domingo, 21 de março de 2010

Absurdos de domingo

Absurdo I
Quando, no ano de 2000 registrei meus “casos de propaganda”, fui à Biblioteca Nacional e de forma fácil o fiz em um calhamaço de mais de 150 páginas.
Acontece que outro dia, imaginei uma frase para alguma emissora de rádio ou televisão que vá transmitir a Copa do Mundo de 2010. Daí lembrei que o saudoso tio Luiz, quando criou “Méxicoração” entrou pelo cano por não ter tomado os devidos cuidados. A Rede Globo chupou a ideia dele, e compôs inclusive um jingle. Fora lojas que imprimiram camisetas e faixinhas com a danada da frase.
Quatro anos depois, meu tio criou “Papa essa Brasil” para a Copa da Itália.
Desta vez cercou-se de todas as precauções e registrou tudinho. Resultado: vendeu para a Rede Globo, que novamente criou um jingle, e todos os que quiseram usar a frase tiveram que pagar os seus direitos autorais. Por bem ou por mal.
Outro dia, seguindo a tradição, criei a tal frase, que não revelo aqui, porque a “novela” não chegou ao fim. Daí fui me informar na internet e apareceu um órgão do Ministério da Cultura. Fui lá. Informaram-me que só registram textos com mais páginas. No mínimo um conto.
Começou a minha peregrinação. Foram mais de sete lugares em uma manhã inteira e parte da tarde. E, embora todas no centro, uma longe da outra. Quando o último dos sete me indicou para voltar ao primeiro eu lembrei de “Um dia de fúria” (direção de Joel Schumacher-1993), em que o personagem do Michael Douglas sai quebrando tudo numa lanchonete... Pôrra! Foi a vontade que deu!
Seguinte: este país é uma merda mesmo. Não adianta esta “pataquada” xenófoba pela qual passaram a dizer que o Brasil alcançou um nível de primeiro mundo. Você registrar uma frasezinha pequenininha não ter um lugar para isso. Numa das indicações fui parar num local para registro de “peças teatrais”.
Acabei entrando num cartório, autenticando uma cópia e registrando a firma, pois muita gente já havia visto a ideia e comecei a ficar com medo. Mas, sinceramente, eu tive vontade de virar espírita, entrar num centro desses e evocar meu finado e querido tio para que me mostrasse o caminho da pedras...

Absurdo II
Assisti na televisão outro dia o caso de um garoto acorrentado pela mãe por causa do crack. Triste história. Mas como culpar uma mãe tentar de toda maneira impedir que seu filho vá à rua cometer pequenos furtos para comprar a droga?
Está bem, é cárcere privado, mas, antes de mais nada e sem sombra de dúvida uma sinuca de bico para a justiça.

Absurdo III
Li na Tribuna da Imprensa: “Se os royalties fossem suspensos, cidades como Macaé, que tiveram crescimento extraordinário, não teriam dinheiro nem para tirar o lixo das ruas”.
É o mínimo que se pode dizer sobre esta “lei” absurda que não leva em conta o alto preço pago por cidades como Macaé (um bom exemplo), que eram agradáveis balneários e se transformaram em pouco tempo em grandes centros urbanos, cercadas de todos os problemas que as afligem.
E o pior de tudo, a perda de arrecadação, em torno de R$ 7 bilhões está a ameaçar inclusive a realização dos Jogos Olímpicos de 2016.
Mas a manifestação no centro do Rio na quarta feira, 17, reuniu cerca de 150.000 pessoas, apesar de, e tambem contra Cabral – que, aliás, é o único que ainda acredita que o sr. da Silva vai vetar a emenda. Foi uma mobilização expressiva. A maior desde a “Fora Collor”. E no mesmo dia em que São Paulo entrou na luta contra esta famigerada “emenda Ibsen”. Afinal, tambem há reservas de pré-sal naquele Estado.

Absurdo IV
Ontem a guerra do Iraque completou sete anos, alcançando um total de 4.703 soldados invasores mortos (fora os de empresas privadas) e dezenas de milhares de iraquianos, sendo grande parte deles civis...

10 comentários:

André Setaro disse...

Em primeiro lugar,a constatação de que hoje, domingo, as hipotéticas galinhas de seu imaginário dos tempos perdidos (quando morava em casa de quintal) lhe acordaram mesmo, pois, segundo vejo no meu relógio, estamos às 5 horas e meia da madrugada. Os 'bezerrões' também madrugam, como no caso daquele conto de Charles Dickens.

1) Este negócio de plágio é muito perigoso. Havendo uma boa idéia, necessário que se a registre imediatamente. O caso que você conta é exemplar nesse sentido.

2) O 'crack' é uma peste, uma praga, uma 'máquina de fazer doidos'. Na Bahia, vende-se 'crack' a céu aberto nas ruas do Pelourinho. O 'cárcere privado', no caso, é, realmente uma sinuca de bico para a justiça, pois a boa senhora apenas queria livrar o filho da morte iminente, porque o crack enlouquece em poucos anos e mata.

