Texto de Luis Nassif (GGN
– O Jornal de todos os Brasis)
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Fator 1 – a irrelevância de sua atuação à frente do MRE
O insuspeito
O Globo relacionou todos os fatos relevantes da gestão Serra no MRE. Sob o
impactante título “As principais passagens de Serra no MRE”, relacionou
os seguintes feitos:
Defesa do apoio
ao governo
- Polêmica com países bolivarianos
- Proximidade com a Argentina
- Passaportes diplomáticos
- E seu grande momento: Homenagem à Chapecoense.
E nada mais
havia para se dizer. O cargo, aliás, comprovou a profunda ignorância de Serra
em relação a qualquer tema contemporâneo. Em uma das áreas mais sensíveis, para
a reaproximação com os Estados Unidos, não logrou nenhum protagonismo. Sua
insegurança era tal que chegou a levar Fernando Henrique Cardoso em um dos
primeiros encontros de confronto do Mercosul, pela incapacidade de desenvolver
um discurso minimamente eficaz.
Na vitrine o
MRE, além disso, ficou escancarada sua baixíssima propensão ao trabalho. Serra
é de acordar tarde, dormir tarde e não tem pique gerencial. Por isso, em cargos
executivos acaba restringindo sua agenda diária a encontros insossos com um ou
outro secretário.
Fator 2 – sua irrelevância política
Serra é
detestado no PSDB, aturado no PMDB e descartado no governo Temer. No Palácio,
era alvo de piadas e gozações da troupe de Temer, por impropriedades cometidas,
a julgar pelos relatos do mais assíduo dos comensais, Jorge Bastos Moreno.
Havendo
eleições em 2018, o PSDB teria Geraldo Alckmin ou Aécio Neves e Temer—PMDB
apostará em Henrique Meirelles.
A volta para
o Senado devolve Serra ao seu habitat natural. Seu maior mérito foi o de sempre
ter-se cercado de bons assessores para as atividades parlamentares.
Fator 3 – a Lava Jato
Ao longo de
sua carreira, Serra sempre amarelou em momentos graves. Apesar de se dizer
defensor de câmbio competitivo, enquanto Ministro do Planejamento de FHC
desapareceu das discussões públicas. Anos depois, Gustavo Franco confessaria
seu espanto com o baixo nível de informação econômica de Serra.
No governo
de São Paulo, as principais crises foram enfrentadas assim:
- Na greve da USP, mandou a Polícia Militar retirar estudantes a cacetada.
- Na greve da Polícia Civil, que cercou o Palácio Bandeirantes, recuou
rapidamente de sua decisão de não receber grevistas e acabou premiando-os com
mais do que as próprias propostas da categoria.
- Nas enchentes que assolaram o Estado, sumiu. Não presidiu uma reunião sequer da
defesa civil, não veio uma vez sequer a público comandar os trabalhos do
governo. Quando saiu candidato a presidente, demonstrou não conhecer sequer o
conceito de Defesa Civil.
Com as
investigações da Lava Jato batendo na sua porta, o pânico é evidente. Até algum
tempo atrás, Serra mantinha em casa uma coleção de obras de arte capaz de
provocar inveja até em ricos de verdade, como Roberto Civita, dono da Abril. A
quebra do sigilo do fundo de investimento de sua filha Verônica certamente
teria um efeito devastador sobre seu futuro.
No Senado,
Serra voltará a ser mais um dentre muitos – e não um Ministro exposto. E terá
tempo para tentar recompor seus laços com a Polícia Federal e o Ministério
Público Federal, que lhe permitiram, em outros tempos, montar dossiês mortais e
ações policiais contra adversários políticos.
Fator 4 – a doença
Em
praticamente todas as fotos em que aparece, como chanceler, há a expressão do
olhar vazio, da falta de energia, indicando claramente problemas físicos. Serra
alega ter dores na coluna que o impediriam de efetuar viagens longas. É
provável.
Mas padece
de outros problemas. Colegas tucanos apontam para uma depressão continuada.
Cenas recentes – dele não sabendo declinar nomes de países que compõem os BRICs
– podem indicar problemas graves de memória, mas pode ser efeito de
medicamentos pesados.
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Um comentário:
Impossível se "engolir" que Serra saíra apenas por questões de saúde... estão aí os motivos que o afastaram. Principalmente (e sem dúvida) a "Lava Jato".
Aguardemos, pois!
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