Pensatas de domingo foram uma constante no antigo Pensatas, muito embora tenha, ao longo do tempo, feito intervalos maiores entre elas. Todavia gosto demasiado de divagações desprovidas de compromissos em um dia idem. Tenho estado muito envolvido com a maior crise do sistema capitalista das últimas décadas, o que talvez tenha tornado este blogue um tanto quanto pesado. De qualquer forma, aproveito o momento para algumas recordações e observações pontuais.
Acidentes de percurso
Quinta feira passada a Ieda Maria, que faz parte da “meia dúzia de leitores” e comentaristas assíduos deste blogue deu-me um susto. Passou um e-mail para mim pedindo para que publicasse o seu comentário, pois não conseguia mandar o texto em função de um aviso que comunicava a publicação estar fora do ar.
O “Pensatas” original desapareceu. Escafedeu-se da noite pro dia, sem aviso prévio ou sequer um simples adeuzinho. Caramba!, pensei c’os meus botões. Está a acontecer novamente? Prontamente e estressado corri para o blogue e verifiquei tratar-se de algo que deva ter acontecido momentaneamente com o acesso dela. Em seguida, ainda sob impacto, copiei e colei o seu – como sempre brilhante – comentário.
O que aconteceu com o blogue anterior eu não sei. E, depois de todas as tentativas infrutíferas eu não quero mais saber... e tenho raiva de quem sabe! Afinal, troquei minha senha de acesso e tentei esclarecimentos sobre o que possa ter havido e não obtive sucesso nesta empreitada.
Mineirices
Dizem que o maior olho do mundo é o do mineiro, porque cabe um trem lá dentro. Trem é tudo. Pode ser um objeto: “comprei aquele trem.”. Ou uma situação ruim: “mas que trem mais chato, sô!”. Ou boa como “trem danado de bom!”.
Uma ocasião, estava eu na casa de uns amigos mineiros, e, no meio do papo, observei que tem uma coisa que muito me incomoda na língua falada por aquelas plagas.
Quando, por exemplo, se acha um chaveiro e têm várias pessoas no local, quem o encontrou pergunta: “Isso aqui é seus?”. Imediatamente o meu amigo, um físico com doutorado na França e os cambal, protestou veementemente alegando que ele não falava daquele jeito.
Alguns instantes depois, aconteceu uma situação semelhante e ele perguntou algo muito parecido. Ato falho, mas imediatamente eu gozei a cara dele. Como também diria o mineiro: “Quis coisas mais engraçadas!”. O “quis”, no caso, refere-se a mais de um fato engraçado. Demais da conta, não é mesmo?
Tinha que ser Sampa
Sempre me lembro de São Paulo nesses meus papos de domingo. Mas é que a terra dos bandeirantes é (ou será que já foi?) realmente um lugar maravilhoso. Morei lá nos fins dos anos 60 e início dos 70. Naquela época tinha uma lanchonete no centro, quase na imortalizada esquina de Ipiranga com São João. Era a “Salada Paulista”. Um balcãozão em U, sem cadeiras ou bancos que servia um chope gelado, para além de sanduíches e acepipes que até hoje me deixam de água na boca só de pensar.
A primeira vez que fui lá, foi com o meu tio Fernando, quando chegamos de viagem, no dia em que estava mudando para a Paulicéia. Comi um croquete, que nem o da Pavelka em Petrópolis consegue chegar aos pés. Coisa séria. Muito séria.
Pena que acabou. Fechou com a onda de fastfoods estandartizados que os gringos espalharam pelo mundo globalizado em que vivemos. Ai que saudade!
Mas o fato é que até hoje ainda se encontra o Bauru autêntico bem pertinho dali, num bar chamado “Ponto Chic”, a casa em que nasceu o famoso sanduíche. E que eu garanto, nunca comi um igual aquele em nenhum bom boteco da vida.
E, por falar em São Paulo...
Morei em dois apartamentos nos quase três anos de minha vida naquela metrópole. O primeiro era na Antônio Carlos, uma simpática rua, bem pertinho da Augusta. Depois foi na Brigadeiro Luis Antônio, quase ao lado do Hotel Danúbio, que na época hospedava a seleção brasileira de futebol. Isso nos tempos em que se praticava o esporte bretão com maestria por esses lados do mundo.
Neste último, quase sempre eu voltava do trabalho (perto do Largo do Arouche) a pé. Era uma caminhada e tanto, que inclusive atravessava o viaduto do Chá. Mas, no auge dos meus vinte e cinco anos era sopa.
