Para alem de ser meu primo, considero o Professor André Setaro (1) um dos maiores conhecedores de cinema no Brasil. Ia escrever um texto sobre e para o lançamento de seus três livros em noite de autógrafos, dia 13/04/2010 (quarta feira) em Salvador, Bahia (2). No entanto ao ler o seu blogue (3) ontem, travei conhecimento com este brilhante resumo de sua trajetória escrito pela jornalista Aleksandra Pinheiro e o transcrevo abaixo:
“Um homem chamado cinema
André Setaro estreou na crítica cinematográfica há cerca de 40 anos, quando escreveu seu primeiro ensaio na imprensa, no antigo Jornal da Bahia, defendendo a importância de Jerry Lewis. Em vez de submeter-se aos padrões ideológicos da época, preferiu privilegiar a estética cinematográfica, tal e qual aquele personagem quixotesco de Nós que nos amávamos tanto, de Ettore Scola. É o próprio Setaro quem explica as reações na ocasião: “Se até hoje muitas pessoas não compreendem o valor de Jerry Lewis, acham que é um diretor de sessão da tarde, imagine naquele período ideologizado? Fui logo chamado de alienado”, relata, com o riso irônico de quem sempre amou muito mais o cinema do que as revoluções.
Seu amor pelo cinema, reiterado na militância da imprensa diária, especialmente no Jornal Tribuna da Bahia, ganha agora o sabor da permanência. A editora Azouge, em parceria com a Edufba, lança no próximo dia 13 de abril, Escritos sobre o cinema, trilogia de um tempo crítico.
A obra 'setariana' está dividida em 3 volumes: No Vol I encontramos os escritos sobre filmes, atores e diretores que marcaram a história do cinema e também depoimentos e artigos com inclinações autobiográficas. Além das impressões do crítico sobre Orson Welles, Kurosawa, Fellini, Godard, Bergman, entre outros ícones, fica-se também conhecendo a trajetória e paixão de Setaro pelo seu objeto de desejo e estudo.
O Vol II é dedicado integralmente ao cinema baiano que este ano completa 100 anos. Nas resenhas críticas, o autor fala sobre as obras e cineastas pioneiros na Bahia (a exemplo de Roberto Pires e Glauber Rocha) e também reflete sobre os homens e as circunstâncias que permitiram o surgimento e a efervescência do cinema na província. Setaro rende homenagens ao mestre Walter da Silveira e ao lendário Clube de Cinema da Bahia, assim como reconhece o valor de empreendedores, a exemplo de Guido Araújo e sua longeva Jornada de Cinema. Fala sobre o boom superoitista e recorda com ternura dos cinemas de rua de Salvador, como o Guarany, Excelsior, Liceu, Tamoio, Bahia, Pax, Aliança, Jandaia.
No Vol III Setaro trata especificamente da linguagem cinematográfica: Embrenha-se pelos caminhos teóricos, destaca as escolas, os autores, mas nunca perde de vista aquilo que o crítico Inácio Araújo, autor do prefácio da sua trilogia, definiu como “uma prazerosa proposta civilizatória”.
Este farto material estava praticamente destinado ao esquecimento, já que André Setaro, apesar do incentivo que sempre recebeu dos colegas e alunos, recusava a ideia de transformar tudo em livro: “Amigos sempre me falaram para escrever um livro, mas eu nunca quis”, relata, destacando que foi convencido da viabilidade do projeto pelo jornalista e escritor Carlos Ribeiro, que há mais de 15 anos insistia na publicação destes textos. Foi assim que, a partir de 2005, Carlos Ribeiro juntou-se a Carlos Pereira, André França, Marcos Pierry e alguns outros ex-alunos de Setaro e decidiram, de forma voluntária, realizar o trabalho de pesquisa e seleção da obra: ‘O enorme esforço dos professores que realizaram o trabalho foi, em si, um reconhecimento à contribuição de André Setaro ao cinema da Bahia e do Brasil. É um material valiosíssimo, que necessitava ser preservado.’, destaca Carlos Ribeiro, organizador dos três volumes.“
(1) Graduado em Direito pela UFBa (1974), fez mestrado em História e Teoria da Arte pela Escola de Belas Artes, na mesma universidade(1998). Atualmente é professor adjunto do Departamento de Comunicação tambem na UFBa. Crítico cinematográfico do jornal Tribuna da Bahia, desde agosto de 1974 e colunista cinematográfico da revista eletrônica Terra Magazine http://terramagazine.terra.com.br/ onde publica ensaios e críticas todas as terças feiras.
