quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Reflexões necessárias

Tenho centrado grande parte de meus textos no conflito Israel/Palestina. Ou melhor no novo holocausto provocado pelo nazi-sionismo sobre o povo palestino. Recebi diversos comentários neste blogue ou por e-mail, alguns insinuando posições “anti-semitas”, no meu entender infundadas, os quais, aliás já analisei, mas sobre as quais teço mais comentários, no meu entender necessários para deixar bem claras as minhas posições.

O que é semita? Segundo o relato bíblico do Genesis, Noé teria tido três filhos: Cam, Sem e Jafé. Certa vez embriagado, Noé estava nu, e seu filho Cam não cobriu sua nudez. Ao relatar o fato a seus irmãos, Sem foi cobrir o pai, que o abençoou, originando a expressão, segundo o relato das religiões abraômicas (1).
Já de acordo com a antropologia, semitas são povos unidos pela língua semita, encontrados no oriente médio a norte da África e representados por árabes, hebreus, etíopes, núbios e outras tribos distribuidas pelo oriente médio e norte africano.
Mas o que é ser anti-semita? Implica em se postar contra esses povos. Todos ou qualquer um deles separadamente.
O Sionismo é uma doutrina que defende apenas um povo na “terra prometida”, o “povo eleito” (2) e abomina os demais, sejam semitas ou lá que origem tenham. Quando me refiro a eles como “nazi-sionistas” é mesmo para estabelecer um paralelo (real) entre o comportamento político-ideológico-excludente de seu governo com o da Alemanha sob o hitlerismo, que provocou os extermínios em massa durante a II Grande Guerra (3) e em campos apropriados para esta finalidade.
É importante ressaltar que durante o terror nazista, grande parte dos prisioneiros nos chamados campos de concentração era formada por alemães considerados inimigos do regime, como comunistas, social-democratas, e pessoas acusadas de exibir um comportamento “anti-social” ou fora dos padrões aceitáveis pelo regime.
Outros povos, como ciganos, judeus, eslavos ou turcos também foram “internados” nesses campos. No entanto as únicas vítimas do terror nazista que costumam ser lembradas são os judeus. Os ciganos, a segunda raça vitimada no total de vítimas costumam ser esquecidos. E as outras? Nem se fala!
Enquanto a bibliografia sobre o holocausto judeu é imensa, não faltando museus e memoriais especialmente construídos para lembrar o genocídio, o holocausto cigano sempre foi considerado um fato de menor importância. Os documentos históricos provam que não foi bem assim e que, lamentavelmente, ao lado de judeus, nos mesmos campos de concentração, nas mesmas câmaras de gás, nos mesmos crematórios foram massacrados também cerca de 500 mil ciganos.
Só recentemente começaram a ser publicados ensaios sobre este “holocausto esquecido”, o holocausto cigano, que esses, hoje, preferem chamar de “porajmos” (4), para diferenciá-lo do holocausto hebreu.
Os pensamentos e informações acima são reflexões importantes para que fique claro que não se pode confundir estar contra a direita, hoje exercendo o poder no Estado de Israel com estar contra o povo judeu. São duas coisas completamente diferentes.

(1) Abraômicas são as religiões judia, cristã e muçulmana que partem de Abrão (depois chamado Abrahão).
(2) “(...) A raiz da palavra hebraica (Torá é hora’á – ensinamento). O Pentateuco ensina ao homem o caminho que terá que seguir se optar por viver de acordo com os desejos e diretrizes de Deus. Aquele que estuda a Torá precisa viver de uma forma que honre e eleve o judaísmo e o povo judeu...” (“O que é o Talmud” – ed. 43 – pág. 19).
(3) Assim como a Alemanha nazista testou durante a guerra armas proibidas por tratados internacionais, foi feita uma denúncia pelo grupo internacional de defesa dos direitos humanos “Human Rights Watch” sobre o suposto uso de armas com fósforo branco, por parte de Israel, na ofensiva à Gaza. O fósforo branco causa queimaduras severas e mata por asfixia. Por isso, seu uso é controlado e proibido em áreas habitadas ou em ataques a pessoas. Além disso provoca o câncer nos sobreviventes.
(4) “Porajmos” (pronuncia-se poraimos) significando “devorar”, é um termo cunhado pelo povo Rom (conhecido também pelo termo "cigano") para descrever a tentativa do regime nazista
em exterminar este grupo étnico da Europa.

