Em excelente matéria, o jornal “O Estado de São Paulo”, analisou em seu Caderno 2, o livro de Susan Butler “Prezado Sr. Stalin” que revela cartas trocadas entre Roosevelt e Stalin, no decorrer da II Guerra Mundial. A correspondência permaneceu 60 anos sem divulgação, até ser encontrada, ao acaso, pela jornalista. Em 2001, ela fazia uma pesquisa na biblioteca Franklin Roosevelt, em Nova York, quando se deparou com o material, que logo percebeu que “... traziam dados históricos pouco conhecidos e vitais para se compreender a relação entre a América e a União Soviética durante a guerra” (sic). “Elas permitem descobrir os meandros de um jogo complexo e brilhante entre dois grandes comandantes.”, concluiu Susan. Segundo ela, a primeira foi enviada por Roosevelt em julho de 1941, logo depois do súbito ataque nazista à União Soviética. A última, seguiu em abril de 1945, pouco antes da morte do presidente estadunidense. Foram mais de 300 cartas e mensagens trocadas entre Roosevelt e Stalin, escritas no calor da guerra que revelam as suas personalidades, bem como estratégias políticas. Após catalogar todo este material, Susan lançou o livro, agora traduzido no Brasil pela Jorge Zahar.
Em 1941, aconteceram dois fatos decisivos, a invasão da URSS pelos alemães, quebrando o “pacto de não-agressão” entre Hitler e Stalin, e o ataque a Pearl Harbor, obrigando os EUA a oficialmente declararem guerra ao Japão, e consequentemente aos outros países do “Eixo”, Alemanha e Itália. Roosevelt, Stálin e Churchill formaram então a força aliada que lutou contra Adolf Hitler, já à época com diversos países simpatizantes. Receoso de os soviéticos capitularem diante do gigantesco poder militar alemão, Roosevelt anunciou um auxílio financeiro à União Soviética e iniciou a garantia de que os EUA auxiliariam o país invadido.
Aí começa uma correspondência codificada, muito embora às vezes um dos líderes escolhesse um conselheiro de confiança para entregar em mãos uma determinada mensagem. Nessa correspondência, os dois “comandantes” trocaram idéias sobre remessas de armas, decisões a serem tomadas contra Hitler e seus parceiros, a data da invasão pelo Canal da Mancha (o Dia D), o destino da Polônia e a composição da Assembléia Geral das Nações Unidas.Susan Butler identificou e diferenciou os dois estilos. “Se, por um lado, sabia ser cortês, Stalin não escondia que governava pelo terror. Já Roosevelt era um homem que empregava a persuasão, o charme e uma certa atitude de laissez-faire”, narra a pesquisadora, convencida de que o segundo estava disposto a romper a barreira que o separava do ditador soviético, importante passo para que os Estados Unidos abandonassem sua política autocentrada.
Mesmo assim, houve alguns momentos de grande tensão. Por duas vezes, Stalin interpelou Roosevelt com mensagens ásperas. A primeira, depois que Churchill e o presidente estadunidense se encontraram no Canadá para planejar a rendição da Itália, em outubro de 1943, Stalin protestou que “o governo soviético não foi informado sobre as negociações anglo-americanas com os italianos”. O segundo foi mais grave. Em março de 1945, Stalin contestou a negativa dos ianques em aceitar a presença de um emissário soviético durante o acerto da rendição do exército alemão em território italiano. Em resposta à garantia de Roosevelt de que nenhuma negociação estava em andamento, Stalin foi claro: “Deve-se presumir que o senhor não esteja completamente informado.” Embora irritado com a acusação, Roosevelt contornou a situação, pois, em seu plano de paz pós-guerra contava com o indispensável apoio soviético. Plano que foi por terra com a sua morte e a ascenção de Truman, que gerou a “guerra fria”, na opinião de Susan Butler.
Em 1941, aconteceram dois fatos decisivos, a invasão da URSS pelos alemães, quebrando o “pacto de não-agressão” entre Hitler e Stalin, e o ataque a Pearl Harbor, obrigando os EUA a oficialmente declararem guerra ao Japão, e consequentemente aos outros países do “Eixo”, Alemanha e Itália. Roosevelt, Stálin e Churchill formaram então a força aliada que lutou contra Adolf Hitler, já à época com diversos países simpatizantes. Receoso de os soviéticos capitularem diante do gigantesco poder militar alemão, Roosevelt anunciou um auxílio financeiro à União Soviética e iniciou a garantia de que os EUA auxiliariam o país invadido.
