domingo, 19 de fevereiro de 2017

Pensatas de Domingo. Lavori dolce condotto da Federico Fellini



Federico Fellini conduziu a sua brilhante obra como um Maestro, integrado na grandeza da Ópera italiana. Ontem, a assistir na emissora de televisão “Arte 1” ao seu inesquecível “Ginger e Fred” pensava a todo o instante na sua frugal visão poética da vida, da humanidade e do mundo.

Duas obras localizadas na fase final de sua carreira trazem, de maneira crítica e inquietante, o papel da televisão na arte e na sociedade. A primeira delas, este “Ginger e Fred” (1985), trabalha um ponto humano e nostálgico do diretor e da própria sociedade italiana em relação à telinha, tendo um desfile de personalidades do passado em um programa de auditório durante o Natal. A segunda é “Entrevista” (1987), onde o próprio Fellini se põe como objeto de análise para um documentário televisivo. Em “Ginger e Fred” temos como ponto inicial o reencontro de dois artistas que dividiram o palco nos anos 1940, e há momentos hilariantes em cenas nas quais destacam-se a crítica à TV e à alienação social em relação a ela, mas a estrutura do programa de auditório, a apresentação das personalidades esquecidas.

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“Ginger e Fred” é um filme bastante inquietante. Ele liga um passado aparentemente doce a um presente repleto de obstáculos, predomínio das máquinas e dos favores mais bizarros para atrair público e dinheiro. Mesmo sendo um filme de 1985, permanece cada vez mais atual. Porém, sem perder a poesia e aquele característico “ar circense” deste que foi um dos maiores, quiçá o maior diretor/autor do cinema.

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Essas características de Fellini são marcantes em toda a sua obra, desde “Mulheres e Luzes” (1950) até “A Voz da Lua” (1990) são 40 anos em que a sua força poética se aliou a uma visão grotesco/folclórica da sociedade humana. Sua visão crítica não perdoou sequer a igreja, da qual era um seguidor. Após o sucesso estrondoso de “A Doce Vida” (1960), setores mais conservadores do catolicismo italiano abriram uma guerra surda e incansável contra ele. Fellini vingou-se dos “reaças” com um episódio de “Boccaccio 70” (1962), no episódio “As tentações do dr. Antônio” em que expõe ao ridículo um moralista/fundamentalista religioso e suas alucinações edipianas.

Em resumo Federico Fellini (Rimini, 20/01/920 — Roma, 31/10/1993) foi um dos mais importantes cineastas de todos os tempos, e ficou eternizado pela poesia de seus filmes, que, mesmo quando faziam sérias críticas à sociedade, não deixavam a magia do cinema desaparecer.

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2 comentários:

Ieda Shimidt disse...

Veja como são as coincidências da vida: hoje pensei em ti, após tanto tempo ausentes um do outro Jonga, querido meu. E logo hoje tu posta uma matéria sobre este homem por quem tambem sou apaixonada (pelo jeito gosto do sangue quente latino!). Veja bem, "Io sono tedesco, ma credo che Fellini il più grande regista di tutti i tempi... Questa è la verità..."
Um beijo saudoso da sempre tua Ieda!

joelma disse...

Sem dúvida, Fellini foi importantíssimo para a história da cinematograsia.
E mesmo imbuido de uma ideologia religiosa (e logo Católica Apostólica, claro que Romana) ele tinha uma visão crítica bastante aguçada da sociedade.
Não somente em "Ginger e Fred", como em "81/2", "A Doce Vida", "Amarcord" e tantos outras realizações de sua obra (sim porque ele teve uma obra) artística predomina o questionamento do comportamento humano.
Jogando duro, mas como você bem o disse poéticsmente, porque para ele tambem "perder a ternura jamais!"