O longa-metragem com 1:38:30 está na postagem acima.
Assisti anteontem, em cópia que baixei da internet, um filme que havia visto nos anos 1960, mas que tem tudo a ver com a situação do momento, com a visita oficial do papa ao Brasil, e a manipulação emocional utilizada pelo governo da Frente Popular(1) em conjunto com o clero e a grande mídia burguesa, junto às massas... Em especial a religiosa(2 ),anestesiada por uma propaganda massiva e alienante.
“Privilégio” (Privilege) é um filme de Peter Watkins(3),
Inglaterra/1967, com Paul Jones e a famosa –e belíssima– atriz e modelo Jean
Shrimpton, nos principais papeis.
A ficção, autoria de John
Streight, com roteirização de Norman Bognes, tem Steven Shorter (Paul Jones), como
o centro da narrativa, sendo o maior astro da música britânica, amado e ouvido
por todo o público, dos mais jovens aos mais idosos.
Seus produtores e empresários ,
no entanto, começam a usar a sua popularidade para projetos econômicos os mais
variados. E, enquanto Steven perde a pouco e pouco a sua individualidade,
transformando-se em um mero produto, sua posição de ícone torna-se útil para os
setores mais conservadores da sociedade do Reino Unido.
A Igreja e o Estado começam a utilizá-lo
para combater o ateísmo e o comunismo, tornando-o um instrumento do
fundamentalismo religioso cristão e de um nacionalismo ufanista de cunho nitidamente
fascista.
Do ponto de vista psicológico, o
filme aprofunda o conflito do personagem em sua progressiva perda de identidade
e o esmagamento de sua personalidade. Outrossim, realizado no período dos Beatles e Rolling Stones em seu apogeu, constitui-se, de alguma maneira uma análise
crítica à fabricação de ídolos na sociedade de consumo.
1. Frente Popular não é apenas uma simples coligação, mas um conceito
político. Chama-se de Frente Popular, desde os 1930’s os governos encabeçados
pelos partidos da classe trabalhadora em aliança com a burguesia.
Obviamente somente em situações excepcionais a burguesia incorpora
essas lideranças traidoras da classe operária ao governo, e, em situações mais
excepcionais ainda elas exercem o papel principal. Quando isso acontece, passa
a existir um governo de Frente Popular, mas o predomínio de líderes operários no “poder” não muda o caráter de classe
do governo, que continua sendo burguês.
2. Marx definiu a religião como o “ópio do povo”. No entanto, do século
XIX aos nosso dias, ocorreu um fortalecimento da burguesia após o craque
econômico de 1929, quando políticas reformistas agregaram setores de uma “aristocracia
operária”, inexistente à época de Marx, e reforçou-se do poder da mídia,
inicialmente com o surgimento do cinema e do rádio, e, posteriormente da
televisão. Essa mídias, reforçaram a reação da burguesia, da aristocracia rural
e do clero, ampliando o seu poder. Porem, em essência, a religião continua a
ser a grande aglutinadora da alienação estupefaciente. João Paulo II foi uma
prova de como o retrógado e corrupto Vaticano conseguiu uma comunicação junto às
massas, tendo exercido um papel importante na queda dos Estados Operários,
inclusive a URSS.
3. Após estudar drama na Academia Real de Arte Dramática, Watkins
começou sua carreira de cinema e TV como produtor assistente de filmes de
curta-metragem para televisão e comerciais e, no início dos anos 1960, foi
editor e diretor assistente de documentários da BBC.
Sua reputação como provocador político foi amplificada por “Punishment Park” (Parque da Punição),
uma história de conflito político violento nos Estados Unidos, que coincidiu
com o Massacre de Kent State.
Entre suas principais obras encontram-se “Culloden” (1964), “The War Game” (O Jogo da Guerra – 1963), “Privilege”
(Privilégio – 1964), “The Gladiators” (Os Galadiadores – 1969), “Punishment Park” (Parque da Punição – 1970),
“Resan” (A Jornada – 1987) , e “La Commune” (Paris, 1871 – 2000).
Watkins é também conhecido por suas opiniões políticas sobre a mídia
cinematográfica e televisiva, escrevendo extensamente sobre os problemas dos
jornais de televisão.
8 comentários:
Assisti este filme tambem, como ti nos anos '60 e confesso que gostei muito.
Hoje o revi com esta cópia que postastes e consegui achar melhor ainda.
Filme corajoso, este "Privilégio", que vi em 1967 no saudoso cinema Bahia em Salvador.
Fantástico! Demorei para comentar porque assisti o filme inteirinho. Um filme revolucionário e muito atuel e bem realizado do ponto de vista cimematográfico..
Filmaço!
Trata-se de uma sátira pesada sobre o mundo capitalista e a indústria da música que adere a uma política para distrair e ludibriar enquanto somos fanatizados pelo consumismo fruto da idolatria que nos é imposta.
O filme usa da própria cultura no contexto em que vive (1967)um meio de nos mostrar a maior arma da mídia e da religião - a alienação.
Acho que vi aqui no Rio, André... Mas tambem em 1967.
Só me lembrava de algumas cenas, e, daquele 'slogan' fascita: "We will conform!"...
Poucas vezes vezes assisti um filme tão bom!
Como você disse, nem parece que foi feito há quase meio século. É muito tempo, e o tempo não engoliu sua mensagem.
Caraças. mas de facto, Privilégio é um filme INQUESTIONÁVEL. Uma obra-prima da cinematografia em todos os tempos!
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