14 comentários:

Ieda Schimidt disse...

Muito bem explicada a situação.
Creio que anteiormente em postagens como a do importante papel dos judeus na formação da esquerda brasileira (e mindial) a tua posição ficou muito clara.
O sionismo é sim, uma decorrência do judaismo, mas este, nos dias em que vivemos nos mostra de forma explícita o seu caráter fascista.

Anônimo disse...

Até houve alertas de que essa confusão com posições anti-semitas poderiam acontecer. Não me elmbro de ninguém dizendo literlamente que você estivesse assumindo posições dessa natureza. Mas sua defesa está excelente porque traduz claramente o que você pensa sobre o assunto.

Anônimo disse...

Venho acompanhando suas postagens e tenho que falar que você está coberto de razão. E suas análises estão muito em cima da realidade.
Yara

Anônimo disse...

Você falou: "mil olhos por um olho, mil dentes por um dente" e esta proporção está perto.
O número de mortos palestinos já está acima dos 1.000 enquanto os foguetinhos do lado árabe mataram 3 israelenses, que também perderam 10 soldados.
Números dramáticos de uma guerra de ricos contra pobres

Jonga Olivieri disse...

Ieda. Tudo já estava devidamente clarificado. Mas é daquelas coisas, achei necessário que ficasse mais ainda. Por isso publiquei essas necessárias reflexões sobre tudo o que está a ocorrer.

Jonga Olivieri disse...

E houve mesmo alertas, mas como disse acima, era necessário um aprofundamento da questão.
Ser anti-sioninsta não é nem anti-judeu, que dirá anti-semita!

Jonga Olivieri disse...

Obrigado, Yara. E também por conhecer mais uma acompanhante deste blogue.
Pelo menos fico certo que já passam da meia dúzia que sempre suponho.

Jonga Olivieri disse...

Inacreditável. Os números estão chegando na cifra assustadora de mil por um, que eu, até simbolicamente disse em postagem bem anterior.
É de assustar...

Anônimo disse...

Vá em frente. Suas postagens sobre a carnificina na Palestina (ih até rimou!) estão muito boas. E eu tenho lido com grande interesse, até porque tem informações que vão muito além das noticias.

Jonga Olivieri disse...

Antes de mais nada, desculpe Maria pelo atraso de quase um dia em lhe responder. Falta de tempo mesmo.
E obrigado por achar que as postagens vão além da notícia. Meu objetivo é esse mesmo.
Jornal é quem tem que dar notícias, certo?

André Setaro disse...

Este é o lugar mais adequado para se informar, nesta semana, sobre a verdade sobre o conflito de Gaza.

Jonga Olivieri disse...

O conflito de Gaza mostrou ao mundo também muito da verdade sobre o nazi-sionismo, que sempre procurou se acobertar num siscurso que tentava remeter ao holocausto, tipo: "tudo que seja 'anti-Israel' é semelhante à perseguição sofrida na Alemanha".
Na verdade desde a Guerra dos Seis Dias, este país fascista, acobertado pelos EUA vêem, eles sim. praticando uma política discriminatória e de extermínio dos palestinos. Uma total inversão de valores do que na realidade aconecia.
Desta vez eles tiraram a máscara... ou ela caiu, mas estão aí as evidências e provas do comportamento real da política racista dos hebreus no poder.

Anônimo disse...

Sou nascida no Brasil e vivo aqui no Líbano.
Estamos vivendo momentos de terror, de apreensão e de profunda dor pelo que está sucedendo aqui do lado com nossos irmãos em Gaza.
Seu blog tem tratado atá com bastante isenção esta guerra desigual e sangrenta cuja finalidade é exatamente a limpeza etnica. O extermínio do povo Palestino pelo regime Nazista de Israel.
Zarife

Jonga Olivieri disse...

É importante ter o depoimento de alguém tão próximo ao conflito.
Zarife, mande seu e-mail num comentário. Eu prometo não publicar o comentário, ok?