A primeira vez em que vi um alerta grave quanto à questão ecológica ou a preocupação com a preservação da natureza foi na década de setenta. Eu me lembro que o Carlinhos, um redator com quem eu trabalhava, comprou numa banca em frente ao Edifício Avenida Central um tablóide, cujo título, não me recordo, mas era alguma coisa em torno de “Mundo Verde” (1) ou coisa semelhante. Curioso, tambem comprei um exemplar.
Até então, na minha cabeça, aquele tipo de preocupação existia de forma muito sutil. Mas a publicação levantava uma coisa tão clara quanto dois e dois são quatro; de que à medida que retiramos determinadas fontes de riquezas e energia da terra, ele não contabiliza que diminuem as suas reservas. Era um dado novo para mim. Naquela época, as notícias eram do tipo: “O mundo produziu “trocentas milhões” de toneladas de manganês no ano “tal”. Mas, quantas sobravam? Isso era tão simples quanto aquele história de Colombo colocar o ovo em pé. E por que eu nunca havia pensado nisso antes? Perguntava-me meio desbundado.
Existe predador maior do que o “Sapiens sapiens”? Iniciamos dizimando os Neandertais quando nossas hordas migraram da África e ocuparam a Europa. Não podemos saber quem começou a briga. Pelo menos concluímos que eles estavam a defender o solo que lhes era natural. Nós o invadimos. Mesmo que tenham iniciado essa luta, estavam apenas defendendo o seu habitat daqueles grupos de estranhos que ali chegavam.
Daí em diante foi guerra, guerra e guerra. Mesmo quando nômades, quando a propriedade ainda não nos dividia, já guerreávamos. É a nossa índole. Não sabemos quanto aos nossos primeiros opositores, mas o certo é que os dizimamos usando o nosso cérebro para criar novas armas mortíferas. Como éramos menores do que eles, partimos para o arco e flecha, que nos dava a vantagem de alvejá-los à distância. “Ah, você é grande e mais forte? Dane-se, vamos abatê-los sem precisar chegar perto!”. E foi o que fizemos, até que o continente europeu fosse todo nosso.
Resumo da ópera – porque não cabe aqui estar a dissertar todas as etapas desse processo –, chegamos à Revolução Industrial. Desde o advento da máquina a vapor, em pouco mais de dois séculos poluímos o planeta de tal forma que estamos no limiar de acabar com as condições de vida em todo ele. Pelo menos as condições de vida para nós mesmos. Então, o que fazer? Parar tudo? É meio difícil, vamos admitir. É uma utopia, tão grande quanto as inatingíveis “igualdade entre os homens” e “democracia”.
Henry Ford, que teve a “infeliz” idéia de individualizar o transporte através de “monstrinhos” poluidores. Na época em que surgiu o Modelo T (no Brasil mais conhecido como Ford Bigode ou Fobica) foi ele aclamado e transformado em exemplo de grande empreendedor. O automóvel, como meio de transporte é uma das coisas mais absurdas que foram inventadas até hoje. É inadmissível pensar que uma pessoa vá trabalhar em unidades altamente destrutivas do meio ambiente, quando o transporte de massas do tipo metrô, eletrificadas e, portanto, menos poluidoras poderia ter sido a solução para tudo.
Mas, o pensamento burguês do individualismo, da posse, agravou a tendência ao sucesso do modelo. Em outras palavras, foi uma forma encontrada pelo sistema para acentuar o seu espaço dando ênfase ao status, ao diferencial de um homem sobre o outro. À desigualdade e ao raciocínio de que “eu sou melhor do que o meu vizinho, porque o meu carro é mais bonito, etc”. Coisa mais babaca...
Começamos a despertar para tudo isso muito tarde. Será que dá tempo? Pessoalmente acho que não. Até porque com o fracasso da tentativa de avançar para o socialismo, graças a Stalin e sua camarilha, ficou difícil defender transformações visando mudanças. Quando era mais jovem eu sempre ouvia alguém dizendo que “o mundo marchava para o socialismo”. Hoje, apesar da podridão evidente do capitalismo, infelizmente quando você fala em socialismo é logo taxado como um visionário, ou pior ainda, um “doido de pedra”.
E estamos aí a presenciar o mundo sendo destruindo. Em muitos casos por causas naturais e cíclicas, mas em parte relevante provocado por nós mesmos. E pela indiferença de alguns países (como China e EUA) em apoiar medidas imediatas e necessárias para combater o mal que avança a cada instante... Sem levar em consideração as perdas & danos irreparáveis.
(1) Embora tenha surgido como um partido preocupado com a ecologia, não confundir tudo relacionado a estes movimentos com o Partido Verde, no Brasil uma organização política – hoje alinhada ao PSDB e outros setores da direita.
Até então, na minha cabeça, aquele tipo de preocupação existia de forma muito sutil. Mas a publicação levantava uma coisa tão clara quanto dois e dois são quatro; de que à medida que retiramos determinadas fontes de riquezas e energia da terra, ele não contabiliza que diminuem as suas reservas. Era um dado novo para mim. Naquela época, as notícias eram do tipo: “O mundo produziu “trocentas milhões” de toneladas de manganês no ano “tal”. Mas, quantas sobravam? Isso era tão simples quanto aquele história de Colombo colocar o ovo em pé. E por que eu nunca havia pensado nisso antes? Perguntava-me meio desbundado.
