Lembro que passei boa parte dos anos 80 ouvindo nos noticiários a frase “... mais um golpe na Bolívia”. Era a época das ditaduras militares na América, incentivadas pelo império estadunidense em seu “quintal” para frear a influência cubana, no auge da guerra fria. Foram dezenas deles. Toda vez que aquele país andino elegia um novo presidente, e que este começava a se insurgir contra os “preceitos legais”, vinha lá um general e o derrubava.
Nos dias de hoje, em pleno século 21, esta artimanha não cola mais. Mas existem outras saídas. O que o imperialismo está a elaborar é a “kosovização” (1) dos nossos vizinhos. O próprio Morales, no decorrer da recente reunião do Unasul em Santiago, declarou que os Estados Unidos estão conspirando e tentando dividir a nação boliviana.
Na verdade, apenas ele e Chávez declararam isto abertamente. Os outros ficaram em cima do muro.
Chávez, a pedra da vez no calcanhar dos estadunidenses está incomodando demais o império de Monroe (2). Não creio que os ianques vão resistir muito tempo sem achar um pretexto para intervir na Venezuela. A sorte é que as eleições nos EUA estão a adiar esta ação. Muito embora recentemente o presidente venezuelano tenha denunciado uma nova tentativa de golpe de estado. Mas na Bolívia, mais fraca e fracionada, as coisas estão andando a passos largos. Mais um golpe na Bolívia.
(1) Li recentemente na Tribuna da Imprensa, na coluna do excelente Argemiro Ferreira o termo “balcanização” da Bolívia, que vem a ser um sinônimo desta tese da “kosovização”.
(2) A doutrina de Monroe dizia “a América para os americanos”, que pode ser interpretada em sua forma mais objetiva como “a América para os estadunidenses”.
Nos dias de hoje, em pleno século 21, esta artimanha não cola mais. Mas existem outras saídas. O que o imperialismo está a elaborar é a “kosovização” (1) dos nossos vizinhos. O próprio Morales, no decorrer da recente reunião do Unasul em Santiago, declarou que os Estados Unidos estão conspirando e tentando dividir a nação boliviana.
Na verdade, apenas ele e Chávez declararam isto abertamente. Os outros ficaram em cima do muro.
Chávez, a pedra da vez no calcanhar dos estadunidenses está incomodando demais o império de Monroe (2). Não creio que os ianques vão resistir muito tempo sem achar um pretexto para intervir na Venezuela. A sorte é que as eleições nos EUA estão a adiar esta ação. Muito embora recentemente o presidente venezuelano tenha denunciado uma nova tentativa de golpe de estado. Mas na Bolívia, mais fraca e fracionada, as coisas estão andando a passos largos. Mais um golpe na Bolívia.
(1) Li recentemente na Tribuna da Imprensa, na coluna do excelente Argemiro Ferreira o termo “balcanização” da Bolívia, que vem a ser um sinônimo desta tese da “kosovização”.
(2) A doutrina de Monroe dizia “a América para os americanos”, que pode ser interpretada em sua forma mais objetiva como “a América para os estadunidenses”.
8 comentários:
Balcanização é mesmo um sinônimo de kozovisação.
Quanto ao Chavez, outro dia mesmo vi um discurso dele na tv em que ele dizei algo como "Carajo, estes yanques de mierda".
Também vi esse discurso inflamado do Chávez num noticiário na TV.
Acho que às vezes o Chávez dá razão a seus opositores.
Se fosse mais equilibrado talvez fse constituisse em uma ameaça ainda maior ao império ianque.
Como se ouvia a frase 'mais um golpe na Bolívia'. Eu me lembro perfeitamente. O Newton Carlos na televisão disse isso pelo menos umas dez vezes. Que eu me recorde.
Semana passada, 35 anos desde que Pinochet deu um golpe e matou o presidente eleito Salvador Allende dentro do Palácio de La Moneda. Sabe-se que Henry Kissinger foi o 'promoter' da derrocada democrática chilena e causa espécie que tenha recebido o Prêmio Nobel da Paz por causa de suas conversações para acabar com uma guerra já perdida para os adversários, a do Vietnã. Até quando os Estados Unidos não tentarão intervir, como já estão, de certa forma, intervindo, para acabar, de vez, com a democracia burguêsa boliviana e venezuelana? Ainda bem que a Era Bush se encontra no fim e novas eleições se aproximam. Mas nada garante nada. O imperialismo americano é muito maior do que seus presidentes. O capitalismo 'ferido' mata aquele que tenta provocar alguma tentativa de um programa mais humano. A crise está aí. O neoliberalismo, tão nefasto, tão excludente, agoniza, e é ao Estado, por paradoxal que possa parecer, que os bancos e seguradoras estão a recorrer para a sobrevivência. O mundo pega fogo. Ainda bem que esta 'Nova Pensatas', de roupa nova - falta apenas a gravata - é bem informada e consciente das coisas.
Isso mesmo JR, tem essa do Newton Carlos. Acho que era no Jornal da Bandeirantes (naquele tempo ainda não era Band).
Ele com aquela voz peculiar dizendo: "...eee... mais um golpe na Bolííívia".
Bem lembrado. O prêmio do Kissinger.
Noa antigo "Pensatas" até publiquei um protesto contra o fato e reproduzi uma carta que mandei para a Real Academia da Suécia pedindo que revogassem a dita premiação.
Devem receber milhares delas por mês. Só que nem dão bola.
O Sartre recusou o prêmio. Foi um sujeito coerente.
A Bolívia é um país muito pobre. Talvez o mais pobre da América do Sul. Daí esssa instabilidade toda.
Otávio
A sua instabilidade é crônica. O século XX foi cheio de perspectivas para uma emancipação que nunca aconteceu.
Governos que propunham nacionalizar o rico subsolo eram sucedidos por ditaduras entreguistas.
Se é o mais pobre da América do Sul? Creio que sim, pois até o paraguia é um pouco melhor econômicamente falando.
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