sábado, 22 de maio de 2010

Minhas “pensatas”... Dos outros

“A palavra é o fenômeno ideológico por excelência. A realidade toda da palavra é absorvida por sua função de signo. A palavra não comporta nada que não esteja ligado a essa função, nada que não tenha sido gerado por ela. A palavra é o modo mais puro e sensível de relação social.”
Bakhtin, 1999, p. 36

“(...) pode-se compreender a palavra ‘diálogo’ num sentido amplo, isto é, não apenas como comunicação em voz alta, de pessoas colocadas face a face, mas toda comunicação verbal, de qualquer tipo que seja. O livro, isto é, o ato de fala impresso, constitui igualmente um elemento da comunicação verbal. Ele é objeto de discussões ativas sob a forma de diálogo e, além disso, é feito para ser apreendido de maneira ativa, para ser estudado a fundo, comentado e criticado (...)”
Bakhtin, 1999, p. 123

Mikhail Bakhtin (1895/1975), nascido em Orel, a sul de Moscou, cresceu entre Vínius e Odessa, cidades fronteiriças com grande variedade de línguas e culturas. Estudou Filosofia e Letras na Universidade de São Petersburgo, tendo vivido em Leningrado após a revolução de 1917. Entre os anos 24 e 29 conheceu os principais expoentes do Formalismo russo e publicou “Freudismo” (1927), “O método formal nos estudos literários” (1928) e “Marxismo e filosofia da linguagem” (1929), sendo esta última talvez a sua obra mais célebre. Foi perseguido e exilado por Stalin...

Para saber mais sobre Bakhtin:

4 comentários:

Ieda Schimidt disse...

Mikhail Bakhtin foi muito importante no estudo da lingüística a partir de um ponto de vista marxista.
Escolheste bem as 'tuas pensatas dos outros'.

André Setaro disse...

Eis que, não mais que de repente, o bloguista pensador ou, se se quiser, o pensador blogueiro (Aurélio - sim, aquele do dicionário - já morreu e não viveu a informática), resolve nos dar algumas pérolas vindas de Bakhtin, que, na minha modéstia, chamaria de 'pérolas do saber'. Há pessoas que sabem e aquelas que pensam saber, eis a verdade verdadeira no sentido kantiano.

Por falar em Kant, homem rigoroso e metódico, era pontualíssimo nos seus afazeres. Quando dava meia-dia, saia de seu gabinete e os seus vizinhos acertavam seus relógios com esta saída. Num tempo em que ainda não tinha viajado, recebeu o embaixador da Inglaterra, e ministrou uma palestra sobre o rio Tâmisa. Professor de geografia, descreveu suas margens em minúcias, relatando o que havia, pequenos detalhes, que assombraram o embaixador. Este lhe disse. Quero que o senhor seja meu cicerone numa próxima viagem à Londres. Mas, Kant, meio estupefato, respondeu: "Mas eu nunca estive na Inglaterra!"

Jonga Olivieri disse...

Nunca estive muito ligado a Bakhtin até porque linguística não é o meu 'pendor'. Mas do ponto de vista ideológico ele contribuiu até para definir a luta de classes pela diferença na linguagem, etc...

Jonga Olivieri disse...

Esse negocio de sair no horário eouros detalhes, me faz lembrar de um caso de Einstein em que ele estava a andar no Campus universitário e de repente encontrou um grupo de alunos que o fez parar e conversar.
Quando iam saindo um dos rapazes perguntou-lhe se já havia almoçado.
Einstein coçou o queixo, olhou pra cima meio que perdido e perguntou:
"Eu estava vindo de lá pra cá, ou de cá pra lá?" A turma respondeu unissono: "De lá pra cá".
Aí ele disse: "Ah, então já almocei!"
Coisa de gênio, né?!