Federico Fellini conduziu a sua
brilhante obra como um Maestro, integrado na grandeza da Ópera italiana. Ontem,
a assistir na emissora de televisão “Arte 1” ao seu inesquecível “Ginger e Fred” pensava a todo o instante
na sua frugal visão poética da vida, da humanidade e do mundo.
Duas obras localizadas na fase
final de sua carreira trazem, de maneira crítica e inquietante, o papel da
televisão na arte e na sociedade. A primeira delas, este “Ginger e Fred”
(1985), trabalha um ponto humano e nostálgico do diretor e da própria sociedade
italiana em relação à telinha, tendo
um desfile de personalidades do passado em um programa de auditório durante o
Natal. A segunda é “Entrevista” (1987),
onde o próprio Fellini se põe como objeto de análise para um documentário
televisivo. Em “Ginger e Fred” temos como ponto inicial o reencontro
de dois artistas que dividiram o palco nos anos 1940, e há momentos hilariantes
em cenas nas quais destacam-se a crítica à TV e à alienação social em relação a
ela, mas a estrutura do programa de auditório, a apresentação das personalidades
esquecidas.
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“Ginger e Fred” é um filme
bastante inquietante. Ele liga um passado aparentemente doce a um presente repleto
de obstáculos, predomínio das máquinas e dos favores mais bizarros para atrair
público e dinheiro. Mesmo sendo um filme de 1985, permanece cada vez mais atual.
Porém, sem perder a poesia e aquele característico “ar circense” deste que foi
um dos maiores, quiçá o maior diretor/autor do cinema.
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Essas características de Fellini
são marcantes em toda a sua obra, desde “Mulheres
e Luzes” (1950) até “A Voz da Lua”
(1990) são 40 anos em que a sua força poética se aliou a uma visão
grotesco/folclórica da sociedade humana. Sua visão crítica não perdoou sequer a
igreja, da qual era um seguidor. Após o sucesso estrondoso de “A Doce Vida” (1960), setores mais
conservadores do catolicismo italiano abriram uma guerra surda e incansável
contra ele. Fellini vingou-se dos “reaças” com um episódio de “Boccaccio 70” (1962), no episódio “As tentações do dr. Antônio” em que
expõe ao ridículo um moralista/fundamentalista religioso e suas alucinações
edipianas.
Em resumo Federico Fellini (Rimini, 20/01/920 — Roma,
31/10/1993) foi um dos mais
importantes cineastas de todos os tempos, e ficou eternizado pela poesia de seus filmes, que, mesmo quando
faziam sérias críticas à sociedade, não deixavam a magia do cinema desaparecer.
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2 comentários:
Veja como são as coincidências da vida: hoje pensei em ti, após tanto tempo ausentes um do outro Jonga, querido meu. E logo hoje tu posta uma matéria sobre este homem por quem tambem sou apaixonada (pelo jeito gosto do sangue quente latino!). Veja bem, "Io sono tedesco, ma credo che Fellini il più grande regista di tutti i tempi... Questa è la verità..."
Um beijo saudoso da sempre tua Ieda!
Sem dúvida, Fellini foi importantíssimo para a história da cinematograsia.
E mesmo imbuido de uma ideologia religiosa (e logo Católica Apostólica, claro que Romana) ele tinha uma visão crítica bastante aguçada da sociedade.
Não somente em "Ginger e Fred", como em "81/2", "A Doce Vida", "Amarcord" e tantos outras realizações de sua obra (sim porque ele teve uma obra) artística predomina o questionamento do comportamento humano.
Jogando duro, mas como você bem o disse poéticsmente, porque para ele tambem "perder a ternura jamais!"
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