quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

A falência das elites e a tradição golpista da direita


Costumo me referir ao sr. Lula da Silva como o maior fenômeno da política brasileira em todos os tempos. Antes de mais nada porque ele conseguiu romper o domínio das elites tradicionalmente no poder desde a Colônia, e, sem excessão o domínio dos políticos tradicionais.
Nunca havia governado este país alguem tão identificado com as massas, alguem que falasse com elas de igual para igual. Mesmo Getúlio ou Juscelino mantinham o ranço típico das classes dominantes, nas atitudes e no discurso. Pois Lula não. Ele é povo, e o povo se identifica com ele.
Lembro-me de quando eleito em 2002 eu disse algo como: “Quem vai lucrar são os que estão na base da pirâmide, os descamisados”. E até usei o termo peronista para definir o seu público alvo. Por seu lado a classe média tradicional, constituída de pequeno burgueses típicos da formação do capitalismo, mas ancoradas no sistema oligárquico em todo o século XX, foi a mais prejudicada.
O Brasil encontrava enfim um novo rumo para a consolidação de um sistema essencialmente dominado pelo capital. E, por incrível que pareça, conduzido por um operário, migrante, em suas origens, tipicamene um membro da agonizante hierarquia da oligarquia brasileira, mormente a nordestina, onde até os nossos dias ainda domina em muitos bolsões.
Naturalmente é muito cedo para uma análise correta do seu governo. A história terá que baixar as poeiras no tempo para que se possam tirar conclusões mais amplas e definitivas. Mas a impressão que fica, numa análise inicial é de que Lula da Silva foi um governante “populista”, e que apesar de aparentemente ser de esquerda (1), fez inúmeras concessões à direita; como na sua política econômica, por exemplo.
Mas representou, e muito, o início da falência das elites neste país. Algo bastante significativo e marcante em nossa história.
Muito cedo tambem para a direita brasileira afastar-se de sua tradicional política de golpismo, cuja mais marcante ocasião foi notada na República do pós guerra, que culminou com o golpe de 1964. Inspirada e conduzida pela UDN (União Democrática Brasileira), um partido que reuniu a "fina flor" da oligarquia reacionária e a defesa dos interesses do imperialismo, comandadas por Carlos Lacerda (foto acima), talvez a figura política mais execrável que existiu neste país. Mais até do que FHC.
Durante as eleições, o golpismo esteve muito presente em toda a campanha, tendo à frente o PSDB e seu candidato Serra, a procurar escândalos continuados, numa evidente ação subterrânea e desonesta.
Pois bem, estamos assistindo, no início do governo Dilma, uma armação das tendências golpistas bastante preocupantes. Como alias, durante todo o governo de Lula ela estava no ar, tendo à frente a corrupta classe política deste país. Lula foi hábil o suficiente para contorná-las e isolá-las. E Dilma... Tambem será? Até porque o seu vice... Este deve-se temer!
Somente a história vai dizer. E a história é uma devoradora de homens e caracteres.
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(1) Devemos nos lembrar que o PT (Partido dos Trabalhadores) tem suas origens ligadas à CIA, na tentativa de afastar Leonel Brizola, considerado então o perigo maior.

4 comentários:

André Setaro disse...

Segundo você sempre fala, o grande perigo, em eleições passadas, estava em Leonel Brizola. Lula passou um tempo nos Estados Unidos, e segundo se crê (inclusive o autor desse blog) veio preparado pelos americanos para enfrentá-lo. O golpe de misericórdia aconteceu nas eleições de 89, quando, por um triz, Brizola deixou de ir ao segundo turno para combater Collor.

Nos anos 50, tinha um bichinho preto, que caia das árvores, e incomodava bastante, que o povo apelicou de "lacerdinha"

Jonga Olivieri disse...

Caro André. Esta questão do Brizola era perigosa para os estadunidenses e os reaças brasileiros porque ele, quando governador do Rio Grande do Sul encampou a ITT e outras empresas.
Quem derrubou mesmo Brizola foi Roberto Marinho, outro grande canalha que subiu e enriqueceu mesmo durante a ditaduea.
Quanto a Lacerda, o bandido maior, era realmente o bichinho que costumava dar em ficus e ardia quanro entrva nso olhos. Uma vez engoli um e era amargo pra cacete.

Anônimo disse...

Como você falou, Lula representou o início da falência das elites no poder neste país.
E isto é muito importante.

Um fã e seguidor deste Blog

Jonga Olivieri disse...

O seu principal papel foi este mesmo.
Criticado por seu português incorreto (puro preconceito e "povofobia"), ele foi um exímio articulista político.