segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Tremendão

De todo aquele “povo” da Jovem Guarda, o único que se salva é o Erasmo. Sério! Roberto Carlos, se for rei de alguma coisa, está mais próximo da esdrúxula e aleijada (1) criatura conhecida como Clopin Trouillefou o “rei dos mendigos” em “Notre-Dame de Paris” de Victor Hugo.
O resto é o rebutalho do que foi o movimento... Por si só um rebutalho social, alienado, instrumento da reação e dos militares no combate a ideias que a MPB difundia através das músicas de protesto, na tentativa de conscientizar seus ouvintes.
Ora, Erasmo – o Tremendão – constitui-se numa exceção. Pelo menos, com o correr do tempo a mostrar uma maior transparência comportamental, bem como uma qualidade musical mais apurada.

(1) Não sou e nem quero ser “politicamente correto”... Roberto Carlos é perneta mesmo!

18 comentários:

maria disse...

Também não sou a favor do "politicamente correto" seguido a risca, mas caramba, pegou pesado com o RC.

Jonga Olivieri disse...

Acho de uma hipocrisia ser politicamente correto.
Faço questão de ser politicamente incorreto.

Anônimo disse...

Também vi a entrevista do Erasmo ao Jô. Melhor ainda, consegui assistir no progrrama que ele tem domingo no canal GNT.
O Erasmo é simpático e tem um jeito meio displicente de ser. Coisa de época. Mas era meio besta na época da Jovem Guarda, não era?
Gostei do rebutalho do rebutalho. E xoncordo com a Maria: pegou pesado, meu!
Otávio

Jonga Olivieri disse...

O quê que é "xoncordo"? Galego, ou língua da xuxa? Eu, hein! E se for o segundo, considere-se fora deste clube.
Determinadas coisas aqui nesta comunidade são consideradas "heresias", e xuxa, Roberto Marinho, novelas são algumas delas.
Como Roberto Carlos das principais, imagina como eu "gosto dele"...
E por falar em "xoncordar" ou não, o Roberto (Carlos) é que pega pesado com a gente, tentando usar uma coroa de papelão, disfarçada com guache dourado e empurrando goela abaizo das massas com auxílio de quem? Da própria Rede Globo, a entidade monstruosa que construiu o mito a partir de sua mediocridade.

Fabiana Reis disse...

Tremendo mesmo é agüentar o RC como "Rei". Rei de que, como você bem questiona.
Concordo que o Pelé seja o Rei do Futebol, mas Roberto Carlos! Não entra nem empurrado pela guela.

Jonga Olivieri disse...

Rei de Coisa Alguma, formado pelo curso de Letras Mortas e Ciência Apagadas.
Lembra dessa? É antiga, mas ainda vale... Pelo menos para esta coisa chmada Roberto Carlos.

Ieda Schimidt disse...

Isto é uma questão delicadissima.
Ser politicamente correto "virou moda". Quero dizer com isso que a maioria das pessoas, particularmente as pessoas que não raciocinam e apenas seguem o fluxo reprovam radicalmente tudo que não estiver nos "conforme". Em outras palavras: o que não for "politicamente correto".
Já eu, em grande parte, concordo com as tuas posições. Só acho que isto vai ficar incompreensível para a grande maioria dessas pessoas que não raciocinam e só pensam seguindo a corrente.
Barbaridade, guri.

Jonga Olivieri disse...

Disse tudo, Ieda Maria. O problema é que eu falo demais e prefiro não esconder a minha sinceridade nessas horas.
Por outro lado acontece que essas pessoas "normais" (?) a que você se refere são de um modo geral extremamente hipócritas.
Daí, pode haver muita oposição quando falo do FDP do RC do jeito que falo.
Sim, sou radical. E daí? O Roberto Carlos representa a alienação na música brasileira. Por isso a Globo vestiu tanto a camisa dele e construiu um mito de "rei" de coisa nenhuma.

Eliana BR disse...

Cruzes, amigo, você esta com a macaca!Terei coragem de discordar? De ser destroçada nessa arena? Posso lembrar que a arte nao tem governo nem nunca tera, e que nao tem juizo? Erasmo é otimo, sem duvida, o irmaozao que todo mundo queria ter. E uma pessoa. Roberto nunca se apresentou como uma pessoa - é uma voz, uma fala, uma sensibilidade. Esta na linhagem de Anisio Silva e Adelino Moreira e talvez de Francisco Alves, que é de uma outra época, uma sensibilidade descabelada, da qual a gente meio que se envergonha mas reconhece. Suas cançoes sao emocionantes, super românticas. E as mais bregas têm versos que dizem o que nao temos (mais) coragem de dizer mas que reconhecemos. Ninguém faz sucesso em arte imerecidamente. Roberto é um grande compositor e cantor popular, sem dvida nenhuma.
Quanto a amalgama-lo à rede Globo, meu querido amigo, um artista tem de trabalhar, o show tem de continuar. Durante a ditadura Henfil pôs Elis no cemitério do Caboclo Mamador e nao sei quem etiquetou Gal como "apenas um instrumento musical". Aos artistas deve-se pedir arte. O problema é que se pergunta sobre a alta do dolar e o apoio a Zelaya a quem faz ou canta versos. Ja pensou se nos pedissem pra cantar?
Bises,
Eliana

André Setaro disse...

