segunda-feira, 29 de março de 2010

“Grândola” de abril


Domingo às 23 horas assisti na (cada vez melhor) TV Brasil, no programa "Cine Ibermídia", o filme português “Capitães de abril” (2000) de Maria de Medeiros, que tambem é roteirista e interpreta um papel relevante no mesmo que tem em seu elenco o fora de série ator português Joaquim de Almeida. O filme é excelente e já o havia assistido quando passou no cinema. Por isto reproduzo acima a música e abaixo a letra que foi utilizada como senha pelo movimento militar que derrubou em 25 de abril de 1974 o regime instalado por Salazar 41 anos antes.


"Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade

Dentro de ti, ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena

Em cada esquina um amigo
Em cada rosto igualdade
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade

Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada rosto igualdade
O povo é quem mais ordena

À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola a tua vontade

Grândola a tua vontade
Jurei ter por companheira
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade"


Zeca Afonso (1)

(1) Zeca Afonso, foi um cantor e compositor português com origens no fado de Coimbra, e uma figura central do movimento de renovação da música portuguesa que se desenvolveu na década de 1960, que ficou indelevelmente associado à derrubada da ditadura vigente em Portugal entre 1933 e 1974, com a sua composição “Grândola, Vila Morena”.

14 comentários:

Ludmila Olivieri disse...

Fiquei com vontade de ver o filme... Esse não conheço tio. Mas acho muito interessante a parceria de produção que a Ibermídia faz, no filme que trabalhei a co-produção era dela. É então uma boa forma de estreitar laços do cinema Europeu com os da América Latina. Viva o Cinema autoral!

André Setaro disse...

O filme é muito bom mesmo, Jonga, e revela a força direcional da 'mignon' portuguêsa Maria de Medeiros, que também é uma atriz solitada por grandes cineastas europeus. Fez, recentemente, um filme aqui no Brasil e já deu duas entrevistas no programa do JÔ. Joaquim Almeida faz o papel de Sherlock Holmes no fracassado 'O Xangô de Black Street', de Miguel Farias, baseado no best-seller de Jô Soares. Pessoalmente, não gosto muito do livro, e o filme é, ainda, muito pior. Mas 'Capitães de abril' é uma maravilha.

Jonga Olivieri disse...

Que pena que não lhe avisei sobre este programa na TV Brasil.
Já assisti um filme espanhol e no mês de abril terão quatro filmes, sendo um argentino, um chileno, um outro que não me lembro a nacionalidade e "Carandirú" que é tambem excelente.
Mas vou ver se encontro a programação completa e lhe envio.
Agora, juro que pensei que Ibermídia era o nome do programa e não uma produtora. Mas como você conhece melhor este campo, deve ter razão.

Jonga Olivieri disse...

Ela inclusive trabalhou em "Pulp fiction" de Tarantino. É uma excelente atriz e jáa conhecia desde os tempos em que morei em Portugal.
Já o Joaquim Almeida, eu o considero muito bom, e apesar do Jô e do Xangô (*) é um ator que já rodou mundo realizando filmes ao lado de Michael Caine (O consul honorário) ou de seriados de TV como "24 horas", que até eu não gosto mas fez sucesso.

(*) o livro Xangô é tão ruim que aqui em casa ele foi escolhido por unanimidade para ser o suporte de um sofá que quebrou um dos pés traseiros. Toda vez que peido no dito móvel fico feliz porque estou colocando o odor certo no livro certo.

Popeye disse...

Ouvi esta música naquela época da Revolução dos Cravos, um movimento que se saiu vitorioso sem derramento de sangue. Ou pelo menos muito pouco.
A música foi divulgada aqui no Brasil e eu nso meus quase vinte anos de existência cheguei a conseguir um disco compacto com ela e a ouvia sempre que podia.

Stela Borges de Almeida disse...

Postagem de alta prioridade e com acrécimos pela participação dos Olivieri. Ligar o som e apreciar o que há de bom.

Jonga Olivieri disse...

Então procure o filme, Vale a pena assistir os instantes em que ela tocou.
Aliás, o filme inteiro é muito bom. Mesmo 10 anos após a sua realização.

Jonga Olivieri disse...

Obrigado Stela. è sempre bom ouvir elogios que se estendam aos seus familiares.
Isto faz o "ego da gente dançar rumba", como muito dizia um amigo meu, o Toninho...

maria disse...

Gostei muito desses comentários sobre este filme. Vou mesmo procurar. Existe dvd aqui no Brasil?
Mas fiquei intrigada com uma coisa. Afinal o que é o Fado de Coimbra?

Jonga Olivieri disse...

O fado de Coimbra é ligado às tradições acadêmicas da Universidade (daí o seu nome) e é cantado somente por homens; os cantores e músicos usam o tradicional traje acadêmico: roupas pretas cobertas por uma capa de lã tambem preta.
Desde os anos 1950 iniciou-se um movimento que levou os novos cantores de Coimbra a adotar a balada e o folclore. Começaram igualmente a cantar grandes poetas como forma de resistência à ditadura salazarista. Neste movimento destacaram-se nomes como Zeca Afonso.
Quanto ao filme em DVD no Brasil não sei se existe. Nunca me lembro de tê-lo visto. Mas vou procurar pela internet na “Modern Sound”, o melhor acervo do Rio. E tambem na Saraiva. Mas como vou sair pela manhã, isto só será possível à tarde.

Jonga Olivieri disse...

Acrescentando, vou enviar uma menssagem para o professor André Setaro, que, sem dúvida deve saber algo obre esta questão do DVD de "Capitães de abril.

Jonga Olivieri disse...

Encontri capitães, do "Blood" ao "Marvel" em profusão, mas, infelizmente o no filem não onsegui localizar. Nem com as dicas do professor Setaro, que, por sinal tambem nunca viu o DVD por aí dandod sopa.

Anônimo disse...

Acompanho esta sua publicação desde muito, embora nunca tenha feito comentários porque creio eu poucos o fazem.
No entanto, o que narraste, o que o filme narra, muito embora tenha sido em uma época em que eu era uma miúda, de longo tempo interessa-me de facto, pois que sou uma militante da esquerda.
E o Movimento de Abril foi importante demais para a história deste país.
Lembro-me perfeitamente de meu pai a falar-me sobre o quanto era impossível para Portugal manter uma Guerra Colonial absurda, quantas vidas custaram. Quantos jovens a tombar em África.
Todos os países europeus já não estavam a manter um império ultramarino e nós, pobres aldrabões, a tentar a todo custo persistir em manter as províncias de Ultramar.
A finalizar, concordo consigo que é um excelente filme.
Elsa

Jonga Olivieri disse...

É deveras importante a opinião de uma portuguesa nesta postagem, pois sem dúvida vocês o sentem de maneira muito mais intensa, porque foi um dos mais fortes movimentos populares do século XX.
Apesar de que o filme, muito bem realizado nos envolve e nos emociona passo a passo.
Ao acordar hoje tive a grata surpresa de ler o seu comentário. Isto porque quando você o escreveu eu ainda estava dormindo (aí deveria ser mais de nove da manhã).