Publiquei esta postagem em 23/11/2009. Em homenagem a este gênio, que foi uma das maiores expressões da língua portuguesa (1) após Camões e que faleceu no dia 18 deste mês, a republico.
Saramago estava inspirado nas respostas às acusações da “Igreja ‘Universal’ (2) Apostólica Romana”, devido aos seus comentários por ocasião do lançamento de seu novo livro, "Caim", no domingo passado.
Nesta mais recente obra, ele conta de forma irônica a história de Caim, filho de Adão e Eva que assassinou premeditadamente seu irmão Abel, retomando o tema bíblico que tocara em seu livro “O evangelho segundo Jesus Cristo”, lançado em 1992.
Mas vamos às pérolas antológicas do autor, sem sombra de dúvidas, maior escritor contemporâneo da língua portuguesa, na sua polêmica com a Máfia do Vaticano, que se “ofendeu”, até porque o autor havia deixado claro – ironicamente – que “... sua obra não causará problemas com a Igreja Católica porque os católicos não lêem a Bíblia”.
“A Bíblia é um "manual de maus costumes... Um catálogo de crueldade com o pior da natureza humana”.
"O deus da Bíblia é vingativo, rancoroso, má pessoa e não é confiável".
"Na Bíblia há crueldade, incestos, violência de todo tipo, carnificinas. Isso não pode ser desmentido; mas bastou que eu o dissesse para suscitar esta polêmica... Há incompreensões, já sabemos que sim, resistências, também sabemos que sim, ódios antigos".
"O que eles querem e não conseguem é colocar ao lado de cada leitor da Bíblia um teólogo que diga à pessoa que aquilo não é assim, que é preciso fazer uma interpretação simbólica, e a isto chamam exegese (3)".
"Sou uma pessoa que gera anticorpos em muita gente, mas não ligo. Continuo fazendo meu trabalho".
"Às vezes dizem que sou valente. Talvez seja valente porque hoje não há Inquisição. Se houvesse, talvez não teria escrito este livro. Me apóio na liberdade de expressão para poder escrever".
“Deus e o demônio não estão no céu e no inferno, mas ‘na nossa cabeça’; deus não fez nada durante a eternidade, depois que criou o Universo, ao sétimo dia descansou e não fez mais nada”.
"É obra! É magia! Quase um milagre que certos setores tenham conseguido dizer tanto em relação a um livro que não leram".
Como refresco, o autor esclarece que “A Bíblia tem coisas admiráveis do ponto de vista literário”.
E sobre o seu próximo livro a ser lançado no próximo ano:
"Espero que não seja tão polêmico. Não ando atrás das polêmicas. Tenho convicções e as expresso".
(1) Tenho afirmado ser ele a "maior expressão pós Camões". No entanto a afirmação tem gerado muitas controvérsias, preferindo assim, em respeito ao pensamento tradicional, colocá-lo entre as maiores. Até que seja isto provado de forma mais efetiva.
Saramago estava inspirado nas respostas às acusações da “Igreja ‘Universal’ (2) Apostólica Romana”, devido aos seus comentários por ocasião do lançamento de seu novo livro, "Caim", no domingo passado.
Nesta mais recente obra, ele conta de forma irônica a história de Caim, filho de Adão e Eva que assassinou premeditadamente seu irmão Abel, retomando o tema bíblico que tocara em seu livro “O evangelho segundo Jesus Cristo”, lançado em 1992.
Mas vamos às pérolas antológicas do autor, sem sombra de dúvidas, maior escritor contemporâneo da língua portuguesa, na sua polêmica com a Máfia do Vaticano, que se “ofendeu”, até porque o autor havia deixado claro – ironicamente – que “... sua obra não causará problemas com a Igreja Católica porque os católicos não lêem a Bíblia”.
“A Bíblia é um "manual de maus costumes... Um catálogo de crueldade com o pior da natureza humana”.
