Rita ao lada de Isabel Lustosa, Antônio Torres e eu |
Foi de fato emocionante
reencontrar Rita Olivieri-Godet, após tanto tempo(1), no lançamento de seu
livro “A Alteridade Ameríndia na Ficção
Contemporânea das Américas”, lançamento da Editora Fino Traço, e que teve a sempre brilhante participação de
meu amigo velho de guerra, o
intelectual e escritor Antônio Torres.
Pretendia começar
a ler sua publicação ainda hoje, mas infelizmente, por estar lendo quatro
livros em simultâneo, sendo que um deles (“Auto
da Barca do Inferno” de Gil Vicente), para o qual preparo uma análise mais completa
e profunda, e que vou publicar, inclusive neste blogue, tem-me tomado algum
tempo dos dias e madrugadas, numa transpiração e pesquisaa exaustivas.
Virginia, o filho Marco, eu e Rita |
Rita fez uma brilhante introdução
sobre a temática abordando a literatura dos índios americanos, referindo-se
corretamente a americanos como aqueles que habitam o continente, da Terra
do Fogo ao Alasca; assunto que destaquei no debate posterior, reforçando a tese
de que os ianques são na verdade e apenas “estadunidenses”, e nós, todos os que
nasceram no chamado Novo Mundo, somos americanos.
Neste debate, tambem coloquei a
questão relativa à omissão e falta de estímulo das ”autoridades” sobre a
divulgação das culturas indígena e afro-descendente, citando inclusive que o
famoso dono da Casa de Ruy Barbosa,
foi encarregado, no inicio do século passado de queimar todo o arquivo de
documentos sobre os “quilombos”, coisa que, segundo consta nos anais da Primeira
República, a “Águia de Haia” o fez sem o menor constrangimento. Tudo para
reforçar a ideia de que o brasileiro é de índole pacífica(2).
A realidade é que os europeus
exterminaram os donos da terra americana em nome de uma pretensa “civilização”,
alegando, segundo as palavras da própria autora, a combater a “barbárie” dos “silvículas”...
E provaram justamente o contrário desde o “holocausto” nos Estados Unidos à
violência selvagem na Argentina. Passando pela destruição das artes Inca, Maia e Azteca, que partiram do derretimento de maravilhosas esculturas,
para serem enviadas à corte espanhola na forma de toneladas de barras de ouro.
1. Conheci Rita na Bahia, já fazem algum tempo, quando era casada com
um primo. Mas já se notava a sua vivacidade e carisma, fatores que a levaram a
ser, após quase duas décadas na França coordenadora da Faculdade de Letras da Université Rennes 2, alem de membro do importante Institut Universitaire de France.
2. Hoje, estamos passando um tempo em que o mito do “brasileiro
pacífico” está sendo colocado contra a parede com as manifestações do
proletariado e das classes médias, a protestar por todo o país.
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10 comentários:
Concordo que há uma grande "omissão e falta de estímulo das ”autoridades” sobre a divulgação das culturas indígena e afro-descendente", conforme você se refere neste texto.
Pena mas não deu pra eu ir neste lançamento por ser de tarde.
Mas em quais livrarias vai ser vendido? O tema é muito interessante!
Maravilhoso este acontecimento. Também não pude ir, mas quero saber se vão vender em todas as livrarias ou se teremeos algumasa espedcíficas, como foi o caso do livro do Isaías seu primo!
L.F.
Alteridade é a concepção que parte do pressuposto básico de que todo o homem social interage e interdepende de outros indivíduos.
A existência do "eu individual" só é permitida mediante um contato com o outro, que em uma visão ampla se torna o "Outro"; no caso a própria sociedade diferente do indivíduo....
Daí, acho que este livro deve ser interessantíssimo ao levantar esta questão relativa ao índio, que por si só já é um "outro" alguém, na medida em que sua classificação é um engano geográfico.
O índio tem este nome porque os europeus pensavam estar chegando às Indias. O que, por si só já é uma contradição na própria identidade.
Quanto à distribuição do livro, ontem Rita ainda não sabia --com certeza-- como seria a sua abrangência.
Por isto mesmo coloquei no anúncio: "Breve nas Livrarias".
O que soube foi que ela vai lançar o livro em Porto Alegre na semana que vem. Depois faz um lançamento em Salvador e está para confirmar uma data para Beagá.
Mas assim que eu tiver a informação sobre a distribuição, coloco neste blogue. Ok?
Fui lá (mas não me identifiquei) e gostei de tudo. Inclusive o coquetel.
E acho que suas intervenções foram muito bem colocadas, podes crer.
Mas que coincidência.
Portanto, tenho uma prima que está a morar em Rennes e no ano passado estive naquela cidade.
Devo voltar est'ano e vou procurar a Sra. Dra, Professora na Universidade, e, quem sabe poderei adquirir um volume deste livro?
E o livro é muito bom. Comprei lá e já estou quase terminando.
J'ai apprécié énormément ce communiqué.
Jean-Luc
Gostaria de ter estado presente, mas não fui por questão meramente geográfica.
Mas ela vai lançar aí na Bahia, em Feira de Santana, ou nas duas cidades... Fique atento professor Setaro!
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