Antes de ir para casa, passava no boteco de um grego. Ficava lá a jogar conversa fora com o dono e ouvindo suas histórias helênicas, enquanto degustava tremoços seguidos de uma pizza, regados a cerveja com steinhegger.
Claro que eu saia dali entre tropeços e me jogava na cama para um bom sono. Pelo menos sem sentir o frio danado que faz naquela terra.
O fim de uma era
Paul Newman foi uma lenda. Faleceu neste sábado, deixando uma lacuna no cinema.
Deixei um comentário no excelente blogue do professor André Setaro (Setaro’s blog, nos links ao lado) em que enfatizo que o ator participou na criação de um estilo – juntamente com Marlon Brando e James Dean – que marcou a moderna cinematografia a partir do Actor's Studio.
Pergunto no limiar desta nova era, o que virá por aí? Morreu o “doce pássaro da juventude”, mas, pode crer, ficou o mito... E que ele dê frutos.
Acidentes de percurso
Quinta feira passada a Ieda Maria, que faz parte da “meia dúzia de leitores” e comentaristas assíduos deste blogue deu-me um susto. Passou um e-mail para mim pedindo para que publicasse o seu comentário, pois não conseguia mandar o texto em função de um aviso que comunicava a publicação estar fora do ar.
O “Pensatas” original desapareceu. Escafedeu-se da noite pro dia, sem aviso prévio ou sequer um simples adeuzinho. Caramba!, pensei c’os meus botões. Está a acontecer novamente? Prontamente e estressado corri para o blogue e verifiquei tratar-se de algo que deva ter acontecido momentaneamente com o acesso dela. Em seguida, ainda sob impacto, copiei e colei o seu – como sempre brilhante – comentário.
O que aconteceu com o blogue anterior eu não sei. E, depois de todas as tentativas infrutíferas eu não quero mais saber... e tenho raiva de quem sabe! Afinal, troquei minha senha de acesso e tentei esclarecimentos sobre o que possa ter havido e não obtive sucesso nesta empreitada.
Mineirices
Dizem que o maior olho do mundo é o do mineiro, porque cabe um trem lá dentro. Trem é tudo. Pode ser um objeto: “comprei aquele trem.”. Ou uma situação ruim: “mas que trem mais chato, sô!”. Ou boa como “trem danado de bom!”.
Uma ocasião, estava eu na casa de uns amigos mineiros, e, no meio do papo, observei que tem uma coisa que muito me incomoda na língua falada por aquelas plagas.
Quando, por exemplo, se acha um chaveiro e têm várias pessoas no local, quem o encontrou pergunta: “Isso aqui é seus?”. Imediatamente o meu amigo, um físico com doutorado na França e os cambal, protestou veementemente alegando que ele não falava daquele jeito.
Alguns instantes depois, aconteceu uma situação semelhante e ele perguntou algo muito parecido. Ato falho, mas imediatamente eu gozei a cara dele. Como também diria o mineiro: “Quis coisas mais engraçadas!”. O “quis”, no caso, refere-se a mais de um fato engraçado. Demais da conta, não é mesmo?
Tinha que ser Sampa
Sempre me lembro de São Paulo nesses meus papos de domingo. Mas é que a terra dos bandeirantes é (ou será que já foi?) realmente um lugar maravilhoso. Morei lá nos fins dos anos 60 e início dos 70. Naquela época tinha uma lanchonete no centro, quase na imortalizada esquina de Ipiranga com São João. Era a “Salada Paulista”. Um balcãozão em U, sem cadeiras ou bancos que servia um chope gelado, para além de sanduíches e acepipes que até hoje me deixam de água na boca só de pensar.
A primeira vez que fui lá, foi com o meu tio Fernando, quando chegamos de viagem, no dia em que estava mudando para a Paulicéia. Comi um croquete, que nem o da Pavelka em Petrópolis consegue chegar aos pés. Coisa séria. Muito séria.
Pena que acabou. Fechou com a onda de fastfoods estandartizados que os gringos espalharam pelo mundo globalizado em que vivemos. Ai que saudade!
Mas o fato é que até hoje ainda se encontra o Bauru autêntico bem pertinho dali, num bar chamado “Ponto Chic”, a casa em que nasceu o famoso sanduíche. E que eu garanto, nunca comi um igual aquele em nenhum bom boteco da vida.
E, por falar em São Paulo...
