Já havia passado por ali tantas vezes. Já havia presenciado sua decadência quando foi ocupado por mendigos. Já havia sentido dor quando um belo dia descobri que tinha virado um estacionamento. Já havia, já havia e já havia olhado com tristeza o cenário do seu abandono. Afinal, é situado em um ponto central e a gente passa por lá de quando em vez. Mas juro que nunca tanto quanto ontem, quando parei na frente dele e fiquei a contemplar, quase chorando, o seu estado.
O cinema Vitória, em plena rua Senador Dantas foi um dos melhores do Rio de Janeiro. Ali assisti “A volta ao mundo em 80 dias” de Michael Anderson, com David Niven, Shirley MacLaine e Mario Moreno (o Cantinflas) quando estreou no Brasil aquela super produção, ainda em finais dos anos 50. Fui com minha mãe à cidade especialmente para comprarmos as entradas com antecedência, pois eram lugares numerados na então luxuosa sala de exibições da rede de Luis Severiano Ribeiro.
Mas ontem, quando parei ali, vi aquela grande área, totalmente abandonada, aberta, sei lá com o quê a ocupá-la (ou desocupá-la) quase chorei. Senti um nó na garganta, e nos instantes em que fiquei estático a olhar veio-me o flashback de quantos filmes eu vi ali. Os bons, os ruins... em suma, quantos e quantos! E lembrei-me de sua ampla sala de espera, repleta de cartazes que me distraiam enquanto aguardava a sessão começar, a ver fotos dos espetáculos que ainda iam estrear, quase um trailer de filmes, muitos dos quais, sabia, não poderia perder.
Ao sair, recordei-me também dos cinemas que não existem mais nesta cidade. Como o Ópera, os três Metros (Copacabana, Passeio e Tijuca), verdadeiros pontos de referência para encontros. Ou o Art-Palácio, que também tinha em Copacabana, na Tijuca e exibia o cinejornal “Les Atualitée Françaises”. Os Metros Copacabana e Tijuca viraram lojas C&A, o Art-Palácio Copacabana é uma loja qualquer. E o Ópera? Este virou Casa & Vídeo. Neste foi exibida a estréia de “Os 10 mandamentos” de Cecil B. de Mille, com Charlton Heston, Yvonne de Carlo e Yul Brynner, filme que inaugurou a sala com grande pompa.
Fora isso os que se transformaram em templos de igrejas evangélicas, como o Bruni Flamengo, o Olinda ou o Pathé, entre outros, nem sei quantos. Mas o Rio ainda é uma cidade maravilhosa. Sim, porque sobraram alguns cinemas de rua, como o Leblon, o Roxy, o Palácio e o Odeon, estes dois últimos, resquícios de uma Cinelândia que, como diz o nome (pelo qual até hoje é conhecida) tinha em torno de dez cinemas. Além disso existem alguns outros mais novos e fora dos shoppings, como o Unibanco Arteplex, os Estações Botafogo, Laura Alvim ou Paço.
Como doeu ver o Vitória escancarado em sua deprimente depedração. Um triste final para um grande espetáculo!
O cinema Vitória, em plena rua Senador Dantas foi um dos melhores do Rio de Janeiro. Ali assisti “A volta ao mundo em 80 dias” de Michael Anderson, com David Niven, Shirley MacLaine e Mario Moreno (o Cantinflas) quando estreou no Brasil aquela super produção, ainda em finais dos anos 50. Fui com minha mãe à cidade especialmente para comprarmos as entradas com antecedência, pois eram lugares numerados na então luxuosa sala de exibições da rede de Luis Severiano Ribeiro.
Mas ontem, quando parei ali, vi aquela grande área, totalmente abandonada, aberta, sei lá com o quê a ocupá-la (ou desocupá-la) quase chorei. Senti um nó na garganta, e nos instantes em que fiquei estático a olhar veio-me o flashback de quantos filmes eu vi ali. Os bons, os ruins... em suma, quantos e quantos! E lembrei-me de sua ampla sala de espera, repleta de cartazes que me distraiam enquanto aguardava a sessão começar, a ver fotos dos espetáculos que ainda iam estrear, quase um trailer de filmes, muitos dos quais, sabia, não poderia perder.
Ao sair, recordei-me também dos cinemas que não existem mais nesta cidade. Como o Ópera, os três Metros (Copacabana, Passeio e Tijuca), verdadeiros pontos de referência para encontros. Ou o Art-Palácio, que também tinha em Copacabana, na Tijuca e exibia o cinejornal “Les Atualitée Françaises”. Os Metros Copacabana e Tijuca viraram lojas C&A, o Art-Palácio Copacabana é uma loja qualquer. E o Ópera? Este virou Casa & Vídeo. Neste foi exibida a estréia de “Os 10 mandamentos” de Cecil B. de Mille, com Charlton Heston, Yvonne de Carlo e Yul Brynner, filme que inaugurou a sala com grande pompa.