Vivi a época do "Tremendão". Havia, nesta, uma oposição radical entre aqueles adeptos da Jovem Guarda, do "yê, yê, yê", e dos que "curtiam" Bossa Nova e MPB. Os primeiros, considerados "alienados", enquanto os segundos, adeptos da boa música e participativos, com ela, do processo de transformação da sociedade.

O Pedro Pedreiro estava sempre a esperar o trem, enquanto a banda passava, e se caminhava cantando embalado pelos gritos de Geraldo Vandré. No Festival da Canção, o belo Sabiá, de Tom Jobim e Chico ganhou o troféu principal.Comprava todos os discos de Tom, que achava genial.

Jonga Olivieri disse...

Minha implicância com o Roberto (Trouillefou) Carlos vem da época da Jovem Guarda. Para além da cafonalha generalizada, a JG era estimulada pela ditadura por ser um instrumento da alienação a falar em carrões e anelões. Enquanto a MPB traçava um caminho de conscientização e tentativas de discutir e estabelecer caminhos para o povo brasileiro, estava lá o nosso Trouillefou e seus asseclas a bater nas teclas da bestialização do indivíduo, num cenário propício a estes caminhos. Com o apoio das forças mais retrógradas do pensamento tupiniquim apoiados por poderosas forças internacionais ligadas aos exploradores de nosso subdesenvolvimento econômico e cultural.
Quando o comparo a Trouillefou, falo mais do lado grotesco-social (e maldosamente o físico) que representou sendo uma caricatura asquerosa e repugnante de roqueiros ianques ou ingleses, estes sim autênticos em sua representatividade cultural,
O Trouillefou brasileiro fez muito mal à nossa cultura ao tentar nos descaracterizar, alienando-nos de uma realidade. Criando alternativas à nossa identificação cultural.
Daí, quando chego à Rede Globo, refiro-me ao fato de que esta criminosa organização foi (e ainda é) um cancro ao qual, infelizmente a “anistia” não deveria ter sido estendida (num país sério não a teria), pois representa de fato uma arma não somente pesada, como também poderosa e massificante, além de monopolizante. O que o outro Roberto (o Marinho) realizou neste país, infelizmente foi pouco compreendido em toda a sua extensão de maldade e/ou perversidade cultural na manipulação da informação e da construção de mitos os mais estapafúrdios e deformadores. Roberto Carlos, sem dúvida nenhuma foi um deles. Não teria chegado a ser “rei” se não fosse esta organização totalitária e todo o seu poder. Flutuaria no limbo dos canais nanicos à deriva, cantando seus carrões com seus anelões cafonas até hoje. Como o fazem as Wanderléias e os Wanderleys da vida.
Quanto ao seu “romantismo” é piegas. Como ele, Trouillefou, um arremedo de realeza perdido na mediocridade de nosso crônico subdesenvolvimento, deitado em gigantesco berço eterno.

Jonga Olivieri disse...

Correto, André. A resposta acima, creio, explica o seu comentário, com o qual concordo em gênero, número e grau.
E tenta esclarecer o "porquê" deste cantor/compositor mediocre ser considerado um "rei".
Somente num arremeço de naçao como esta, cheia de "sarneys" circulantes, isto pode acontecer.
E o brasileiro, coitado, ainda acha que este é o país do futuro.
hehehe!

Ieda Schimidt disse...

O que eu te falei?
É difícil entender este posicionamento sem uma compreensão política.

Popeye disse...

Mas em parte choca mesmo.
O políticamente correto já é parte do comportamento das pessoas nos tempos atuais.
Suas explicações são válidas, mas por mais que fale não perdoam o seu "pecado". Me endende?

Jonga Olivieri disse...

Eu sei disso Ieda.

Jonga Olivieri disse...

Pecado?
Colé a sua, meu?

Stela Borges de Almeida disse...

Há tratados sobre a JG, realizados por quem viveu o período e se dedicou a analisar o tema, há também os que simplesmente apreciaram o estilo e se identificaram com o ar romântico de época. Os signos de "rei", de "tremendão" marcaram, não se pode negar. Representaram alguns segmentos de classe, os da chamada "elite intelectual" parece ter buscado outros reis...e talvez sequer tenham tido um "tremendão". Eu, para ser sincera,hoje prefiro JLG, mas nada contra a JG.

Jonga Olivieri disse...

É Stela houve vários estudos sobre a JG. Nunca os li. A verdade é que vi na mesma semana na TV a enteevista do Erasmo e um trecho do Programa do Chacrinha. Daí veio o flashback.
Mas, o que é JLG?