Morei em dois apartamentos nos quase três anos de minha vida naquela metrópole. O primeiro era na Antônio Carlos, uma simpática rua, bem pertinho da Augusta. Depois foi na Brigadeiro Luis Antônio, quase ao lado do Hotel Danúbio, que na época hospedava a seleção brasileira de futebol. Isso nos tempos em que se praticava o esporte bretão com maestria por esses lados do mundo.
Neste último, quase sempre eu voltava do trabalho (perto do Largo do Arouche) a pé. Era uma caminhada e tanto, que inclusive atravessava o viaduto do Chá. Mas, no auge dos meus vinte e cinco anos era sopa.
Antes de ir para casa, passava no boteco de um grego. Ficava lá a jogar conversa fora com o dono e ouvindo suas histórias helênicas, enquanto degustava tremoços seguidos de uma pizza, regados a cerveja com steinhegger.
Claro que eu saia dali entre tropeços e me jogava na cama para um bom sono. Pelo menos sem sentir o frio danado que faz naquela terra.
O fim de uma era
Paul Newman foi uma lenda. Faleceu neste sábado, deixando uma lacuna no cinema.
Deixei um comentário no excelente blogue do professor André Setaro (Setaro’s blog, nos links ao lado) em que enfatizo que o ator participou na criação de um estilo – juntamente com Marlon Brando e James Dean – que marcou a moderna cinematografia a partir do Actor's Studio.
Pergunto no limiar desta nova era, o que virá por aí? Morreu o “doce pássaro da juventude”, mas, pode crer, ficou o mito... E que ele dê frutos.
10 comentários:
Antes da proliferação dos "fast foods", os sanduíches se limitavam aos de queijo, misto (queijo e presunto), o americano (com um bife ralo, queijo, tomate, alface) e o famigerado Baurú. Salomão, que você conheceu em priscas eras em Salvador, sempre que chegava ao balcão de uma lanchonete soteropolitana em Nazaré, que íamos sempre, com sua voz de barítono pedia: "Me dê um baurú aí!", fazendo com que as outras pessoas presentes olhassem para ele. Assim como os cinemas se 'multiplexaram', perdendo a classe, o estilo particular, os velhos sanduíches deram lugar aos 'fast-foods' e aos hamburgueres e cheeburgueres, passaportes diretos para o congestionamento cardíaco e cerebral, tal o nível altíssimo de colesterol.
O teu trauma motivou uma confusão com a minha mensagem. Confesso que também fiquei preocupada na ocasião.
Gostei do Pensatas de Domingo com título novo. Domingueiras também é muito bom.
Aqui também tinhamos lanchonetes bem mais agradáveis do que esses horríveis MacDonalds, padronizados. Foram se acabando.
Enquanto escrevia a postagem, claro que me lembrei do Salomão pedindo o Baurú com sua voz "cavernosa" naquela lanchonete em Nazaré. Bons tampos.
Aliás, estou recordando agora uma vez que ele levantou num debate sobre cinema e deu uma cortada geral. Onde o cara flava era um escândalo.
Que fim terá levado o Salomão?
Recordo que ele viajou para um kibutz em Israel. Naquele tempo ainda havia esperanças "socialistas" quanto ao futuro por parte de alguns "judeus progressiatas".
Que bom, também gostei muito de "Domingueiras". Dá uma cara nova, não é mesmo?
Assisti diversos filmes com o Paul Newman. Er a um ator que como você disse marcou uma era. Ele e o Steve Mac Quin ainda tinham aquela coisa de correr em Indianapolis. O sujeito era muito fera.
Otávio
Paul Newman foi ator de obras marcantes como “O indomado”, “Gata em teto de zinco quente”, “Doce pássaro da juventude” ou “Hombre”. Steve McQueen foi um bom ator e uma personalidade carismática, mas não chegou a ser como Newman. Entre outras coisas porque morreu muito cedo. Realmente, ambos correram nos circuitos ovais daquelas 'Fórmulas Indy' da vida nos Estados Unidos.
Aliás, Paul Newman até poucos anos atrás.
Você tem toda razão. São Paulo tem coisas fantásticas em comes, bebes e teatro. Mas maravilhoso é o Rio de Janeiro. Apesar de tudo ainda é.
Você falou de teatro. É mesmo.
Eu me lembro que quando vi "O balcão", a montagem era especialíssima.
Construiram um teatro só para exibir a peça.
Loucura!
Adorei as mineirices. Porque eu estive uma ocasião em Belo Horizonte e me chamaram a atenção essas expressões.
Demais da conta, uai!
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