quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Los olvidados

Alguém que lê este blogue, mas não faz comentários, preferiu me passar um e-mail a reclamar que esqueci do Cervantes na minha “pensata” deste domingo.
A bem da verdade, a matéria não tinha como finalidade ser um guia noturno do Rio de Janeiro. Apenas, em tom filosofal, lembrei-me de dois bares específicos, o Cinerama e o Lamas, e falei alguma coisa sobre eles.
Se fosse por isso, teria esquecido também o Bar Lagoa, o Brasil, o Luiz, o Ernesto ou o Amarelinho, que, para além de serem casas tradicionais da noite carioca, também foram pontos da boemia “festiva” naqueles anos de chumbo.
São todos bares que existem até os nossos dias e que têm história. Ou fizeram parte da história.
Mas, o Cervantes, em Copacabana, cujo sanduíche de lombinho com abacaxi é incomparável e uma das melhores especialidades da casa, para além do chope de excelente qualidade, é inquestionável e tradicionalmente um dos melhores bares da cidade. Foi inaugurado em 1955, tendo sido uma mercearia até 1965, quando dois espanhóis o compraram transformando-o no que é ainda hoje. Inclusive com duas filiais na Barra da Tijuca. Como o Lamas, só fecha a portas depois que o último cliente sai, fazendo dele um ponto ideal para os boêmios.
E já que estou a falar do Cervantes, porque não relembrar que os bares Lagoa, Brasil, Ernesto e Luiz, com seus quitutes alemães e outros acepipes ou seus bem tirados chopes, foram e são até hoje exemplos de “botecos” da melhor estirpe entre os que existem nesta cidade maravilhosa.
O Amarelinho, por situar-se no coração da Cinelândia, era um ponto de encontro quase que obrigatório para almoços, e, principalmente turmas na happy-hour, sendo outro que até os nossos dias tem seu lugar.
Mesmo assim, obviamente esqueci algum. Tem muito espaço na noite deste Rio imenso. Fora os mais novos que também se firmaram e são atualmente locais obrigatórios para aqueles que circulam noite adentro. Como a Academia da Cachaça, o Manuel & Joaquim, o Sindicato do Chope ou o Devassa, que criaram filiais ou franquias espalhadas por todos os lados. O Belmonte, no Flamengo, é um exemplo do bar que existe há mais de 50 anos e se transformou em uma rede com vários pontos na cidade.

15 comentários:

Ieda Schimidt disse...

A tua postagem não tentava ser um guia noturno do Rio. Os bares que lá entrarem foram lembranças de momentos vividos e acho que isto ficou claro.
Peça a este teu amigo para comentar n blog. Seria melhor, não?

Jonga Olivieri disse...

Acho que isto ficou bem claro...

Jonga Olivieri disse...

Falar em esquecidos, lembrei-me ontem, passando em Copacabana que esqueci um cinema: o Copacabana, que ficava no mesmo quarteirão que os Metro e Art-Palácio.
O cinema em que eu vi pela primeira vez "O gavião e a Flecha" com Burt Lancaster. Olha que tem tempo isso! Devem ter uns quase 50 anos... e "Easy Rider", este bem mais recente, mas nos anos 70. Para se ver como os cinemas nos marcavam. Via-se um filme e ficava marcado o cinema.
Hoje, o Copacabana é um 'fitness', mas já foi um bingo da vida. Triste fim!

Anônimo disse...

O Ernesto não é na Lapa? Se for é perto do Bar Brasil.

Anônimo disse...

O Brasil tem uma das melhores cozinhas alemães que conheço. É um bar meio sujo, mais de 40 anos com a mesma cara, sem reformar etc, mas de vez em quando passo por lá só pra comer um kassler com um chopp bem geladinho.

Jonga Olivieri disse...

Alceu, me parece que voc~e é de São Paulo (pelo SP após o seu nome).
Exatamente, o Bar do Ernesto fica na Lapa, bem ao lado da Sala Cecília Meireles e o Bar Brasil idem...

Jonga Olivieri disse...

Olha, o Bar Brasil é um lugar que talvez tenha o seu valor justamente por não ter feito reforma alguma.
Acho que desde a primeira vez que lá fui (em 1965) com uns colegas da McCann e pedimos aqueles quitutes alemães a decoração é igual.
lembro que daquela vez, pedimos chope com Caracu. Porque como não havia (nem há até hoje) chope escuro, alguém inventou esssa fórmula. Coisa que faço até hoje quando vou ali.

Anônimo disse...

Por que não escrevem para o blog? Isso é muito estranho.
Gostei de saber de mais esses bares do Rio. Estou anotando todos.

Jonga Olivieri disse...

É assim mesmo, Mary.
Tem gente que gosta de ler mas não gosta de comentar; passa e-mail. Tem gente que lê, e de vez em quando comenta. E tem gente que a gente nem sabe... mas lê.
Bem, agora foi um guia, não completo, mas pelo menos se propôs a falar mais sobre alguns bares "esquecidos"(?).

Stela Borges de Almeida disse...

Tem gente de todos os matizes, já pensou o que seria do vermelho se todos fossem amarelo? Sobre os bares do Rio, nada a comentar, ótimas dicas de uma geração que discutiu, participou e deixou ensinamentos, comportamentos e traços marcantes, erros e acertos. Para contribuir com as lembranças dos pontos de encontro de uma geração segue um nome: as cantinas das Faculdades da Universidade Federal da Bahia. Nos pátios destas faculdades aprendemos lições de companheirismo, de amizade, de resistência e de muita discordâncias. Alguns sobreviveram, outos sucumbiram nos anos de chumbo e os que ficaram para contar a história que o façam enquanto é tempo ( Jonga, vc. está acompanhando/lendo sobre o Fórum Social?)Se quiser fazer uma psotagem tenho o maior interesse.

Ah, esqueci de dizer, nas cantinas comia-se e bebia-se muito bem.

Jonga Olivieri disse...

Stela, seria interessante contar-se um pouco da história dessas cantinas...
Quanto ao FSM de Belém, estou a reunir informações (e esperar sua conclusão) para postar sobre ele.
E algo sobre o de Davos também, visto que este ano foi o fórum do cinto apertado.

Anônimo disse...

Muito bom o seu "Guia da Noite Carioca nos Anos de Chumbo". De fato voce enumerou alguns bares que a "festiva" enchia com a sua alegria as altas horas da madrugada em tempos em que, se havia a violência da perseguição política, pelo menos não existia essa violência irrefreável do tráfico de drogas, em exibição a qualquer momento nos dias de hoje.

Anônimo disse...

Acompanhei com interesse estes seus posts desde os dois sobre os cinemas até este dos bares, passando pelo outro que fala do Lamas e do outro ao lado do cinema Paissandú.
Sou mais nova e do Paraná. Mas moro no Rio desde menina. Meu marido é mais velho (e carioca) e sempre me fala de bares e da noite do Rio em outros tempos e principalmente destes que você tanto falou.
Adorei.
Karin Singer

Jonga Olivieri disse...

Gostei de "Guia da noite Carioca nos anos de chumbo". Acho que você batizou de forma interessante. hehehe
Só tem uma coisa. Até concordo que a violência hoje assumiu proporções descontroladas (em todo o Brasil), mas olha que a repressão contra quem se opunha ao regime militar era muito dura, cara!

Jonga Olivieri disse...

Que bom que gostaste, Karin.
E eu sempre fico satisfeito quando encontro um(a) leitor(a) que comente neste blogue...