Fora isso os que se transformaram em templos de igrejas evangélicas, como o Bruni Flamengo, o Olinda ou o Pathé, entre outros, nem sei quantos. Mas o Rio ainda é uma cidade maravilhosa. Sim, porque sobraram alguns cinemas de rua, como o Leblon, o Roxy, o Palácio e o Odeon, estes dois últimos, resquícios de uma Cinelândia que, como diz o nome (pelo qual até hoje é conhecida) tinha em torno de dez cinemas. Além disso existem alguns outros mais novos e fora dos shoppings, como o Unibanco Arteplex, os Estações Botafogo, Laura Alvim ou Paço.
Como doeu ver o Vitória escancarado em sua deprimente depedração. Um triste final para um grande espetáculo!
10 comentários:
Emocionante esta tua explanação dobre um fato que caracterizou os velhos cinemas de alguns anos para cá. Todos sucumbiram.
Mas, tu me fez lembrar o quanto é triste esta realidade para a qual não paramos para pensar no dia-a-dia da vida.
São instantes que nos fazem pensar.
Ia ao Rio todos os anos passar as férias do mês de julho a partir dos anos 60. E, nestas idas, conheci quase todos os cinemas da zona sul e alguns da zona norte. O cinema Vitória era um patrimônio, que deveria ser preservado. As grandes salas do pretérito estão destruídas. Quando, hoje, entro num complexo tipo Multiplex ou Cinemark, sinto o "cheiro" do consumo, e me incomodo muito com a barbárie da platéia. Os cinemas de antigamente tinham estilo e atmosfera, tanto é que sempre associava o filme visto com o cinema. "Vi Ben Hur no cine Tupy!", à guisa de exemplo. Recordo-me que no magnífico Palácio (Passeio Público), ao comprar o ingresso, andava sobre um tapete vermelho macio até chegar à sala de exibição e, no percurso, ia olhando os cartazes ("breve", "a seguir", "aguardem"). O Roxy era outro tesouro. Imenso! E se continuar, o espaço "estoura", pois tantos cinemas memoráveis do Rio de Janeiro. Mas e o Metro Copabacana? Os cinemas Art Palácio eram meio defeituosos, característica, aliás, das salas da Art espalhadas pelo Brasil. O som muito grave, o ar condicionado sempre em volume baixo.
A registrar os meus sentimentos em relação à 'morte matada' do cinema Vitória.
Olha, posso garantir que foi emocionante e me embargou a gargante, me cortou o coração de verdade.
Já passara lá várias vezes, mas desta, como estava tudo aberto, escancarado, parei e quase me arrependi de tê-lo feito.
Mas valeu. Foi nostálgico, muito embora demasiado triste ver aquela cena.
Voc~e vê, André. A gente liga o filme ao cinema, até porque um cinema era muito diferente do outro. Então ficava mais marcado onde você havia assistido algum filme.
Quer ver uma coisa? Assisti "A vingança dos piratas" um capa e espada com Louis Jordan e Debra Paget no Politeama.
"O planeta dos Macacos" no Leblon. Depois o revi numa sala na rua Pamplona, um cinema lá de São Paulo, isto pelos idos de 1969. E por aí afora.
São recordações que vêem da minha juventude e o cinema está ali, claro e precisamente.
Hoje a gente entra nessas salas "QualquerCoisaPlex" da vida e nem se lembra em qual foi, em que porra de shopping se assistiu este ou aquele filme.
Porque são todas iguais, todas do mesmo jeito, com o mesmo layout e aquele cheiro de pipoca no ar. Grrrrrr!
Caramba eu me lembro perfeitamente do cinema Vitória. Era um bom cienma e tinha uma programação do pirú. E tem mais esses outros todos eram bons. Só acho que os cinemas de shopping são confortáveis também. E o som hoje em dia é muito melhor. Antigamente se assistia um filme nacional e se entendia metade e olhe lá.
Otávio
Tcham tcham tcham tan rã rã rã rãããã … tcham tcham rã rãããã… tcham tcham tcham rã rãããããããããããã! Era assim que começava o jornal Atualidades Francesas. Como eu me lembro disso! E o condor no cinema Condor que todo mundo fazia barulho e daí ele saia voando. Piada. Olha, cinema tinha umas coisas que não tem mais. Dá saudade.
O som é melhor porque a tecnologia evoluiu.
O problema é que os cinemas são todos iguais. E aí e´que pega.
Gostei do som das "Atualidades Francesas". Sensacional...
Eu me lembro de cinema como você fala na minha infância.
Olhe Jonga, já cresci com shopping e cinemas dentro deles. A minha geração foi toda assim.
Só que esse desreipeito ao silêncio, ao escurinho do cinema, eu acho que é educação.
Quando vou ao cinema procuro estar em um lugar onde se vai assitir um filme com outra s pessoas que também vão. Desligo o celular e não tenho ha´bitos barulhentos.
Mas infelizmente a maioria das pessoas hoje em dia são desreipeitosas, falam alto e não respeitam aqueles que não querem ruído.
Pena que nem todo mundo faça deste hábito uma coisa frequente. Temos que respeitar aqueles que querem ver um filme e estão ali para isso. Inclusive eu que vou ao cinema porque gosto.
Veja bem, Mary, não é preciso que as pessoas tenham vivido essa época. Afinal, você é jovem e já nasceu numa época em que o cinema aos velhos moldes estava no final.
mas, veja bem, a educação é fundamental. E você demonstra ser educada. E isso é muito importante.
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