A tese é simples. Há um tipo de neoliberalismo difundido pela
Universidade de Chicago (EUA) a partir dos anos 1950, por obra do estadunidense
Milton Friedman, a pregar que o Estado não deve atuar em nada na economia.
Nada. A radical teoria teria sido testada pela primeira vez no Chile após o
golpe de 1973 que derrubou o socialista Salvador Allende e alçou ao poder o general
Augusto Pinochet. Alguns dos Chicago Boys colaboraram com a ditadura de
Pinochet, Friedman inclusive.
Esta proposta é tão radical e prejudicial por aumentar a pobreza e
a riqueza apenas de uma meia dúzia, que só pode ser aplicada em situações
excepcionais. Casos de ditaduras como a chilena. Em suma, ninguém ganharia uma
eleição presidencial, ao menos em países em desenvolvimento, ao propor
desfazer-se do patrimônio nacional com privatizações e aplicar totalmente o livre
mercado, formas de encarecer o custo de vida. Nem com promessas de fazer pesados cortes de
verba na área social de modo a desproteger os cidadãos carentes.
Para essa turma neoliberal, a democracia é um entrave às reformas
radicais pró-livre mercado. Em entrevista à Folha no início de agosto, o
tucano Armínio Fraga, presidente do Banco Central no governo neoliberal de
Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), esteve a ponto de dizer que política e
eleições atrapalham o PIB. Anda impaciente com um Congresso que tachou de
“atrasado” por não ter aprovado ainda uma reforma dura das
aposentadorias.
No Brasil, o aparente anestesiamento popular pós-impeachment
colaborou para o duro ajuste neoliberal. Mas também houve o uso de baionetas,
vide a convocação do Exército por Michel Temer para reprimir uma manifestação
em Brasília por sua saída do cargo e a decisão dele, revogada um dia depois, de
botar os militares para patrulhar as ruas da capital federal.
Logo após o impeachment,
Temer foi aos EUA, para a Assembleia Geral da ONU, e almoçou com endinheirados
estrangeiros em um hotel. Era 21 de setembro de 2016 e ele comentou que Dilma caíra
por não adotar a agenda neoliberal que norteia o atual governo, explicada no
documento “Ponte para o Futuro”. “Como isso não deu certo,
instaurou-se um processo que culminou agora com a minha efetivação como
Presidente.”, completou.
Meirelles anunciou há alguns dias
a ampliação em 200 bilhões de reais do rombo fiscal acumulado até 2020. Quando
Dilma mandou em 2015 um orçamento ao Congresso com rombo de 30 bilhões, a
agência rebaixou a nota do Brasil. Agora, fez o oposto. Emitiu um comunicado
durante o anúncio do ministro, a revelar que tinha tirado o País de um
monitoramento especial.
Meirelles, o homem do “mercado”,
agradece. Um sonhador com a Presidência, o ministro deu uma entrevista à Folha,
publicada na terça-feira 22, e arriscou: “Uma mensagem reformista deve ganhar a
eleição”.
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