sábado, 20 de setembro de 2008

Discurso x modernidade

Tenho acompanhado o horário político na televisão, e um aspecto tem me chamado bastante atenção. É o do discurso de certos partidos de esquerda. Acontece que desde a queda do império soviético, da derrubada do muro de Berlim, da propaganda mentirosa da direita afirmando que as ideologias acabaram, há uma necessidade premente que se compreendam os novos tempos. Não se pode continuar com um discurso que, no meu entender, ficou velho e soa a jurássico.
Falar do jeito que se vem falando não vai levar a nada! O mundo mudou muito. Qualquer coisa que tenha alguma relação com o linguajar que foi comum na era stalinista fica soando a algo hermético e sectário. Ainda mais vindo de uma organização que se diz trotskista em suas origens. Chega a ser contraditório. Leon Trotsky era um pensador moderno para a sua época. Garanto que se vivo fosse, teria compreendido as modificações por que passamos no curso da história, e jamais faria um discurso como aquele que tenho visto por parte do PSTU.
Aliás, a IV Internacional (1) é um saco de gatos. Existem várias vertentes (2) que se dizem seguidoras dos princípios que orientaram a sua fundação. Na época o discurso era aquele. De forma burocrática os membros dessas correntes insistem em não avançar no tempo. Isto é uma atitude nada dialética. A comunicação é importante. Falar uma língua que todos possam entender e não parecer antiquada faz parte dessa conjuntura.
É necessária uma reciclagem no discurso para que ele fique moderno e eficiente. O PSTU e outras organizações alinhadas à esquerda têm a necessidade de fazer um upgrade em tudo o que falam. Ou correr o risco de ficarem ainda mais “nanicas” e isoladas à medida que o tempo passe.

(1) A IV Internacional foi fundada por Trotsky no ano de 1938, em oposição à III Internacional, também conhecida como Internacional Comunista, que Stalin rebatizou de Comintern.
(2) Quando militei, nos anos 1960, era filiado à Seção Latino-americana da IV Internacional, da qual eu discordava em vários aspectos. Na ocasião não consegui estabelecer contatos com a européia, que tinha posições mais próximas do meu pensamento. Hoje existem no mundo várias correntes que dizem representar a IV Internacional.

10 comentários:

Anônimo disse...

Procede a tua crítica.
A comunicação do PSTU, PCO e outros partidos mais à esquerda estão mantendo uma linguagem antiga que os faz ficarem isolados das massas.
Quanto à IV Internacional, sempre teve sérios problemas de unidade.

Jonga Olivieri disse...

Fico impressionado com a comunicação deles. Parece que pararam no tempo.

Anônimo disse...

Pôxa, mandei um comentário pra você às onze da manhã e não foi publicado.
Eu disse nele que concordo e que esses caras parecem uns sujeitinhos do passado mesmo, como se estivessem numa máquina do tempo, manja?

Jonga Olivieri disse...

Ok, JR, não precisa ficar nervoso, mas às vezes isso acontece. Quanto ao seu comentário, adorei a "máquina do tempo".

Stela Borges de Almeida disse...

Novas Pensatas muda de estilo e traz novas análises de conjuntura. Provavelmente terei que modificar, também, o título do blog Cultura, Política e Cinema. Como está, indica uma dimensão tão ampla e diversificada, complexa e exigente, cruzes! Pra lá de Carta Capital!!! Envie-me sugestões baiano, mineiro, carioca para que a baiana aqui não permaneça tão fora de lugar. Bom publicitário é assim, muda primeiro e contagia. Um grande abraço, minha admiração.

Jonga Olivieri disse...

Stela, acho que o título de seu blogue é fantásticamente abrangente.
Cultura, Política e Cinema é aquilo que você realmente aborda em suas postagens.
Mas, podemos pensar em algo diferente. Claro que para tal precisamos de um tempinho, mas quem sabe.
Quanto à admiração: a recíproca é verdadeira.
E VAMUQUIVAMU!

Anônimo disse...

Apesar de ser uma iniciante no tema (você tem sido um professor para mim), concordo com seu ponto de vista sobre essas organizações que insistem num discurso completamente desajustado com os tempos pelo qual passamos.
Para que se façam compreender tem que falar uma linguagem moderna, atual e não a retórica de épocas que já foram enterradas.

Jonga Olivieri disse...

Caramba, Mary, você me deixa até meio que sem jeito com esses seus comentários. Quem sou eu para ser um professor!
Mas, é isso aí. Esses partidos precisam de um update (reformatação) completo. Não estão compreendendo o momento pelo qual estamos a passar, e podem ser superados e enterrados.
Afinal a história é uma devoradora de homens e caracteres.

Anônimo disse...

Papo de altíssimo nível.
Otávio

Jonga Olivieri disse...

É isso aí, Tavinho!