terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Porretes, safaris e pescarias

Theodore Roosevelt Jr. (popularmente conhecido como Teddy), foi presidente estadunidense por dois mandatos (1901/1909), e ficou famoso por ter instituido a política do “grande porrete” (big stick) que, entre outras medidas estendeu e ajudou a colocar em prática – na marra – a chamada Doutrina Monroe que rezava: “a América para os americanos”. Do norte, claro.
Teddy, entre outras coisas semeou a separação do Panamá, então uma província da Colômbia, provocando uma guerra civil, objetivando a construção do canal ligando os oceanos Atlântico e Pacífico para facilitar o escoamento de produtos ianques em várias direções. A Colômbia era contra um projeto estrangeiro em seu território, mas o final da história todos conhecemos, visto que então surgiram o canal e a República, ambos do Panamá. Muito embora tenha sido inaugurado em 1913, já após o seu governo e pelo seu sucessor, o presidente Woodrow Wilson, o sucesso da operação deveu-se ao “porrete” de Teddy Roosevelt.
Para além disso, invadiu a República Dominicana e Cuba em 1905 e 1906 respectivamente para proteger os interesses do capital estadunidense investido nesses países. Fora outras ações menores nas quais os marines tiveram importantes missões no quintal abaixo do Rio Bravo, como em Honduras e outras “republiquetas” da América Central, também chamadas “Bananas Republics”, porque dominadas pela United Fruit e outros trustes de exploração das frutas tropicais.
Roosevelt enviou emissários em 1913 para o Amazonas e Mato Grosso para contactar o Marechal Rondon. O então ex-presidente nutria uma grande curiosidade sobre a região, aliás, desde a sua juventude. Após certa insistência, foi finalmente convidado pelo Marechal para uma expedição com o intuito de determinar a rota do curso d’água de um rio, cuja nascente situava-se no Território do Guaporé (hoje Rondônia). O rio foi inclusive batizado com o seu nome. O “safari” foi descrito em detalhes no livro “Through the Brazilian Wilderness”, escrito por ele.
Dando um salto no tempo, agora, um outro “porretista”, foi convidado para vir pescar no Brasil. A notícia foi divulgada ontem e diz respeito à conversa telefònica de despedida entre Bush e o presidente brasileiro, na qual aquele o convidou para uma visita ao Texas. E o sr. da Silva em retribuição à amabilidade fez-lhe o convite para uma pescaria no Pantanal.
Que infeliz coincidência...

8 comentários:

Ieda Schimidt disse...

Deveria vir pescar jacaré a porretadas, isto sim.
E quem sabe o réptil pegava ele?
Depois da sapatada, vale tudo.

Jonga Olivieri disse...

Quero morrer seu amigo!
Mas quem sabe eles vão pescar jacarés mesmo? Tomara...

Anônimo disse...

Não sei a do Bush. O certo é que Roosevelt gostava de caçar e caçou onças no Mato Grosso. Claro que na época não era politicamente incorreto a caça. Hemingway e muitos outros famosos da época adoravam caçar.

Jonga Olivieri disse...

O Bush gosta mesmo é de caçar gente. Guantánamo que o diga...
Agora esse negócio de caçar é engraçado. Quando eu era garoto, caçar era ainda um atrativo.
Eu me lembro que quando ia a fazendas no interior tinha que ter uma saidinha pra caçar. E o pior, acabavamos caçando apenas passarinhos, porque animais de porte eram impossíveis de ser vistos.
Bom, uma vez, na Guaíba tentamos acertar um jacaré que ficava num poço enorme. Atiramos várias vezes e vários de nós e não deu em nada.
Teria sido um bom jantar. Ou jantares...

Anônimo disse...

Olhe só Jonga, vamos ver se Obama consegue mudar um pouco dessa imagem extremamente facista dos Estados Unidos.
Não que eu seja pró-capitalismo, mas aquele país sempre foi um país (pelo menos de princípios) democrático.
De Bush para cá tornou-se um "porrete" para o mundo. Só guerras e invasões e torturas.
E que o jacaré, pelo menso morda o pé do Bush.