"O deus da Bíblia é vingativo, rancoroso, má pessoa e não é confiável".
"Na Bíblia há crueldade, incestos, violência de todo tipo, carnificinas. Isso não pode ser desmentido; mas bastou que eu o dissesse para suscitar esta polêmica... Há incompreensões, já sabemos que sim, resistências, também sabemos que sim, ódios antigos".
"O que eles querem e não conseguem é colocar ao lado de cada leitor da Bíblia um teólogo que diga à pessoa que aquilo não é assim, que é preciso fazer uma interpretação simbólica, e a isto chamam exegese (3)".
"Sou uma pessoa que gera anticorpos em muita gente, mas não ligo. Continuo fazendo meu trabalho".
"Às vezes dizem que sou valente. Talvez seja valente porque hoje não há Inquisição. Se houvesse, talvez não teria escrito este livro. Me apóio na liberdade de expressão para poder escrever".
“Deus e o demônio não estão no céu e no inferno, mas ‘na nossa cabeça’; deus não fez nada durante a eternidade, depois que criou o Universo, ao sétimo dia descansou e não fez mais nada”.
"É obra! É magia! Quase um milagre que certos setores tenham conseguido dizer tanto em relação a um livro que não leram".
Como refresco, o autor esclarece que “A Bíblia tem coisas admiráveis do ponto de vista literário”.
E sobre o seu próximo livro a ser lançado no próximo ano:
"Espero que não seja tão polêmico. Não ando atrás das polêmicas. Tenho convicções e as expresso".
(1) Tenho afirmado ser ele a "maior expressão pós Camões". No entanto a afirmação tem gerado muitas controvérsias, preferindo assim, em respeito ao pensamento tradicional, colocá-lo entre as maiores. Até que seja isto provado de forma mais efetiva.
(2) Mais uma vez a lembrar que Universal em latim é Católico. No caso do Brasil é curioso, pois coincidentemente a sua rival do bispo Macedo vem a ser a “Igreja ‘Católica’ do Reino de Deus”.
(3) A palavra exegese deriva do grego exegeomai, exegesis; ex tem o sentido de ex-trair, ex-ternar, ex-teriorizar, ex-por; quer dizer, no caso, conduzir, guiar.
Fontes: “Folha Online” e “O Publico” (Portugal) de 21/10/2009.
Fontes: “Folha Online” e “O Publico” (Portugal) de 21/10/2009.
8 comentários:
Tu não tem que negar o que afirmou, porque num futuro próximo verá esta tua opinião ser reconhecida.
Agora quem protesta sou eu guri.
Concordo com as diatribes saramagonianas contra a Igreja, pois são verdadeiras. Infelizmente, não acredito em Deus e creio, inclusive, que aquele que acredita vive mais feliz. A 'invenção' de Deus pelo Homem é genial, sim, pois ajuda a mitigar as suas dores terrenas.
O discurso de Saramago, o único escritor em língua portuguêsa a receber o Nobel de Literatura, é de uma singeleza impressionante e um exemplo do grande escritor e grande homem que foi. Morreu bem aos 87. Que a terra lhe seja leve!
Ieda querida... Quem sou eu para defender uma tão ousada designação.
Escrevo, mas não sou escritor. Já poetizei, mas poeta tambem não sou! Não sou sequer um crítico literário...
É preciso muito peso no "cenário" para polemizar quanto a nomes como Eça ou Machado.
Mas penso assim. Continuo a achar que Saramago suplantou a tudo e a todos.
Aguardemos, somente o tempo dirá!
O fato de alguem acreditar em deus é, no meu entender, pura alienação e/ou ignorância. Se são mais felizes, sei lá!, eu não gostaria de ser tão alienado...
Quanto a Saramago. A genialidade alcança poucos. E ele, sem dúvida alguma está entre esses.
O melhor crítico é o TEMPO.
Sim professor. O tempo dirá...
Íxê Maria!
Oh Maria!
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