domingo, 18 de outubro de 2009

“Pornôsatas” de domingo

Domingo passado publiquei a triste foto do prédio do Cine Plaza em decomposição. Alias, tenho feito uma série de outras sobre antigas salas de exibição, verdadeiros teatros – hoje decadentes –, a colaborar com o blogue de meu primo André (Setaro’s Blog, aí ao lado), crítico de cinema, pesquisador e professor da sétima arte na UFBa em Salvador.
No dia em que fui à cidade, e, coincidentemente o Rio de Janeiro ganhava a disputa para sediar os Jogos Olímpicos de 2016 passei pela “Pornolândia”, ou o que resta da Cinelândia. Sim, porque à excessão do Odeon, o que sobrou ali foram o Rex, na Álvaro Alvim e o Orly na Alcindo Guanabara. Num lampejo de inspiração bati fotos de ambos (acima).
Entretanto, apesar de não saber se o nome (Pornolândia) existe de fato ou se estou a batizar agora aquele pedacinho meio escondido, atrás da Praça Floriano, a partir do Amarelinho, o Orly, desde que me entendo só passava eróticos ou pornôs. O Rex, eu sou capaz de jurar que não... Pelo menos durante o dia. No entanto, um autêntico “poeira”, exibia antigos filmes “B” na parte da tarde. À noite... Bem, naquelas paragens tudo é possível.
Ao lado deste último sempre houve boates e casas de “Rebolado” (1). Mara Rúbia, Brigitte Blair, Virgínia Lane ou Nélia Paula, entre tantas outras, exibiram seus corpões carnudos no trecho que se estende do Teatro Rival (que até hoje existe) à outra esquina da Álvaro Alvim onde havia a famosa Night and Day, casa noturna no Edificio Serrador, local chic em que eram exibidos emplumados shows de Carlos Machado e Walter Pinto (os chamados reis da noite). E ali mesmo, até o sol raiar, prostitutas e travestis desfilavam pelas estreitas ruas por detrás da Cinelândia em um trottoir frenético.
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Outra pornografia? Enrabaram a gente, pois começou o horário de verão...

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(1) Teatro de Rebolado era a designação popular do Teatro de Revista, que se estendeu dos 1930 à década de 60 e começou a sua decadência durante a ditadura militar, sob os auspícios do “moralismo” da Universal Romana...

8 comentários:

Ieda Schimidt disse...

Sim, tem razão. O horário de verão é uma atitude indecente com todos nós. Uma adulteração do nosso tempo biológico.
A tua postagem de hoje é excelente e faz uma análise muito real de "cantinhos" que todas as cidades têem.

Jonga Olivieri disse...

Dormi com os relógios da casa no horário normal. Acordei com uma boa sensação às 7h30m da manhã.
Só que pela "lei" já eram 8h30m.
Daí fui acertar os relógios e cair na real de que me roubaram uma hora.
Hoje, vou almoçar lá pelas 3 da tarde e lanchar depois das 10 da noite. Depois vou baixando de 15 em 15 minutos a cada dois dias até tudo chegar ao normal, quero dizer anormal. Barbaridade chê!
E realmente as cidades teem seus "cantinhos". O Rio, para além da Cinelândia, tem a Lapa e a Praça Tiradentes.
Mas a Lapa virou "point" em que tudo acontece. E da alta burguesia ao "bas-fond" todos lá estão nas altas horas.

André Setaro disse...

Gostei do termo 'Pornolândia'. É triste verificar em que se transformou a tão encantadora Cinelândia de tempos idos. Não que seja moralista: que existam estes 'cantinhos' em outros lugares da cidade, mas logo na mitológica Cinelândia?

Aqui na Bahia o majestoso Tupy, cinema que exibia em 70mm as grandes produções, com a decadência da Baixa dos Sapateiros, virou um 'centro de pegação", cinema que exibe filmes pornográficas de alta tensão (leia-se 'putaria'). A lenda conta que o banheiro é mais frequentado do que a sala de projeção.

Jonga Olivieri disse...

É mais triste ainda o fechamento dos cinemas. Como o Império, o Pathé, etc e tal.
A Cinelândia, altas horas, sempre foi centro sacanagem. Por ali passavam putas e travecas em desfile, no que classifico na postagem como "trottoir" frenético.
Esses cinemas (Orly e Rex) devem ser uma pegação danada. Como o foram o Coral e Escala (na praia de Botafogo) que ainda bem viraram o Unibanco Arteplex, um multiplex fora de shopingues, pelo menos...

Anônimo disse...

Aquilo sempre foi um puteiro ao ar livre, pôrra!
Otávio

Jonga Olivieri disse...

Concordo, Tavim. À noite, of course!

maria disse...

Você escreve muito bem. Eu fico presa ao que você escreve,
Desculpe a babação, mas é verdade.
Como fiquei curiosa sobre a cinelandia e o teatro de rebolado, fui ao Google para pesquisar um pouco mais.
Isso é estimulante. Muito agradecida Jonga

Jonga Olivieri disse...

Fico feliz em estimular a sua sede de conhecer mais coisas, Mary...
Quanto ao resto, não exagere!