Jorge Vital de Brito Moreira
Na cidade de Madison, capital do
estado de Wisconsin, Romeu de Oliveira e Egroj Russell, dois amigos brasileiros
que vivem atualmente nos EUA, sentam-se num bar mexicano para beber margaritas, provar o tira gosto de carnitas, e comentar as últimas notícias.
Egroj pergunta:
- E aí Romeu, o que você achou da justificativa dos
EUA para o ataque alucinado do presidente Donald Trump à Síria? O ataque do
Trump lhe pegou de surpresa?
- Não, meu amigo... o ataque de Trump não me pegou
de surpresa porque eu estava prevendo que ele ia lançar mão desse acostumado
recurso terrorista dos EUA para aumentar a sua popularidade e a sua
credibilidade que estavam em declínio.
Mas o ataque com
59 mísseis Tomahawk, ordenado pelo
presidente Trump contra o Aeroporto Shayrat
da Síria, não passou de mais uma exibição da estupidez, da arrogância e da
prepotência do governo imperial dos EUA, pois a justificativa de Trump para
atacar a Síria é mais uma escandalosa mentira como podemos verificar pelas
denúncias da Rússia, da Síria, da Bolívia e de outros países que insistiram na
falta de provas para apoiar a acusação dos EUA sobre a utilização de armas
químicas pelo governo da Síria. Assim, voltamos para aquele mesmo ditado que
foi criado depois da derrubada das torres gêmeas de Nova York, e que diz:
“errar é humano, insistir no erro é americano, acertar no alvo é muçulmano”.
-Queria lhe informar, Romeu, que li as últimas
declarações da organização dos Doutores Suecos pelos Direitos Humanos (SWEDHR)
sobre o assunto e a SWEDHR responsabilizou a organização “White Helmets” (Cascos Brancos) e os “terroristas moderados”
financiados pelos EUA, por esta encenação do uso de armas químicas na Síria.
Aliás, a SWEDHR já tinha denunciado os “White Helmets” por terem sidos os
responsáveis pelo assassinato de crianças da Síria e usarem as imagens das
crianças mortas como propaganda visual contra o governo da Síria.
-Sim, Egroj, também li estas informações. E elas
também revelavam que os “White Helmets”
é uma organização financiada pelo bilionário estadunidense George Soros, pelos
EUA e pela Inglaterra; uma organização que está associada à CIA (Central de Inteligência
dos EUA), a Hollywood, e a determinados setores da indústria cinematográfica
estadunidense. Aliás, esta associação entre os “White Helmets”, a CIA, Hollywood, Netflix e o ator e diretor George
Clooney, foi denunciada recentemente depois que o documentário “White Helmets” ganhou o premio Oscar de Hollywood
de 2017.
- Essa associação entre a presidência, Hollywood, a
CIA, o Pentágono, os militares e a mídia corporativa, não é uma coisa nova
Romeu! Foi revelada para o público em 1977 de uma forma muito inteligente pelo
filme (comédia) estadunidense intitulado “Wag
the Dog” que foi exibido no Brasil com o título de “Mera Coincidência”.
- De que trata este filme?
- O filme conta a história do presidente dos EUA que
se vê envolvido num escândalo sexual.
Diante do escândalo sexual, da queda da credibilidade e da popularidade do
presidente, um dos seus assessores (Roberto de Niro) ligado a CIA, contrata um
produtor de Hollywood (Dustin Hoffman)
para inventar um filme (um filme dentro do filme) sobre uma guerra no
estrangeiro, para salvar o presidente do escândalo sexual. Através desse filme
produzido por Hollywood, o presidente dos EUA foi capaz de desviar a atenção
pública para a “guerra inventada” cinematograficamente em vez do escândalo
sexual. O filme produz uma representação muito realista do que se passa
politicamente nos EUA do passado, do presente e do futuro.
Egroj mordeu um taco mexicano de carnitas e logo
perguntou:
- Existem outras razões porque você estava esperando
este ataque terrorista de Donald Trump?
- Claro meu caro Egroj. Aqui estão as razões. Em
primeiro lugar, o Donald Trump estava sendo submetido à constante e sistemática acusação do Partido
Democrata, da mídia corporativa (CNN, MSNBC, New York times, Washington
Post...), dos órgãos de inteligência, de ter sido beneficiado pela Rússia; que
a Rússia ajudou Trump a ganhar as eleições presidenciais dos EUA.