Aí começa uma correspondência codificada, muito embora às vezes um dos líderes escolhesse um conselheiro de confiança para entregar em mãos uma determinada mensagem. Nessa correspondência, os dois “comandantes” trocaram idéias sobre remessas de armas, decisões a serem tomadas contra Hitler e seus parceiros, a data da invasão pelo Canal da Mancha (o Dia D), o destino da Polônia e a composição da Assembléia Geral das Nações Unidas.Susan Butler identificou e diferenciou os dois estilos. “Se, por um lado, sabia ser cortês, Stalin não escondia que governava pelo terror. Já Roosevelt era um homem que empregava a persuasão, o charme e uma certa atitude de laissez-faire”, narra a pesquisadora, convencida de que o segundo estava disposto a romper a barreira que o separava do ditador soviético, importante passo para que os Estados Unidos abandonassem sua política autocentrada.
Mesmo assim, houve alguns momentos de grande tensão. Por duas vezes, Stalin interpelou Roosevelt com mensagens ásperas. A primeira, depois que Churchill e o presidente estadunidense se encontraram no Canadá para planejar a rendição da Itália, em outubro de 1943, Stalin protestou que “o governo soviético não foi informado sobre as negociações anglo-americanas com os italianos”. O segundo foi mais grave. Em março de 1945, Stalin contestou a negativa dos ianques em aceitar a presença de um emissário soviético durante o acerto da rendição do exército alemão em território italiano. Em resposta à garantia de Roosevelt de que nenhuma negociação estava em andamento, Stalin foi claro: “Deve-se presumir que o senhor não esteja completamente informado.” Embora irritado com a acusação, Roosevelt contornou a situação, pois, em seu plano de paz pós-guerra contava com o indispensável apoio soviético. Plano que foi por terra com a sua morte e a ascenção de Truman, que gerou a “guerra fria”, na opinião de Susan Butler.
10 comentários:
Estava mesmo sentindo falta das tuas postagens. Vou procurar o livro.
Bom retorno. Estava até me acostumando a não ter o hábito de meus passeios diários ao seu blog. Agora, está de volta.
Que coisa! Devem ser realmente interessantes essas cartas.
E a pesquisadora revela quem as reuniu? Como é que essas cartas foram guardadas de cada lado e como é que elas foram parar na biblioteca, à disposiçao do publico? E quando?
Essa historia de um pesquisador "achar" coisas "esquecidas" numa biblioteca na verdade nao existe. O bibliotecario que classificou o objeto e o pôs à disposiçao ja executava uma estratégia de "documentalizaçao".
Tao importante quanto o conteudo dos documentos é o modo pelo qual eles sao transformados em "documentos", né nao?
Bises,
Eliana
Deve ser um livro muito interessante, Ieda. também gostaria de ler.
Sim, JR, vamos tocar em frente...
Eliana, li esta matéria no Estadão online e chamou a minha atençâo. No entanto, não li o livro, e, creio essas informações devem estar nele, presumo. Quanto às suas observações, sem dúvida procedem.
Susan Butler, ao que parece, no livro em questão, faz luz sobre fatos que permaneceram obscuros nas relações entre os EUA e a URSS stalinista. É o passar do tempo que possibilita as revelações, as descobertas daquilo que ficou recôndito na História. O blog começa já "pondo para quebrar" com uma postagem esclarecedora e interessante, pois ninguém pode ficar indiferente aos fatos históricos no que tem eles de reveladores de uma "engrenagem subterrânea". Já é tempo de se abrir, aqui no Brasil, os famigerados arquivos da ditadura, não é mesmo?
Tudo tem seu tempo. Parece que os militares se opõem a essas iniciativas.
O problema no Brasil é que ainda não amadureceram as condições para a abertura desses "famigerados" arquivos para o grande público.
Mas, tenho certeza, um dia acontecerá. Assim como a "guerra fria" retardou a divulgação das cartas, chegará a nossa vez...
Que bom. Só hoje li a sua mensagem sobre a reativação do blog. Estarei presente porque sou sua fã.
Comecei gostando dessa matéria. Oxên!
Obrigado Maria Bonita...
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