(2) Em breve a coleção estará à venda em todo o país. Para quem morar ou estiver em Salvador, o evento será dia 13 de abril às 20 horas na “SaladearteCinema do Museu”, na Av. Sete de Setembro (Museu Geológico da Bahia).
(3) Link em “minha lista de blogues”ou
http://setarosblog.blogspot.com/
“Um homem chamado cinema
André Setaro estreou na crítica cinematográfica há cerca de 40 anos, quando escreveu seu primeiro ensaio na imprensa, no antigo Jornal da Bahia, defendendo a importância de Jerry Lewis. Em vez de submeter-se aos padrões ideológicos da época, preferiu privilegiar a estética cinematográfica, tal e qual aquele personagem quixotesco de Nós que nos amávamos tanto, de Ettore Scola. É o próprio Setaro quem explica as reações na ocasião: “Se até hoje muitas pessoas não compreendem o valor de Jerry Lewis, acham que é um diretor de sessão da tarde, imagine naquele período ideologizado? Fui logo chamado de alienado”, relata, com o riso irônico de quem sempre amou muito mais o cinema do que as revoluções.
Seu amor pelo cinema, reiterado na militância da imprensa diária, especialmente no Jornal Tribuna da Bahia, ganha agora o sabor da permanência. A editora Azouge, em parceria com a Edufba, lança no próximo dia 13 de abril, Escritos sobre o cinema, trilogia de um tempo crítico.
A obra 'setariana' está dividida em 3 volumes: No Vol I encontramos os escritos sobre filmes, atores e diretores que marcaram a história do cinema e também depoimentos e artigos com inclinações autobiográficas. Além das impressões do crítico sobre Orson Welles, Kurosawa, Fellini, Godard, Bergman, entre outros ícones, fica-se também conhecendo a trajetória e paixão de Setaro pelo seu objeto de desejo e estudo.
O Vol II é dedicado integralmente ao cinema baiano que este ano completa 100 anos. Nas resenhas críticas, o autor fala sobre as obras e cineastas pioneiros na Bahia (a exemplo de Roberto Pires e Glauber Rocha) e também reflete sobre os homens e as circunstâncias que permitiram o surgimento e a efervescência do cinema na província. Setaro rende homenagens ao mestre Walter da Silveira e ao lendário Clube de Cinema da Bahia, assim como reconhece o valor de empreendedores, a exemplo de Guido Araújo e sua longeva Jornada de Cinema. Fala sobre o boom superoitista e recorda com ternura dos cinemas de rua de Salvador, como o Guarany, Excelsior, Liceu, Tamoio, Bahia, Pax, Aliança, Jandaia.
No Vol III Setaro trata especificamente da linguagem cinematográfica: Embrenha-se pelos caminhos teóricos, destaca as escolas, os autores, mas nunca perde de vista aquilo que o crítico Inácio Araújo, autor do prefácio da sua trilogia, definiu como “uma prazerosa proposta civilizatória”.
Este farto material estava praticamente destinado ao esquecimento, já que André Setaro, apesar do incentivo que sempre recebeu dos colegas e alunos, recusava a ideia de transformar tudo em livro: “Amigos sempre me falaram para escrever um livro, mas eu nunca quis”, relata, destacando que foi convencido da viabilidade do projeto pelo jornalista e escritor Carlos Ribeiro, que há mais de 15 anos insistia na publicação destes textos. Foi assim que, a partir de 2005, Carlos Ribeiro juntou-se a Carlos Pereira, André França, Marcos Pierry e alguns outros ex-alunos de Setaro e decidiram, de forma voluntária, realizar o trabalho de pesquisa e seleção da obra: ‘O enorme esforço dos professores que realizaram o trabalho foi, em si, um reconhecimento à contribuição de André Setaro ao cinema da Bahia e do Brasil. É um material valiosíssimo, que necessitava ser preservado.’, destaca Carlos Ribeiro, organizador dos três volumes.“
(1) Graduado em Direito pela UFBa (1974), fez mestrado em História e Teoria da Arte pela Escola de Belas Artes, na mesma universidade(1998). Atualmente é professor adjunto do Departamento de Comunicação tambem na UFBa. Crítico cinematográfico do jornal Tribuna da Bahia, desde agosto de 1974 e colunista cinematográfico da revista eletrônica Terra Magazine http://terramagazine.terra.com.br/ onde publica ensaios e críticas todas as terças feiras.
