Série
“A Reconstrução da IV Internacional”, artigo extraído da Revista Marxismo
Revolucionário nº 11 (Dezembro/2008) - LBI-QI*.
A IV Internacional foi fundada no dia 3 de setembro de 1938 em uma
conferência realizada na casa de um de seus militantes, Alfred Rosmer,
localizada no subúrbio parisiense de Périgny. Reuniram-se 21 delegados,
representando 11 seções na plenária de fundação. Não poderia haver tempos mais
difíceis para se fundar uma nova internacional. Foi precisamente um ano antes
do início da II Guerra Mundial, em plena “meia noite” do século XX. O
stalinismo executara os dirigentes da revolução bolchevique nos chamados Processos
de Moscou enquanto, simultaneamente, sabotava os processos revolucionários na
China, França e Espanha com suas frentes populares, deixando o caminho livre
para a consolidação do nazi-fascismo na Europa.
OS PRINCÍPIOS MARXISTAS GANHAM FORMA ATRAVÉS DA
COMUNA, DOS SOVIETES, DO ARMAMENTO DO PROLETARIADO, DO BOLCHEVISMO E DE OUTUBRO
Tanto a I como a III Internacionais também embrionariamente haviam
nascido da convicção militante de pequenos núcleos de revolucionários nadando
contra a corrente. A primeira, também chamada Associação Internacional dos
Trabalhadores, nasceu em 1864, na época progressista do capitalismo
(1789-1871), quando o marxismo se afirma como teoria de libertação do
proletariado combatendo os socialistas utópicos e os anarquistas, teorias
hegemônicas até o primeiro assalto dos trabalhadores ao poder, a Comuna de
Paris. Os communards são derrotados e
caçados por todo o continente europeu. 30 mil são executados e outros 100 mil
presos. Tem início uma profunda reação ideológica. A Internacional desaparece
completamente.
Desenvolve-se uma camada burocrática no movimento operário que passa a
controlar os sindicatos, partidos da classe e a hegemonizar a II Internacional
após sua fundação (1889). Pela primeira vez na história os socialistas e
dirigentes operários ingressam em ministérios burgueses, se deslumbram com a
eleição de seus parlamentares e passam a defender uma transição pacífica e por
etapas para o socialismo. O reformismo, uma expressão da influencia burguesa
sobre o movimento operário, inimigo mortal da luta pela insurreição e ditaduras
proletárias, assumirá a partir de então as mais diversas roupagens
(parlamentarismo, stalinismo, guerrilheirismo), como veremos mais adiante.
Na Rússia atrasada, a revolução de 1905 apresenta ao mundo uma forma
mais aprimorada do que na Comuna parisiense de uma estrutura de governo baseado
na ditadura revolucionária do proletariado, os conselhos operários e populares,
os sovietes que não derrotaram o czarismo no início do século e que viriam a
reaparecer nas Revoluções Russa (1917), Húngara (1919), Italiana (1919-1920),
Alemã (1918 e 1919)... No entanto, como comprovaram, pela positiva (Rússia) e
pela negativa (todos os outros exemplos citados), por si só, e apesar de serem
organismos de governo genuíno da classe, mesmo quando se instaura uma situação
de duplo poder, com as massas organizadas em conselhos operários, o triunfo da
revolução exige uma ferramenta especial de vanguarda como agente político ativo
do assalto ao poder, um partido de revolucionários profissionais, que fora
proposto por Lênin em 1903, na contramão de toda social democracia mundial.
A I Guerra Mundial (1914-1918) marca o início da era decadente do
capitalismo, o imperialismo e desmascara o chauvinismo dos dirigentes da
Internacional Socialista, profundamente integrados aos interesses de suas
burguesias. Os líderes socialistas ajudam o patronato a promover uma
carnificina usando os trabalhadores como bucha de canhão, jogando uns contra os
outros, pisoteando a ideia mais elementar do internacionalismo marxista:
“proletários de todo mundo uni-vos!”.
