia em uma galeria na rua Gonçalves Dias (2), a da rua Marechal Floriano, a antiquissima da rua do Ouvidor, na qual eu comprei o primeiro cachimbo novo quando voltei ao hábito em 1982 (cerca de dois anos depois cerrou suas portas) e a do Café Palheta na Praça Saens Pena. Na cidade desapareceram mais de 10, em Copacabana, foram mais de cinco; que eu me lembre. Fora as tais portinhas, que destes sim, eu sinto muita falta. Sempre tinha um vendedor misterioso (3), oferecendo alguma novidade sueca, holandesa, inglesa ou dinamarquesa.
Sinal dos tempos. Tempos deste anti-tabagismo doentio. Tempos em que o cachimbo caiu de moda e ficou restrito ao “nicho” dos velhos que nem eu. No entanto as lojas especializadas ficam mesmo repletas é de provadores de charutos, estes sim mais em voga.
(1) A Africana é a tabacaria mais antiga do Brasil.
(2) Esta da galeria tinha uma vantagem: os donos eram fumantes de cachimbo, então conversavam e indicavam tabacos. Foi lá que eu fui apresentado ao “Balkan Sobraine”, com certeza o melhor fumo que saboreei.
(3) Uma delas funcionava numa transversal entre a Álvaro Alvim e a Senador Dantas e ficava ao lado de uma barbearia. E o vendedor era muito engraçado.
6 comentários:
Por falar, nesta Pensata dominical, em cachimbeiros, recordo-me do "cachimbo da paz" tão citado naqueles filmes do pretérito em relação aos sinais dos índios. E por falar em recordações, observo que o cachimbo, nesta sociedade amorfa contemporânea, está em desuso, o que demonstra mais um "defeito" dela do que, propriamente, um "in progress". Pior para a sociedade. Nos filmes, por exemplo, antes da detestável 'onda' politicamente correta (arghhhhh!!!)- ontem, por exemplo, eu vi um dos anos 40 em que o personagem não tira o cachimbo da boca - via-se sempre um indivíduo a fumar, prazerosamente, o seu cachimbo, dando as suas indefectíveis baforadas. Advindo a psicose antitabagista, o cachimbo, é bom de ver, saiu de cena.
Mas é bom que continue ao saudável hábito de cachimbeiro. Faz bem ao espírito. E cachimbo remete ao inesquecível personagem de Conan Doyle, Sherlock Holmes, que nunca largava o seu para poder raciocinar melhor em relação aos crimes que tinha para desvendar.
Fumei cachimbo, como já o disse aqui, num hiato da vida, quando jovem para imitar alguns amigos, cachimbeiros à la carte. Gostava imensamente de comprar o Buldog e, abrindo o pacote, por o nariz e sentir aquele cheiro gostoso do fumo bom.
Mas, na minha opinião, há pessoas que podem e outras que não podem fumar cachimbos. É preciso ter algum 'savor-faire', um certo charme, a capacidade de ter, nele, um veículo de prazer e não de 'representação'. O que é o seu caso, penso assim.
Bom domingo!
A verdade é que o tabaco foi importado de nosso continente pelos europeus.
No tocante aos filmes era puro "marketing". Aquilo que chamamos de "merchandising".
A ind´ustria do tabaco também utilizou muito a mesma arma de venda “subliminar” com o cigarro. Vide Bogard...
Lembro-me do tempo em que fumaste cachimbo. Eu estava aí e você, Bebeto, eu e o... Bom, aquele pernóstico que nem gosto de citar o nome.
Aliás, por causa da pose que ele fazia me afastei durante 16 anos do hábito.
Quando fui recomendado pelo médico a "parar o cigarro ou morrer", eu tinha 36 para 37 anos e deixei o vício. Joguei fora o maço e nunca mais peguei num cigarro; a não ser em aviões (na era anterior a este fascismo anti-tabagista). Não tragava, porém me acalmava.
Aí, já contei a história num "Papo de Cachimbeiro" (creio que o primeiro), após semanas de ser recebido com um amplo sorriso na Kopenhagen, dada a quantidade de blas que passei a consumir, lembrei dos cachimbos que tinha guardado e voltei.
É um ritual. Não tem o lado mecânico do cigarro, principalmente para mim que fumava três maços por dia e quando apagava nem me lembrava que o tinha acendido.
O teu melhor papo de cachimbeiro puublidado até hoje.
Na verdade foi uma reedição do "Papo de cachimbeiro X" do antigo pensatas.
Mas eu só aproveitei a estrutura do anterior, e, acrescentei tantas coisa que o considero uma nova postagem.
Obrigado por acha-la a melhor.
A propósito, escrevi cachimbando, o que reforça o fato!
Eu ainda acho tão elegante e charmoso um homem fumando cachimbo!
E esses seus papos sobre cachimbeiros e seus hábitos são muito bons.
Na maioria das vezes o perigo está justamente neste "tão elegante e charmoso" a que você se referiu.
A pior coisa é alguém fazer pose para fumar cachimbo. Fica pedante, esnobe... Hoje em dia até antiquado.
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