... Mas para pensar muito! Fiz esta foto do que resta do cinema Plaza para o blogue do meu caro Professor André Setaro (link ao lado) que a publicou.
O Plaza não era o melhor cinema da cidade, nem sequer da velha Cinelândia. No entanto, acredite, era um cinema do tempo em que os cinemas existiam. Antes desta era em que surgiram lanchonetes, por acaso com telas de projeção.
As salas de então podiam ser menos confortáveis. O som era horrível em 80% deles. Havia muitos com as famosas cadeiras de pau... Diversos sem ar condicionado e por aí afora... Mas eram cinemas com características próprias e personalidade. Muito mais baratos dos que os que estão “pelaí”, justificavam o título de entretenimento de massas.
Hoje são estandartizados, e, como bem lembra o Professor Setaro, nem nos lembramos em qual vimos o filme “tal”, tal a sua similitude. Afora o fato de, por serem encontrados geralmente inseridos dentro de shoppings, se transformaram em mais algumas lojinhas de consumo volátil, tal e qual as outras existentes nestes locais.
Os velhos e bons cinemas, aqueles que o espectador escolhia ao ler a programação nos jornais, e, portanto a dedo, pelo filme que exibia, ou por suas estrelas, diretores ou gêneros, estão a acabar, sobrando uns poucos remanescentes... Porque a maioria se travestiu em igrejas evangélicas, academias de ginástica, ou, nos tempos em que eram permitidos, bingos. Ainda, para agravar, ruínas como o triste caso acima exemplificado.
Saudosismo? Sem dúvida que sim. Mas boas lembranças de um tempo em que a cultura atingia todas as classes. De um tempo em que havia respeito e atenção àquilo a que se ia assistir; em que não existiam celulares a tocar frequentemente, ou o barulho desagradável de pipocas em sacos... Um verdadeiro saco.
Um minuto de silêncio aos cinemas que morreram. Outro minuto de silêncio à sétima arte, que Hollywood, hoje em dia contribuindo a vulgarizá-la, ajudava então a torná-la imortal. Em época em que se produziam filmes idem...
O Plaza não era o melhor cinema da cidade, nem sequer da velha Cinelândia. No entanto, acredite, era um cinema do tempo em que os cinemas existiam. Antes desta era em que surgiram lanchonetes, por acaso com telas de projeção.
As salas de então podiam ser menos confortáveis. O som era horrível em 80% deles. Havia muitos com as famosas cadeiras de pau... Diversos sem ar condicionado e por aí afora... Mas eram cinemas com características próprias e personalidade. Muito mais baratos dos que os que estão “pelaí”, justificavam o título de entretenimento de massas.
Hoje são estandartizados, e, como bem lembra o Professor Setaro, nem nos lembramos em qual vimos o filme “tal”, tal a sua similitude. Afora o fato de, por serem encontrados geralmente inseridos dentro de shoppings, se transformaram em mais algumas lojinhas de consumo volátil, tal e qual as outras existentes nestes locais.
Os velhos e bons cinemas, aqueles que o espectador escolhia ao ler a programação nos jornais, e, portanto a dedo, pelo filme que exibia, ou por suas estrelas, diretores ou gêneros, estão a acabar, sobrando uns poucos remanescentes... Porque a maioria se travestiu em igrejas evangélicas, academias de ginástica, ou, nos tempos em que eram permitidos, bingos. Ainda, para agravar, ruínas como o triste caso acima exemplificado.
Saudosismo? Sem dúvida que sim. Mas boas lembranças de um tempo em que a cultura atingia todas as classes. De um tempo em que havia respeito e atenção àquilo a que se ia assistir; em que não existiam celulares a tocar frequentemente, ou o barulho desagradável de pipocas em sacos... Um verdadeiro saco.
Um minuto de silêncio aos cinemas que morreram. Outro minuto de silêncio à sétima arte, que Hollywood, hoje em dia contribuindo a vulgarizá-la, ajudava então a torná-la imortal. Em época em que se produziam filmes idem...
13 comentários:
Obrigado, Jonga, pela parte que me cabe. O que você fala é a pura verdade. Vejo as ruínas ou, melhor dizendo, "as fraturas expostas" do velho cinema Plaza, que conheci nas minhas temporadas cariocas.
