segunda-feira, 24 de maio de 2010

Greves e greves

Os trabalhadores sempre tiveram na greve a sua principal arma para reivindicações e exigências políticas. Está certo que a instituição do “pensamento único” e da oficialização da ideologia do “fim das ideologias”, a segunda tem sido pouco ou nada divulgada.
Não que inexista, mas a mídia do sistema não a noticia. Vejam bem, caros amigos leitores, toda greve sempre tem um fundo político. Mesmo quando são apenas reivindicativas em relação a aumentos salariais e semelhantes conquistas imediatas, o lado político está implícito, e, neste instante evidencia-se a luta de classes.
Estamos a viver, exatamente hoje (24/05/2010) um movimento dos rodoviários no Rio de Janeiro, cujos principais objetivos são: 15% de aumento real de salário, vale alimentação de R$ 150,00, retorno do pagamento de uniformes em dinheiro, fim imediato da dupla função com o retorno dos cobradores aos ônibus, a garantia de que os descontos por multas só ocorram após o julgamento do recurso administrativo do real infrator, plano de saúde para toda a categoria e a volta da data-base a partir de 1º de março.
Notem bem que, para alem de salários e benefícios diretos, há, como no caso da dupla função de motoristas como trocadores (grifada no texto acima) um forte fator social, pois esta medida gerou desemprego em massa e muito prejudicou os motorista, irreponsavelmente colocando em risco os próprios passageiros.
Alem de em última instância todas representarem conquistas importantes para os trabalhadores como o plano de saúde para todos.

6 comentários:

André Setaro disse...

Apesar do Sr. Lula da Silva, com o aparelhamento do Estado brasileiro e a cooptação das centrais sindicais, ter calado o movimento dos trabalhadoras (vide os 'showmícios' do 1 de maio), alguns setores mais conscientes ainda fazem greve, como os ilustrados no post. Sim, toda greve tem um fundo político, eis a questão.

Na Universidade Federal da Bahia, onde trabalho, durante o governo Lula não houve greve de professores. Antes, nos governos anteriores, as greves se multiplicavam e ficávamos parados até um período de três meses em pleno ano letivo. No frigir dos ovos, não se ganhava nada, principalmente quando o energúmeno e ególatra FHC comandava a nação.

Os direitos dos trabalhadores, que os conquistaram com muita luta durante o século XX, estão agora na mira governamental. E as centrais (CUT, por exemplo) se calam, porque seus dirigentes estão em altos postos, em sinecuras bem instalados.

Jonga Olivieri disse...

Uma greve é algo muito sério para as classes exploradoras da mais-valia laboral; que muitos não entendem, não percebem mesmo, o quanto é a mola mestra para o lucro. Mas isto é uma questão ampla demais para ser discutida aqui.
Duas observações muito interessantes me chamaram a atenção no seu comentário, professor! Uma delas o fato do “peleguismo” da CUT. Ora, o PT manipula a CUT. E o PT-PT (no dizer de Helio Fernandes) está a ser usada – apesar de que sempre o foi – aquele partido, que, se por um lado tem até setores mais à esquerda não o encontra no seio do sr. "Apelido" da Silva & Cia. (o cia aí caiu bem, embora não tenha sido intencional)... Em suma, o organismo sindical está atrelado, como bem o disseste aos cargos de governo. Vide, no escândalo do mensalão, quantos deles estavam atolados na lama!
O outro é o fato de que esta mesma máquina “cutista” (e isto poderá parecer [eu disse parecer] um pensamento reacionário) estendeu ações de greve em postos onde: primeiro, por serem públicos não deveriam parar, pois que o princípio da greve está no cruzar os braços para diminuir o lucro do patrão... Mas que patrão? No caso citado, do setor educacional público, de primordial importância para a cultura aborígene. Mesmo que, politicamente dirigida “ao ególotra e energúmeno FHC”* (sic)... Pois admito uma greve no setor privado da educação (aonde existe o lucro), enquanto o setor público chega a ser deficitário.
Inclusive movimentos típicos da pequena burguesia, ditas “classes médias”, que não são classe coisa nenhuma... Pois que “uma mentira repetida mil vezes torna-se uma verdade”, segundo um dos grandes filósofos mundanos da direita (in extremis) em defesa do capital!

Ieda Schimidt disse...

Não sei do que gostei mais. Se do artigo ou dos comentários, tanto o teu quanto o do Setaro.
O que fica evidente é que, se o PT tem algumas correntes mais à esquerda, elas estão isoladas e (diria eu) até acuadas dentro da máquina partidária, hoje dominada pela ganância e a busca do poder a qualquer custo.
E tenho dito, gurí!

Jonga Olivieri disse...

Sim Ieda Maria, nós entramos numa. Mas às vezes é assim, os comentários são bem melhores do que a própria postagem. Com a contribuição de vocês, meus pouco mas habituais colaboradores e parceiros.

maria disse...

A Ieda tem razão, mas esses comentários estão alto nível.
Sempre disse desde quando eu era uma estudantesinha venho aprendendo neste blog.
Obrigada Jonga

Jonga Olivieri disse...

E você evoluiu muio, Mary, mas foi fruto de seu próprio aprendizado...