(2) Em breve a coleção estará à venda em todo o país. Para quem morar ou estiver em Salvador, o evento será dia 13 de abril às 20 horas na “SaladearteCinema do Museu”, na Av. Sete de Setembro (Museu Geológico da Bahia).
(3) Link em “minha lista de blogues”ou
http://setarosblog.blogspot.com/
8 comentários:
Fantástica a trajetória de teu primo André Setaro.
Conheço o blog dele, mas vou acessar o Terra Magazine às terças.
Muito obrigado pelo 'post' e pelos elogios. Mas, devo dizer, que na minha formação cinematográfica, você, Jonga, teve influência, despertando-me, ainda adolescente, para o valor de alguns filmes e me iniciando no gosto da leitura de livros sobre o cinema.
Não posso me esquecer que você, em 1966, quando fugitivo na fazenda de Newton, numa semana que lá estive para visitar tia Leleca, falou muito sobre a importância de 'Deus e o diabo na terra do sol', de Glauber Rocha, que somente vim a conhecer dois anos depois, em 1968. Também de "Viridiana", de Luis Buñuel.
Na sua volta para Salvador, durante um semestre, nosso papo tinha o cinema como o assunto preferencial. Fui apresentado aos livros da coleção Biblioteca Básica de Cinema (coordenada por Alex Viany), à História do Cinema Mundial, de Georges Sadoul, entre outros.
Tomamos um curso de cinema na Ladeira da Barra do qual saiu um grupo liderado por você: o Grupo de Iniciação Cinematográfica (GIC), que realizou "Perâmbulo". E conhecemos a inesquecível figura quixotesca de Carlos Alberto Vazde Athayde. Com a necessidade de você voltar para o Rio, foi escolhido outro diretor.
Mas você deixou comigo mais de uma dezena de livros sobre cinema com os quais iniciei a minha modesta coleção que já consta de mais de 500 exemplares.
Por tudo, muito obrigado.
Já vi o post em Casos de Propaganda. Ficou excelente.
E fica mais fácil quando é na terça feira (que é o dia da publicação).
Mas caso entre em outras ocasiões, é só procurar pelos colunistas que você acha.
André, você merece tudo que teem falado de você. Simplesmente porque o considero(ram) o herdeiro de Walter da Silveira, e a maior autoridade de cinema na Bahia... E no próprio Brasil, admitamos, existem poucas 'expertizes' em cinema como você.
Como me lembro de nossos papos de cinema naqueles idos de 1966/7. Pelas ladeiras de Nazaré a voltar do Jandaia. Ou do Pax. Ou mesmo do Liceu, porque naquelas priscas eras, andar por uma Salvador de menos de 1 milhão de habitantes em plena madruga era algo saudável...
Já conheço a algum tempo o blog deste seu primo e seu conhecimento do cinema não como diversão, mas como linguagem e técnica.
O seu livro certamente vai ensinar muito a quem os ler.
Gostei imensamente do conhecimento de seu primo sobre cinema.
Espero que o livro chegue logo a Fortaleza.
O lançamento do livro é amanhã, certo?
Desejo sucesso a ele.
Pois compre-os Popeye. E aprenda, porque esse cara entende de cinema.
Eu sei que o André vai fazer lançamentos em outras capitais.
Vou perguntar a ele como está distribuição no Brasil, mas a editora é aqui do Rio.
Creio que já estará sendo distribuido em seguida.
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