Existe predador maior do que o “Sapiens sapiens”? Iniciamos dizimando os Neandertais quando nossas hordas migraram da África e ocuparam a Europa. Não podemos saber quem começou a briga. Pelo menos concluímos que eles estavam a defender o solo que lhes era natural. Nós o invadimos. Mesmo que tenham iniciado essa luta, estavam apenas defendendo o seu habitat daqueles grupos de estranhos que ali chegavam.
Daí em diante foi guerra, guerra e guerra. Mesmo quando nômades, quando a propriedade ainda não nos dividia, já guerreávamos. É a nossa índole. Não sabemos quanto aos nossos primeiros opositores, mas o certo é que os dizimamos usando o nosso cérebro para criar novas armas mortíferas. Como éramos menores do que eles, partimos para o arco e flecha, que nos dava a vantagem de alvejá-los à distância. “Ah, você é grande e mais forte? Dane-se, vamos abatê-los sem precisar chegar perto!”. E foi o que fizemos, até que o continente europeu fosse todo nosso.
Resumo da ópera – porque não cabe aqui estar a dissertar todas as etapas desse processo –, chegamos à Revolução Industrial. Desde o advento da máquina a vapor, em pouco mais de dois séculos poluímos o planeta de tal forma que estamos no limiar de acabar com as condições de vida em todo ele. Pelo menos as condições de vida para nós mesmos. Então, o que fazer? Parar tudo? É meio difícil, vamos admitir. É uma utopia, tão grande quanto as inatingíveis “igualdade entre os homens” e “democracia”.
Henry Ford, que teve a “infeliz” idéia de individualizar o transporte através de “monstrinhos” poluidores. Na época em que surgiu o Modelo T (no Brasil mais conhecido como Ford Bigode ou Fobica) foi ele aclamado e transformado em exemplo de grande empreendedor. O automóvel, como meio de transporte é uma das coisas mais absurdas que foram inventadas até hoje. É inadmissível pensar que uma pessoa vá trabalhar em unidades altamente destrutivas do meio ambiente, quando o transporte de massas do tipo metrô, eletrificadas e, portanto, menos poluidoras poderia ter sido a solução para tudo.
Mas, o pensamento burguês do individualismo, da posse, agravou a tendência ao sucesso do modelo. Em outras palavras, foi uma forma encontrada pelo sistema para acentuar o seu espaço dando ênfase ao status, ao diferencial de um homem sobre o outro. À desigualdade e ao raciocínio de que “eu sou melhor do que o meu vizinho, porque o meu carro é mais bonito, etc”. Coisa mais babaca...
Começamos a despertar para tudo isso muito tarde. Será que dá tempo? Pessoalmente acho que não. Até porque com o fracasso da tentativa de avançar para o socialismo, graças a Stalin e sua camarilha, ficou difícil defender transformações visando mudanças. Quando era mais jovem eu sempre ouvia alguém dizendo que “o mundo marchava para o socialismo”. Hoje, apesar da podridão evidente do capitalismo, infelizmente quando você fala em socialismo é logo taxado como um visionário, ou pior ainda, um “doido de pedra”.
E estamos aí a presenciar o mundo sendo destruindo. Em muitos casos por causas naturais e cíclicas, mas em parte relevante provocado por nós mesmos. E pela indiferença de alguns países (como China e EUA) em apoiar medidas imediatas e necessárias para combater o mal que avança a cada instante... Sem levar em consideração as perdas & danos irreparáveis.
(1) Embora tenha surgido como um partido preocupado com a ecologia, não confundir tudo relacionado a estes movimentos com o Partido Verde, no Brasil uma organização política – hoje alinhada ao PSDB e outros setores da direita.
4 comentários:
Claro que sou a favor de medidas para conter os ataques ao meio ambientes. Os Estados Unidos erraram muito, com Bush, na recusa da assinatura do Tratado de Kyoto. Mas, por outro lado, não tolero os "ecochatos", os xiitas em defesa da ecologia. São espécies de pulgas que atormentam o interlocutor, pois toda conversação deriva, inevitavelmente, para a ecologia. Há pessoas que chegam a se alimentar de 'coisas verdes'. De minha parte, adoro uma carne mal passada, com sangue, que aproveito para, misturado à farinha de copioba, fazer uma bela farofa de sangue.
No mais, a sua pensata de hoje está bastante esclarecedora em diversos pontos. Bola para frente!
Os movimentos ecológicos no Brasil começaram a se desenvolver mais nesta época por ti citada.
Lembro de ter começado a ver justamente tablóides e outras publicações nos anos 1980, mas ainda eram poucos e raros.
Nos 1990 a situação mudou e a ecologia começou a assumir a real importância no contexto merecido.
E o Partido Verde? Existe mesmo?
Sim, xiitas ecológicos são um saco.
Às vezes até eu digo que não se sabe se tudo pelo que o mundo passa é fruto da mão do homem ou de ciclos normais.
O que garanto é que a poluição e alterações geogáficas acentuam esates fenômemnos, agravando-os.
Concordo plenamente quanto ao churrasco e suas qualidades. Aliás, recentemente, aqui no Rio saboreamos um delicioso, lembra?
O "verde" do Partido Verde deve estar mais para o Integralismo do que para o ecológico. hehehe!
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