terça-feira, 23 de junho de 2009

Complexo de Javé

Os povos pagãos primitivos viviam sem se preocupar com “salvação” ou “condenação”. Acreditavam que os deuses existiam, governavam o mundo e seus fenômenos (inexplicáveis). Ofereciam adorações e/ou sacrifícios de acordo com a cultura de cada povo. Acrescente-se que no caso desses deuses pagãos pré-históricos não se supunham nem se investigavam as suas origens.
Mesmo na Antiguidade o politeísmo dominava. Tanto na Grécia quanto no Egito ou até entre os persas. No caso destes, o zoroastrismo pregava duas divindades: Aúra Masda (o criador) e Arimane (o destruidor). Algo, guardada as devidas proporções, como as imagens de deus e do diabo (1).
Pelo que consta, os hebreus formaram a primeira civilização monoteísta na história da humanidade. A idéia de um único deus era estranha à mente humana. A nova religião monoteísta destacava-se porque pregava este um só deus, e, apesar de manter os sacrifícios e outros rituais comuns à época aboliram a adoração a imagens e ídolos.
O certo é que as demais religiões monoteístas ocidentais se originam deste tronco.
Mas aí reside o problema mais grave. E certamente o principal. Mais de uma vez já toquei neste assunto e insisto em sustentar que o conceito de ditaduras – como as conhecemos – está justamente no exemplo deste deus onipresente, onipotente, punitivo. Um tirano cruel e sanguinário dotado do poder de criar ou destruir qualquer coisa que seja.
Se pararmos para pensar, conseguiremos associar, sem grandes esforços, um Hitler, um Stalin, um Idi Amin (2), um Vargas, como qualquer outro “grande” ou “pequeno” ditador, como criados e inspirados no “complexo de Javé” (3), pelo fato de serem aceitos e venerados pelos seus fiéis “cordeirinhos”, pois culturalmente já estão habituados a aceitar este tipo de domínio sobre suas pobres “almas” (4).
Imagine-se mais de quatro mil anos em que essa mentalidade foi crescendo mundo afora, ampliando-se com o cristianismo e o islamismo chegando ao ponto de hoje, os que se dizem “democratas” elegerem o seu “deus” governante. Seja um presidente ou o nome que tenha.
Ou aqueles que seguem as ordens do “representante” deste deus e líder máximo na Terra, o imperador (também chamado de papa), mas na verdade o grande ditador da Igreja Universal (5) Apostólica Romana.
E como a origem do deus é a mesma, garanto que há poucas diferenças entre o pensamento e a ação de Barack Osama e Obama Bin Laden. Isso mesmo, são tão semelhantes entre si quanto se confundem os seus nomes, farinha do mesmo saco.

(1) A diferença é que no caso persa eram duas divindades surgidas em simultâneo. Ao passo que segundo crenças e dogmas monoteístas, deus veio primeiro (ou melhor, nunca veio porque sempre esteve), e, num ato de revolta, Lúcifer foi banido de seu reino. Afinal, ditadores não aceitam oposições.
(2) São conhecidas as atrocidades de Hitler e Stalin pela importância histórica de ambos no contexto geral do século passado. Mas é importante lembrar que Idi Amin, como Javé mandava os pobres mortais para o inferno. Ente as tantas conhecidas tem aquela em que o “deusinho" alimentava, engordava e jogava os seus “pecadores” num poço repleto de crocodilos. Estes famintos, claro!
(3) Javé (ou Jeová) é uma corruptela de Yaveh... que quer dizer “aquele que é, foi e será”. Como os hebreus não podiam pronunciar o nome de seu deus, passaram a chama-lo por esta frase.
(4) As tão comuns expressões “graças a deus”, “se deus quiser”, “foi a vontade de deus” e tantas similares refletem esta impotência do ser humano frente à ditadura imposta pelo “complexo de Javé”. É como se ninguém tivesse forças para obter suas vitórias ou ser perdoados pelas suas derrotas. Nessas horas penso o quanto ainda somos atrasados, primitivos mesmo.
(5) Católica vem do grego "katholikos", que quer dizer, “para todos” ou simplesmente “universal”. Como aquela do bispo Macedo: a Igreja Católica do Reino de Deus.

8 comentários:

maria disse...

Adoro este seu blog. É variado nos assuntos e muito rico.
Mas acho sinceramente que você as vezes é muito radical.
Nossa!

Jonga Olivieri disse...

