domingo, 11 de janeiro de 2009

Pausa para uma baforada

Publicado anteriormente no “Pensatas” com o título de “Papo de cachimbeiro V”. Uma boa pausa para uma trégua neste domingo...

Acho que os outros cachimbeiros devem ser como eu. Curiosos, sempre à cata de novidades em matéria de novos tabacos e sabores. Diferente do cigarro, o cachimbo tem a característica de ter em cada fumo uma nova sensação, uma nova descoberta. Seja pelo aroma, pela consistência, pela própria densidade e combustibilidade. Existem fumos que queimam rapidamente, outros proporcionam uma cachimbada longa e prazeirosa. De qualquer maneira, cada qual se adapta mais a algum momento especial.

Antes de viajar para Portugal eu mantinha uma coleção de dezenas, com certeza mais de uma centena de embalagens de tabacos. Sempre guardava a primeira de cada qualidade que eu fumava. Desfiz a coleção quando fui morar naquele país. Hoje, vez por outra me arrependo. Tinha por exemplo três embalagens diferentes de Bulldog, as quais acompanhei as mudanças e adaptações. A Finamore manteve a mesma da última produzida pela Souza Cruz. Muito embora, e não canso de dizer isto (1), tenha cometido o deslize de alterar o seu blend, e conseqüentemente o sabor, consistência, aroma e tudo o mais.

Quando recentemente (2) o meu cunhado Miguel foi à África do Sul visitar o seu irmão, que mora em Johannesburgo, encomendei-lhe um tabaco daquele país. Ele me trouxe dois. Fiquei feliz da vida. Um deles é o Jock “The loyal friend”, cuja imagem é um cão, ao que parece e é inclusive contado na sua embalagem, terá sido muito fiel ao seu dono. Um fumo popular e realmente bastante forte e puro em seu sabor, simples em sua embalagem, um blend consistente. Lembrou-me bastante o fumo francês Saint-Claude, pela força, pela presença. O outro, um fumo mais sofisticado, até pela apresentação, o Nineteen O’Four, fabricado por uma tabacaria chamada Leonard Dingler. Sua mistura é mais elaborada e me lembra a de fumos escandinavos como alguns MacBaren.

Lembrei-me de uma ocasião em que uma amiga, casada com um australiano foi àquele país e lhe pedi que trouxesse um fumo de lá. Trouxe, e o fumo era excelente. Lembrava os Dunhill, principalmente o Standard Mixture, um dos meus prediletos. E também vinha em lata. Uma lata um pouco menor do que as inglesas, mas excelentemente bem embalado à vácuo. Não me lembro do nome. O que não teria acontecido, caso não tivesse me desfeito da referida coleção de embalagens. Por isso mesmo me arrependo de tê-la desfeito após tantos anos.

Mas o certo mesmo é que hoje, fumo muito os nacionais como o Irlandês (este já é um clássico), os Candido Giovanella e outros, porque são muito bons, embora procure sempre ter um internacional ao lado. Um desastre as latinhas de Dunhill não estarem sendo importadas. E, conseqüentemente não são mais encontradas nas tabacarias. De fato, uma pena!

(1) Já até enviei um e-mail, e, posteriormente uma carta àquela fábrica de tabacos queixando-me dessas alterações. Nunca obtive resposta.
(2) Este texto é de 25 de abril de 2007.

12 comentários:

Ieda Schimidt disse...

Desejo-te boas baforadas neste domingo.

Anônimo disse...

Mais uma baforada legítima de quem conhece a arte de cachimbar.

Anônimo disse...

Esse sim é um assunto que não gera nem polemica nem com a fé alheia.
Otávio

Anônimo disse...

Ainda existem aqueles fumos de cachimbo da Suerdick? Um era até uma marca holandesa muito conhecida mas que eu não me lembro o nome dela agora. Estou certo?

Stela Borges de Almeida disse...

Desta vez não deu para acompanhar os seus textos sobre religião, lerei os próximos, há também o dossiê _Deus no pensamento contemporâneo_ cheguei a falar com vc, lembra?

Mas os do cachimbeiro... tem os aromas e gosto muito desse papo. Como contribuição, uma pequena lembrança: uma caixa dos Reynitas de Dannemann. Visitei a fábrica em Cachoeira de São Félix, ao sair do sobrado é impossível não ter experimentado, é claro, respeitando o aviso do Ministério da Saúde colado em cada pavimento.

Jonga Olivieri disse...

Agradeço, mas como saí cedo e só voltei agora, estou no momento curtindo um cachimbinho... de leve!

Jonga Olivieri disse...

Obrigado Julio (é sem acento mesmo?).
Mas realmente após msis de 25 anos cachimbando eu tenho que conhecer alguma coisa do assunto...

Jonga Olivieri disse...

PoLêmica faz parte da vida. E da democracia.

Jonga Olivieri disse...

A marca era o "Clan", um tabaco que produziam sob licença aqui no Brasil.
Mas havia também o "Holandês" que era um fumo interessante, até porque não aromatizado em excesso.
Mas, boa pergunta: a Suerdieck ainda existe?

Jonga Olivieri disse...

Os charutos e cigarrilhas da Dannemann são muito bons.
Mas não sei se a empresa continua independente ou foi adquirida pela Alonso Menendez (de uns cubanos), que hoje é quem domina a indústria de tabacos na região.

Anônimo disse...

Acho que todo mundo gosta deste Papo de Cachimbeiro. Eu A-DO-RO!
E juro que até dá vontade de fumar cachimbo.

Jonga Olivieri disse...

Por isso mesmo estou a republicar todas essas postagens.
E pretendo depois continuar a escrever mais sobre isso.