segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

A farsa "democrática" vista de dentro dos EUA




O Professor Jorge Moreira, baiano de nascimento, mas vivendo nos Estados Unidos (1) há algumas décadas, escreveu o artigo abaixo (2) da cátedra da universidade em que leciona. Chamou-me a atenção a precisão de seu raciocínio e conclusões.

"Não sei se vocês já estão a par da última decisão da administração de mister Barak Obama: o sistema de (in)justiça dos EUA demanda judicialmente que Face book, Google e Twitter forneçam as informações confidenciais (e supostamente secretas) sobre Julian Assange e outras pessoas ligadas a WikiLeaks ou que têm colaborado com WikiLeaks.
O erro fundamental de Julian Assange e dos membros de WikiLeaks (assim como da grande maioria das pessoas desinformadas) é terem acreditado que existe “liberdade de expressão” na denominada “democracia representativa” do sistema capitalista.
Vocês não tenham dúvidas que as multinacionais Facebook, Twitter e Google (violando a lei e a ética da privacidade individual) vão colaborar com o sistema atuando da mesma maneira que fizeram Paypal, Visa e Mastercard: vão entregar Julian e seus companheiros.
Em poucas palavras, em vez da Secretaria de (in)Justiça dos EUA, aproveitar a informação revelada por Wikileaks para julgar e penalizar aos responsáveis pelos crimes cometidos contra os povos do Afeganistão, do Iraque e do Pasquistão (em nome e com o dinheiro dos cidadãos estadunidenses), a Justiça estadunidense, atuando do lado contrário, trata de julgar e punir aos cidadãos Julian Assange e aos membros de WikiLeaks por fazerem um trabalho excepcional para desmascarar a verdadeira e monstruosa face oculta do império dos Estados Unidos.
A trágica ingenuidade dos cidadãos estadunidenses (e não estadunidenses) é acreditar que pode haver justiça para todos numa sociedade dominada pelo Capital. Na minha opinião, a “justiça” desta sociedade é outro dos mecanismos ideológicos que estão a serviço da hegemonia e do poder da classe dominante.
Creio que hoje (mais do que nunca), se faz necessário denunciar as palavras “democracia representativa” e “liberdade de expressão” como termos (keywords) profundamente ideológicos e perigosos que são imprescindíveis ao discurso (retórica) hegemônico e cuja função essencial é legitimar a dominação da classe burguesa, ao tempo em que procura desarmar a luta da classe explorada e oprimida (os subalternos) contra o sistema."
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(1) Jorge Vital de Brito Moreira é baiano e estudou Ciências Sociais na UFBa. Fez estudos de pós-graduação em Sociologia (México) e Literatura (EUA) onde recebeu o titulo de doutor (Ph.d) com uma tese sobre o escritor Antonio Callado.
Nos EUA, tem ensinado na University of California San Diego (La Joya), University of Minnesota, Washinton University, Lawrence University e University of Wisconsin.
Tem publicado ensaios (sobre diferentes escritores brasileiros e latinoamericanos) e é autor-colaborador do livro Notable Twenty Century Latin America Women (2001).
Em 2007, publicou na Bahia o livro Memorial da Ilha e Outras Ficcões romance e contos).
Atualmente escreve artigos e ensaios para o destacado diário www.rebelion.org de grande circulação em Espanha e América Latina.

(2) André Setaro me enviou este artigo por e-mail.

3 comentários:

Jonga Olivieri disse...

Meu caro Professor Jorge Moreira.
Neste blogue, vai encontrar muitas matérias em que posiciono a chamada "democracia" como uma grande farsa.
Depois procure com calma... Vai encontar artigos em que vamos nso identificar pelo pensamento.

André Setaro disse...

O Professor Jorge Vital Moreira, baiano da Ilha de Itaparica, onde viveu parte de sua infância, e escreveu um livro sobre seus tempos de meninice, trabalhou em alguns filmes de Edgard Navarro, até que foi embora do Brasil, situando-se nos Estados Unidos depois de estudos de mestrado e doutorado. Tornou-se um professor de uma das universidades de lá. É um analista político de rara competência e lucidez.

Jonga Olivieri disse...

Um perfil muito interessante...