Romeu,
bebeu um gole de margarita, logo continuou:
- Em
segundo lugar, o Trump estava sendo acossado por sucessivas derrotas: tanto no
Congresso (pela rejeição de seu projeto para eliminar o Affordable Care Act, o “Obamacare”),
como na Justiça dos EUA (pela rejeição dos seus “Decretos-leis” que queriam
impedir a imigração da população de sete países aos EUA).
Romeu,
mordeu um pedaço do taco de carne mexicana, e, logo prosseguiu:
-Em
terceiro lugar, Donald Trump estava
sendo pressionado pela queda no seu índice de aprovação (de 46 para 38 por
cento) nas últimas semanas diante da opinião pública dos EUA. Ou seja, bastava
iniciar uma nova guerra (ou continuar com as guerras intermináveis nos países
pobres) para Trump imediatamente parar a queda
de sua popularidade e da sua credibilidade no país; para imediatamente
criar o consenso entre os estadunidenses.
Estimulado
pela argumentação de Romeu, o amigo Egroj pondera:
- Por
isso, o Donald Trump, decidiu apelar para a mesmo tipo de mentira, o mesmo tipo
de farsa e o mesmo recurso terrorista que tem sido efetivo para todos os
presidentes (republicanos e/ou democratas) anteriores a ele. Desta vez, o
pretexto de Trump para bombardear a Síria foi a acusação (sem provas) da
utilização de “armas químicas” por parte do governo Sírio.
- É isso
aí! O governo Trump está usando o mesmo tipo de pretexto mentiroso, o mesmo
tipo de farsa que foi usado antes pelo governo de George W. Bush contra o
Iraque (a acusação de que Saddam Hussein possuía armas de destruição massivas,
bombas atômicas), ou seja, como recurso terrorista para invadir o Iraque e
iniciar a guerra contra este país.
Egroj
sintetiza seu pensamento:
- Em
poucas palavras, o novo presidente dos EUA (supremacista, racista e
militarista), não fez mais do que dar continuidade (através do ataque
terrorista à Síria de Bashar al-Assad), a longa história e a perene tradição
dos governos estadunidenses: propagar mentiras para enganar a opinião pública
de dentro e fora dos EUA e atacar países e população dos países pobres do
Oriente Médio. Uma tradição que tem sido intensificada pelas últimas
presidências de governantes terroristas e genocidas como os ex-presidentes
George W. Bush, Barack Obama.
- O
discurso de Trump durante as primeiras semanas no poder enganaram parte da
opinião pública. As aparências indicavam que ele como presidente atuaria de
forma diferente dos presidentes
anteriores; que ele faria uma política independente dos poderes estabelecidos.
Recentemente, Trump trocou seu discurso em 180 graus: Antes, no seu discurso, a
OTAN não prestava pra muita coisa. Agora a OTAN é imprescindível nos seus
planos de governo. Antes, no seu
discurso, a Rússia era uma nação imprescindível e que era necessário ter uma
boa relação com Putin para resolver os problemas mundiais. Agora, no discurso
dele, as relações entre a Rússia e os EUA chegaram ao seu ponto mais baixo.
- Qual é a
conclusão que podemos tirar de toda essas mudanças do Trump?
- A
conclusão que podemos tirar é que o presidente Donald Trump, como todos os
presidentes anteriores foi finalmente submetida ao poder do estado profundo dos
EUA. Em poucas palavras, de agora em diante, o presidente Trump, vai ouvir,
obedecer e fazer a mesma politica que todos os presidentes fizeram antes dele;
ou seja: vai se submeter as decisões do Complexo Industrial Militar e das
agencias de espionagem e inteligência (CIA, FBI, NS), às diretrizes ideológico
e políticas dos Newcons (novos
conservadores), às exigências financeiras econômicas de Wall Street e das
corporações multinacionais do imperialismo dos EUA. Em resumo, no essencial não
vai mudar absolutamente nada com o governo de Trump.
- Okay
mano. Vamos ter que parar este papo por aqui! Vamos tomar
a última margarita, a saideira, e vamos
embora imediatamente porque não podemos dirigir embriagados neste país de
merda!
- See you later, aligator.
- After awhile
crocodile.
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