Mary, desculpe se fui radical. Mas é que eu sou radical mesmo!
Peço desculpas a você porque pode ser religiosa e ter se ofendido com palavras mais duras que usei neata postagem. Como aliás m outras em que abordei a questão.
Mas, creia, é o que penso e divulgo, porque também sou extremamente anticlerical.

Ieda Schimidt disse...

Discordo da Maria em gênero, número e grau.
Tu não é radical. É coerente em tuas tuas posições políticas com a quais concordo e apoio.
E tem mais, escreveste de forma clara e sem hipocrisias.
Parabéns pelo post.

Jonga Olivieri disse...

Obrigado Ieda.
Afinal, posições devem ser defendidas.
Sou anti-clerical e anti-religiões de um modo geral. Acho que dois terços das guerras que houve através de séculos de história tiveram alguma religião por trás, nem que somente como pretexto.

André Setaro disse...

Discordo da semelhança entre Barack Obama e Osama Bin Laden. Não são farinhas do mesmo saco, caro Jonga, e, feito este senão, um 'post' muito interessante, ainda que embebido de seu radicalismo por vêzes feroz.

Jonga Olivieri disse...

Meu estimado Professor Setaro. Quando digo isto sinto um profundo orgulho de você; um primo e amigo que, apesar de mais novo do que eu, era companheiro de andanças, tardes de cinema e até manhãs nas saudosas “pré-estreias” do cine Tamoio, que meu pai conheceu como Glória. Ou de “baurús” com cervejinha (hummm!) – como bem se lembra – ali em Nazaré.
Por isso mesmo tenho que responder com o devido respeito (que bem merece).
A semelhança existe. Claro que neste caso foi um pouco forçada a inclusão daquele parágrafo. Cheguei a pensar em retira-lo, mas gosto de comentários sarcásticos, sou um admirador do humor irônico dos britânicos.
Muito antes da farsa eleitoral estadunidense, no antigo “Pensatas” cheguei a publicar um artigo cujo título era “Osama x Obama” referindo-me à simples coincidência nos nomes e o faro de (se eleito) ficaria um de um lado e outro do outro. Mas, veja bem, semelhanças existtem...
Esta questão de serem “farinha do mesmo saco”, prometo, publicarei uma outra postagem em que aprofundarei o meu raciocínio.
A minha repulsa a religiões, sejam elas quais forem é de fato muito feroz! Creio já haver exposto isso em várias ocasiões neste blogue (e no anterior). Desde a pré-história os feiticeiros, sacerdotes ou seja lá o nome que se dê a esta “elite” sempre corrupta cuja intenção sempre foi a de proteger o interesses dos poderosos, com discursos que insinuam o oposto. Vai ser assunto pra muito chope ainda...
Finalizando: gosto muito de receber seus comentários, sempre consistentes. Mesmo quando se opõem às minhas ideias, muito respeitosos.

Anônimo disse...

Acho que deveria haver um repeito aqueles que crêm em Deus.
Fico ofendido com tudo o que li neste ensaio sobre religiões. Um desreipeito a fé alheia.
Mas Deus castiga!

(a) Um home de fé.

Jonga Olivieri disse...

Geralmene não gosto de publicar artigos ofensivos de indivíduos alinhados à direita nos pensamentos filosóficos, religiosos e políticos;
Mas o seu, anônimo, só vem a reforçar as minhas teses. Quando você diz "... Mas deus castiga" (1) eu vejo o quanto estou certo no meu caminho de encarar este deus em que você acredita como a origem do pensamento ditatorial, tal e qual o conhecemos (2).
Se houve desrespeito a alguma coisa, você também me desrepeitou em meu agnoticismo.
Se algum tipo de deus exista, o problema é dele. Ou "ele" segundo suas crenças só nos criou para fazer um ensaiozinho como o comportamento humano?
Então, o seu deus se chama Marquês de Sade (sabe quem é?) e você um masoquista qualquer.
Outra coisa: não é home, é homem, certo? Teem alguns bons cursos de português, até na internet. Quem sabe no dia que você souber falar, vai poder compreender melhor tudo que o cerca?

(1) Tem aquela piadinha de que um garoto que jogava bolinha de gude, errou a jogada e disse: "Porra, errei". Um padre passava por ele e disse: "Meu filho... Naõ diga palavrão porque deus castiga.
O garoto fico olhando para ele, meio cético e o padre para provar que deus castigava clamou olhando para o céu: “Deus, manda um raio!” Imediatamente um raio atingiu o padre, fuminando-o.
Aí, ouviu-se aquela voz do Cria(dita)dor exclamar: “Porra, errei!”.
(2) Leia a postagem de hoje e tente compreender o que a sua ignorância não permite.