Jonga Olivieri disse...

Concordo com você quanto à origem dos Estados Unidos, no tocante a princípios democráticos.
A “Revolução Americana” que proporcionou a independência das 13 colônias inglesas em 1776 (embora a guerra tenha durado até 1783) foi de princípios libertários no cerne das mudanças propiciadas pela burguesia em finais do século XVIII e que culminou com a Revolução Francesa (1789).
Determinaram a agonia do feudalismo e a instituição do capitalismo, sem dúvida um sistema mais evoluído, muito embora não tenha suprimido a chamada exploração do homem pelo homem.
Discordo de você quando diz que “aquele país sempre foi democrático”. Os EUA exterminaram os índios, habitantes da terra com uma crueldade terrível. Foi uma carnificina, um outro “holocausto”, tendo em vista que muitos também morreram queimados. E mais, durante décadas glorificaram o feito como um avanço da “civilização”. Cresci assistindo filmes em que o índio era tão mau que tínhamos até pesadelos com eles.
O “porrete” de Teddy Roosevelt, justamente aconteceu numa fase da história estadunidense em que começaram a emergir como potência. E mais, estrategicamente atlântica e pacífica. Ou seja, de todas as potências ocidentais a única que alcançava os dois oceanos. Os britânicos conquistaram a Índia e ocuparam parte da China, mas eles tinham limites com os dois oceanos. Daí a construção do canal do Panamá. Era estratégico, imprescindível...
Finalmente, creio que Obama vai ser infinitamente melhor do que Bush (aliás, qualquer um o seria). Pelo menos na retórica e em algumas medidas que podem abrandar crises setoriais ao redor do mundo, mas, penso que não irá alterar sistemicamente nada. Ou seja, o capitalismo continuará, talvez mais “keynesiano”, com uma participação do Estado e menos especulações causadas pelo neoliberalismo que entrou em crise.

Anônimo disse...

Apenas a matanca de indios nao e razao para se dizer que nao existe democracia nos Estados Unidos.
Antonio Quintao

Jonga Olivieri disse...

Caro Quintao (ou será Quintão?), apenas citei a matança de índios, mas e o Macartismo? Talvez uma das maiores perseguições políticas do século XX. E as guerras pós II Guerra Mundial, tanto no Vietnam como agora no Iraque? As torturas em Guantánamo? E a segregação racial? Contra os negros, contra os irlandeses, contra os ítalo-americanos.
E não pense que o fato de um negro ter vencido as eleições para presidente signifique que ela tenha terminado. O racismo e a Ku-Klux-Kan ainda existem. Uma extrema direita com o “sonho” da pureza étnica anglo-saxônica ainda é um fato real naquela sociedade. É mais provável que um atentado contra Obama venha da direita interna do que do “terrorismo” externo.
Veja bem, existe uma farsa democrática nos Estados Unidos que é pura encenação. “That’s entertainment”... algo no gênero... estava assistindo a posse de Obama e dá pra sentir o quanto tudo aquilo é um espetáculo, um show montado, toda uma grande presopopéia.
Dois grandes partidos ocupam o cenário político naquele país, Não que não existam outros, mas esses não conseguem representatividade. Na realidade estes dois partidos são um único dividido em duas correntes, todos a defender o grande capital. Um a representar alguns grupos econômicos, o outro, outros grupos e interesses.
O “lobby” que foi criado em Washington é a expressão máxima de tudo isto. E a maior fonte de corrupção e enriquecimento ilícito de políticos.
Mas a corrupção é muito camuflada nos EUA. Até a virada do século XX não. Era aberta e deslavada. Mas depois surgiram formas de a encobrir. E o jogo é muito bem feito. Criaram-se formas legais de a disfarçar. Claro, quem tropeça, sifu!
Bom isso é um pequeno exemplo da “democracia” estadunidense. Mas quem quiser continuar se iludindo e acreditando nela, que continue...