Aproveito o domingo para republicar mais uma pensata, esta originalmente postada há pouco mais de um ano, em outubro de 2007.
Ao final da Primeira Guerra Mundial, desfeito o Império Turco-Otomano, as potências européias apossaram-se de regiões até então quase que desconhecidas para elas. Nesta ocasião foi necessário criar fronteiras para determinar as “colônias” nas áreas recém conquistadas.
Por extrema ignorância histórica, preconceito e prepotência raciais, tais fronteiras foram estabelecidas sem o menor conhecimento de quem as habitavam, seus costumes, etnias e religiões. Anteriormente, os mesmos colonizadores já haviam feito na África subsaariana divisões do gênero, sem o menor estudo de suas tradições, e até suas diversidades culturais e antagonismos. Ao final, juntavam-se povos que anteriormente eram inimigos entre si dentro de uma fronteira criada ao sabor de interesses dos conquistadores. Guerras civis prolongadas e sangrentas, foram a conseqüência mais notada após a independência destes territórios, principalmente a partir da segunda metade do século XX. Angola é um dos exemplos mais evidentes disso.
Conta a lenda que o mapa do Iraque foi traçado em um gabinete na cinzenta, sisuda e distante Londres, usando-se réguas e lápis coloridos, sem a menor compreensão de quem ou porque estava dentro daquelas linhas. E neste caso, três etnias e religiões foram ali colocadas sem a menor possibilidade de permanecerem juntas. Se formos fazer uma análise não tão profunda, o Iraque deveria ser constituido de pelo menos três países. Um xiita, um sunita e um terceiro curdo.
Para nós brasileiros, habituados a uma visão multiracial e multireligiosa, este tipo de pensamento pode parecer absurdo. O problema, no entanto é mais complexo em locais onde as diferenças são milenares e muito mais complexas. Agravando-se o fato de que tenham sido impostas de fora para dentro, ou seja pelos poderes colonialistas.
Por isso, estamos assistindo à invasão pelos turcos (1) do território iraquiano. No caso aos curdos do Iraque, que fazem parte de um grupo étnico que se considera como sendo nativo de uma região referida como Curdistão, e que inclui partes do Irã, Iraque, Síria e Turquia. Além disso, comunidades curdas também podem ser encontradas no Líbano, Armênia e Azerbaijão. Como os Bascos (da Espanha), eles desejam formar o seu país em definitivo. Com fronteiras demarcadas, hino e bandeira. A Turquia, sentindo-se pressionada, chegou ao ponto desta intervenção armada.
Tudo herança direta da imaginação de ingleses, franceses, espanhóis, portugueses e outros povos europeus que acharam que brincar de fazer mapinhas com “inocentes” réguas de madeira não teriam efeitos no futuro.
(1) Esta postagem foi escrita durante uma invasão da Turquia à região curda no Iraque.
Ao final da Primeira Guerra Mundial, desfeito o Império Turco-Otomano, as potências européias apossaram-se de regiões até então quase que desconhecidas para elas. Nesta ocasião foi necessário criar fronteiras para determinar as “colônias” nas áreas recém conquistadas.
Por extrema ignorância histórica, preconceito e prepotência raciais, tais fronteiras foram estabelecidas sem o menor conhecimento de quem as habitavam, seus costumes, etnias e religiões. Anteriormente, os mesmos colonizadores já haviam feito na África subsaariana divisões do gênero, sem o menor estudo de suas tradições, e até suas diversidades culturais e antagonismos. Ao final, juntavam-se povos que anteriormente eram inimigos entre si dentro de uma fronteira criada ao sabor de interesses dos conquistadores. Guerras civis prolongadas e sangrentas, foram a conseqüência mais notada após a independência destes territórios, principalmente a partir da segunda metade do século XX. Angola é um dos exemplos mais evidentes disso.
Conta a lenda que o mapa do Iraque foi traçado em um gabinete na cinzenta, sisuda e distante Londres, usando-se réguas e lápis coloridos, sem a menor compreensão de quem ou porque estava dentro daquelas linhas. E neste caso, três etnias e religiões foram ali colocadas sem a menor possibilidade de permanecerem juntas. Se formos fazer uma análise não tão profunda, o Iraque deveria ser constituido de pelo menos três países. Um xiita, um sunita e um terceiro curdo.
Para nós brasileiros, habituados a uma visão multiracial e multireligiosa, este tipo de pensamento pode parecer absurdo. O problema, no entanto é mais complexo em locais onde as diferenças são milenares e muito mais complexas. Agravando-se o fato de que tenham sido impostas de fora para dentro, ou seja pelos poderes colonialistas.
Por isso, estamos assistindo à invasão pelos turcos (1) do território iraquiano. No caso aos curdos do Iraque, que fazem parte de um grupo étnico que se considera como sendo nativo de uma região referida como Curdistão, e que inclui partes do Irã, Iraque, Síria e Turquia. Além disso, comunidades curdas também podem ser encontradas no Líbano, Armênia e Azerbaijão. Como os Bascos (da Espanha), eles desejam formar o seu país em definitivo. Com fronteiras demarcadas, hino e bandeira. A Turquia, sentindo-se pressionada, chegou ao ponto desta intervenção armada.
Tudo herança direta da imaginação de ingleses, franceses, espanhóis, portugueses e outros povos europeus que acharam que brincar de fazer mapinhas com “inocentes” réguas de madeira não teriam efeitos no futuro.
(1) Esta postagem foi escrita durante uma invasão da Turquia à região curda no Iraque.
8 comentários:
A divisão do Iraque foi desenhada por Winston Churchill enquanto Primeiro Lorde do Almirantado. Uma piadinha. Devia estar completamente bêbado no dia (rs)
Já havia lido (ou ouvido falar) sobre isto, Ieda querida.
Na verdade, acho até que nos comentários da publicação anterior surgiu este papo...
Cada um brinca como pode,´não é mesmo/
Excelente postagem republicada.
Segue notícias sobre o tema:
Curdos, uma Nação Esquecida
na Galeria da Aliança Francesa Salvador/Bahia. Novembro de 2008.
Lançamento de livro e exposição do fotógrafo brasileiro Rogério Ferrari.
Tenho acompanhado o trabalho deste fotógrafo, no anterior, "A Eloquência do Sangue" as imagens das lutas de libertação falam mais forte que os textos de análise sobre o tema. Parece que fazem parte da sua caminhada de estudo, me parece, não sei muito mais. Caso tenha tempo, passarei na Aliança Francesa esta semana. Fica na Ladeira da Barra,lembra?
Que coisa! Isso explica muita coisa.
Tenho de revisar meus cursos de Historia.
Bises,
Eliana
Sim, e brinca com suas conseqüências também, não é mesmo?
Muito bom o lançamento do livro sobre o tema... Só que não sabia que passados tantos anos a AF seria no memsmo lugar.
Uma atifude irresponsável qie pagou os custos que teve.
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