O fato é que atualmente a ida ao cinema se constitui numa das fases do "shoppear". Não se vai mais ao cinema, mas ao shopping. Vai-se ao cinema como quem se dirige ao 'fast food', sem nenhuma orientação sobre o que se quer ver. Escolhe-se na hora (fiz uma pesquisa 'in loco') pelos cartazes, pelo ator da moda, pela promessa de ação ininterrupta.
E o cinema se constitui numa fase final, para "relaxar", para se trocar abobrinhas, conversar no celular, bater com as 'patas' nas cadeiras fronteiriças, rir fora de hora, enfim, transtornar a atenção daqueles que querem (e são poucos) assistir a um filme com respeito e seriedade.
A indústria cinematográfica, sedenta sempre de lucro, descobriu o filão infanto-juvenil e o cinema americano se infantilizou tematicamente. Claro que existem exceção. Pode haver bons filmes oriundos da indústria, a exemplo de 'A troca' e 'Grand Torino', de Clint Eastwwod, filmes dos Irmãos Coent, Paul Thomas Anderson, Martin Scorsese, etc.
Programava-me alguns dias antes para ir ver determinado filme e, chegada a hora, a emoção se impunha. Hoje não existe mais isso.
Havia esquecido do verbo "shopear", um neologismo necessário de ser incorporado à lingua mater.
Mas, sem dúvida você tem muito a ver com esta pensata de hoje, posto que observou detalhadamente o comportamento daquilo que sentimos de forma latente
no entanto, até por força da profissão de crítico, você frequenta muito mais as salas exibidoras, antenado-o nestes pequenos incômodos que se acumulam. chegando ao ponto de alterar a sus pressão, por exemplo.
Eu tenho ido cada vez menos assistir filmes nestas salas insuportáveis dos tempos hodiernos. Conformo-me cada dia mais com o DVD, posto que assisto filmes que não se exibem por aí e desinteressei-me pela mioria das fitas (fitas?) que rolam nos cinemontruosos locais de exibição. Fiquei com nojo, numa das últimas vezes em que fui, de presenciar uma carrocinha de pipocas dentro do recinto e não lá fora.
O hábito da pipoca é mais um exemplo de nossa colonização cultural. Veja bem, há uns vinte (talvez menos) anos atrás, pipoqueiro ficava na saída e comia-se pipoca após a exibição. Lá dentro eram os chocolates e "queimados" --como se fala, ou falava-se na Bahia.
Porém o que me entristece é ver chocado um Plaza, um Vitória nos estados calamitosos em que se encontram. Triste, extremamaente triste o espetáculo de ver "Meu mundo caiu" (aquela música que a Maíza cantava) em realidade!
Creio que uma das causas da deseducação geral no que se refere à recepção da obra cinematográfica, entre outras talvez mais importantes (a decadência da civilização ocidental pelo capitalismo cada vez mais selvagem e consumista, a ausência de humanismo, o sonho acabado, a queda do Muro de Berlim, que deu origem ao fortalecimento do império americano, etc, etc, e etc), esteja no vício da teledramaturgia televisiva. A novela é um discurso (colocando aqui um termo "comuniquês") aberto feita para você perder alguns capítulos e poder voltar a vê-la sem prejuízo do acompanhamento de sua "história" ou, como quer os estudos narratológicos, de sua "fábula".
Já o filme é um discurso fechado que não permite desvio de atenção. Uma tomada perdida se torna um prejuízo na compreensão do espetáculo cinematográfico. E porque discurso fechado deve ser visto com atenção em toda a sua duração.
Viciados na novela televisiva, os débeis mentais da contemporaneidade (vocábulo que detesto do fundo do coração) se comportam, veja bem, se comportam como em suas casas estivessem. Como se estivessem a ver um discurso aberto.
Estou desenvolvendo este pensamento a respeito da recepção cinematográfica nos dias que correm (e como correm, tchê).
André, a lógica de seu raciocínio me encantou. Ou seja é lúcida e analítica, realista e conclusiva.
Existem poucas coisas tão vazias quanto uma novela (o fohetim de outrora), que até tem grandes autores, a exemplo de Dias Gomes que apenas por dinheiro (pesado) fizeram disto um meio de vida.
Errado? Do ponto de vista moral, talvez. Mas de um prisma racional, o que fazer? Passar fome como autor teatral? Uma opção, a de se vender ao sistema (no qual, infelizmente todos estamos inseridos) em prol de uma vida mais digna.