3) Mas não posso deixar de confessar: as galinhas, e galinhas imaginárias, também hoje me acordaram.

Jonga Olivieri disse...

Creio que bezerros e bezzerras lhe acordaram nesta madrugada, quase manhã.
O negócio do plagio está difícil de se enxergar uma luz no fim do túnel. Mas amanhã pela manhã tenho um encontro com meu advogado, que espero me facilite as coisas. Senão a copa passa e a ideia fica...
De resto os absurdos de uma mãe desesperada, dos royalties e das aventuras de um "império" geraram alguns "Spartacus" a lutar contra ele (o império ianque) e seu domínio sobre a Terra.

André Setaro disse...

Claro que o domingo é um dia de descanso para aqueles que trabalham, pisam no batente, escravos do trabalho. E é muito bom, para estes, poder acordar mais tarde, ficar com a família etc.

Mas já que você está a falar em absurdos do domingo, poderia dizer que o domingo, do ponto de vista existencial, é um absurdo. A ética puritana protestante sempre marginalizou aqueles que não produziam, que não trabalhavam, para o capitalismo em movimento. Desde menino, ouço dizer: "é preciso trabalhar, ganhar logo seu dinheiro". A mentalidade capitalista é realmente perversa. Mas para Aristóteles, sábio, o trabalho sempre atrapalhou a filosofia. O homem precisa de tempo para pensar e indagar sobre a vida e a existência. Trabalhar, para Aristóteles, era coisa de medíocres.

Viva a vagabundagem!!!!!!!!

Jonga Olivieri disse...

Mas Aristóleles tinha toda razão ao afirmar isso.
Veja bem: trabalho, no meu entender deve incorporar um lado lúdico, O prazer deve fazer parte dele.
Por exemplo, você meu caro Professor Setaro tem o maior prazer em fazer uma crítica sobre um filme e escrever sobre cinema.
Eu tenho um puta dum orazer em pintar um quadro ou fazer uma campanha (sem bezerradas). Tenho satisfação quando disposto a escrever neste blogue.
Mas o trabalho escravo, do qual a humanidade nunca se libertou. Aquele com horariozinho, ponto pra bater, hora do almoço... Olha, isso é mediocre mesmo!

Ieda Schimidt disse...

Deparar-se com a bur(r)ocracia é mesmo um alambrado difícil de transpor. Só posso te desejar muita sorte.

Desculpe-nos. Esta emenda partiu daqui, mas nem todos os gaúchos concordam com ela. E eu sou uma delas.

Eu duvido que o Obama consiga retirar as tropas do Iraque conforme prometeu.
Mas seá que ele vai cumprir alguma coisa do que prometeu?
A questão da saúde está aí no maior bochinche.

Jonga Olivieri disse...

Burrocracia, só a gente tendo que enfrentar é que vê o que é.
mas pra você ver como o PMDB é um saco de gatos. Tem Sarney, tem Ibsen e toda uma canalhada. Mas tambem tem Pedro Simon, por exemplo.
Agora, garanto-lhe que não é pior do que a UDN de macacão que é o PT, um saco de "putas" de todo tipo. A começar pelo sr.da Silva, um agente da CIA que se tornou presidente.
E Obama. querida Ieda Maria, espere e confira. Só vai fazer "cagada"...

Ludmila Olivieri disse...

Nossa! Eita domingão cheio de absurdos, né, tio?!

Acho que é um dia que a gente pára para pensar... Fazendo ou não parte dessa máquina bitolada dos trabalhadores batedores de ponto.

Tem muita coisa errada, muita mesmo... Acho que nesse sentido você fez um bom apanhado dos absurdos... na esfera pessoal e social e nessa interligação, como no caso da sua frase. Só mesmo indo a um centro espírita para saber o que seu tio (meu tio avó) fez e a quem ele recorreu para registrar tal frase. Loucura total! É uma negligência a gente não ter as informações corretas do que devemos fazer como cidadãos criativos e artistas perante o Minestério da Cultura... (isso dá um filme!!!! rs)
Mas por hoje fico com esse absurdo. Sem mais delongas!

Jonga Olivieri disse...

Desde o antigo "Pensatas" que um dia "sumiu" do ar misteriosamente (julho de 2008), pois nunca mais consegui recuperá-lo, tenho por hábito as "Pensatas de domingo"; que por vezes mudam de título, como hoje.
Aqui no "Novas Pensatas" mantive o velho hábito.
Quanto aos absurdos, eles estão por aí, nos chamando a atenção.
Infelizmente narrei apenas quatro, quando são muito mais.
Amanhã devo estar resolvendo o problema dos direitos autorais.

maria disse...

É o maior absurdo depender de alguma coisa burocrática mesmo.
Vi também na televisão esse caso do menino acorrentado em casa. Mas acho que todo mundo pensa da mesma forma. Será que a lei vai enquadrar ela? Acho injusto, pois ela fez por bem.
A guerra no Iraque já tem 7 anos??? Meu Deus, que horror!

Jonga Olivieri disse...

É isso aí, burocracia é um saco. Mas o pior mesmo é a desinformação.