Aquando trabalhava em publicidade (e o fiz, exclusivamente por décadas), perguntava-me nos momnetos de boas cachimbadas o porquê de um Materialista Histórico estar inserido num contexto daqule a vender minhas ideias para os burgueses.
Mas a própria Práxis me dava a resposta a isso, no momento em que eu sabia aonde eu estava a viver, em que sistema eu sobrevivia e a melhor maneira de ganhar o "vil metal".
Agora, tudo tem o seu preço. E o resultado disto foi a bestializaão das massas, um fator aparentemente inocente, mas o fruto de um processo articulado pelas classes dominantes com o propósito bem definido de justamente criar imbecis.
O cinema não ficou longe disto. Aneriormente o cinema escapista (analisado brilhnatemente por Adorno (ou Marcuse) da Escola de Frankfurt, começou com isso na fase da Grande Depressão. E também tinha em seu contexto realizadores do peso de um Capra, que não o fizeram com esta intençaõa, mas foram manipulados em seu instinto natural de sobreviver a fazê-lo.
Mas, comparados ao que se produz hoje no cenário da 7ª arte, verdadeiras obras primas.
Este é o cruel sistema em que vivemos. As consequências da Barbarie são evidentes neste cenário do capitalismo "pós-moderno".
That's all! Mas, sem dúvida, teremos coisas piores pela frente.
Brilhante este teu post, guri. Mais ainda os comentários, tanto os teus quanto os do André Setaro. Um professor, como dizes.
Nossa muito boa essa dupla, Jonga/Andre... fico apreciando como escrevem bem! muito agradável de ser lido. bjsssssss
Uma pesquisa e tanto que vocês estão realizando, com documentação fotográfica e mais, muito mais, com depoimentos pessoais de quem ama o cinema. Segue um epsódio recente que comprova que a recepção dos filmes está cada vez mais comprometedora. Na sexta-feira assisti o esperado Anticristo do Lars Von Trier na sala do cinema Glauber Rocha. O filme é uma obra prima( acho eu) um trabalho de pesquisa de imagem dialogando com várias áreas do conhecimento, com uma dedicatória especial a Tarkovisky ( se não me engano). Merece ser revisto, depois me digam se tenho razão. Pois bem, os planos bem construídos provocam tensões e requerem muito silêncio pois evocam mitos e lendas que precisam ser reconstruídos e identificados pelo receptor. Em cenas dramáticas, a platéia ria e falava( santo deus, parecia que estavam em sala errada) tivemos que reclamar em voz alta. Lamentável pois a sala é nova tem recursos para boas projeções, não vende pipoca e tem uma livraria que pretende divulgar literatura de arte. Mas...
O professor André Setaro é um dos grandes conhecedores de cinema neste país. Pode crer, Ieda!
Obrigado, irmãzinha, mas eu me orgulho de poder trocar idéias de cinema com o nosso primo André.
Obrigado, Stela, como referi no comentário anterior, o trabalho com André é estimulante.
Quanto ao público assistente hoje, está comprovada a bestialização provocada pelas classes dominantes no imbecis que por aí circulam a se rir de piadinhas. Quer bater papo? Arranja, quem sabe um bar. É público, mas cada mesa é uma mesa...
Devo confessar que também vi 'Anticristo' no Espaço Unibanco Glauber Rocha. Stela tem razão. Fiz um sacrifício para vê-lo em sua integridade, porque, da primeira vez, tenso com as risotas em cenas seríssimas, saí aborrecido. Tive que voltar noutro dia e, passando perigo de vida, fui ao centro histórico de noite para ver o filme em sessão terminal.
André Setaro, apesar de meu amigo, é muito exigente em relação ao cinema. Vê os filmes em postura quase religiosa, com uma extremada seriedade. De certos filmes, diz que devem ser assistidos de joelho e já escreveu, no seu visitadíssimo blog, que ia comprar, para revê-los, um genuflexório.
Entendo a exigência de Setaro. De minha parte, sou mais 'indisciplinado', mas não ao ponto de me comportar como 'débil mental'. Sou de outra época, tenho meus valores, minha ética, minha compostura. O mundo está se acabando.
Quem me indicou este excelente blog foi Setaro. Parabéns!
Obrigado, Cassiano, fico honrado com suas palavras sobre o blogue.
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