Os poucos sociais democratas que não capitularam ao patriotismo e se
opuseram aos oportunistas reuniram-se nas Conferências de Zimerwald e Kienthal,
onde todos os verdadeiros internacionalistas do mundo “cabiam em quatro
carros”. Porém, para fundarem uma nova internacional, teriam ainda que romper
com os centristas pacifistas encabeçados por Kautsky.
Em todo continente, os sociais democratas integram governos de
reconstrução burguesa no pós-guerra. Na Rússia, os bolcheviques sob a
orientação de Lênin e Trotsky derrotam a contra-revolução kornilovista,
conquistam a maioria dos sovietes e organizam a tomada do poder contra o
governo socialista burguês de Kerensky, uma clássica frente popular de
conciliação de classes contra as massas trabalhadoras.
A Internacional Comunista (IC), foi fundada em 1919, tinha o lastro da
revolução bolchevique, mas o refluxo da luta de classes mundial após a I
Guerra, nos anos 20, não lhe permitiu dirigir a revolução em nenhum outro país.
A formação de uma URSS exaurida pela I Guerra Mundial e em seguida pela batalha
por expulsar os exércitos de 14 países capitalistas ansiosos por liquidar com o
mau exemplo bolchevique, originou um “Estado operário com deformações
burocráticas”. Isto, somado a enfermidade que levou ao afastamento de Lênin do
poder, influiu para o declínio das concepções bolcheviques e possibilitou que a
III Internacional orientasse uma política de conciliação de classes na Alemanha
em 1923. O PC Alemão ingressou em governos burgueses regionais (Saxônia e
Turingia), confundiu o proletariado e deixou passar a primeira situação
revolucionária aberta naquele país após a traição da social democracia que, em
aliança com a burguesia, afogou em sangue uma potencial revolução soviética de
1918 e executou Karl Liebknecht e Rosa Luxemburgo.
O isolamento internacional da URSS favoreceu a vitória da
contra-revolução política stalinista após a morte de Lênin, em 1924, e sela a
burocratização do Estado operário soviético. Para cobrir seu flanco esquerdo
das críticas da oposição trotskista, a burocracia desenvolve inicialmente uma
linha ultraesquerdista que por meio de um putch
iria abortar o processo revolucionário das comunas chinesas de Cantão e Xangai,
hostiliza o campessinato pobre russo através da coletivização forçada dos
campos soviéticos e, por fim, nega-se a realizar uma frente única operária para
deter o ascenso nazista. Estas tragédias convencem a oposição de esquerda que
não mais está diante de uma camarilha centrista, mas já de uma incurável casta
contra-revolucionária que precisa ser apeada do poder político por uma nova
internacional e novos partidos leninistas através de uma revolução política
proletária. O stalinismo realiza um giro em direção ao oportunismo, advogando a
conciliação de classes por meio da revolução e frentes populares, a convivência
pacífica com o imperialismo e a revolução por etapas.
A LUTA POR UMA NOVA INTERNACIONAL REVOLUCIONÁRIA
DEPOIS DA DEGENERAÇÃO STALINISTA
A IV Internacional nasceu quando o proletariado sofria suas piores
derrotas no século XX. Mas poderia ser diferente, poderia se esperar mais? Não.
Seria um crime não apontar outro caminho à falência da IC stalinizada. O
acontecimento decisivo que fez a Oposição de Esquerda Internacional concluir
que não havia possibilidade alguma de continuar a luta pela regeneração da IC
foi a negativa desta última em estabelecer uma frente única operária com a
social-democracia contra Hitler. Pois, de todas as possibilidades abertas à
esquerda alemã, onde, segundo Trotsky, se encontrava “a chave da situação
internacional”, a guerra civil, que poderia ter impedido a ascensão do nazismo
ao poder, era o caminho menos arriscado, o único que poderia ter poupado a
Alemanha e o mundo do terror do III Reich e o cataclismo de uma guerra mundial.
“Se não fosse por Stalin (por exemplo, a fatal política da IC na Alemanha), não
haveria Hitler.” (Trotsky, A questão ucraniana, 22/04/1939). A ascensão dos
nazistas ao poder em janeiro de 1933 sob a passividade criminosa do PCA
representou para a Internacional Comunista uma traição à causa do proletariado
semelhante ao que o voto social-democrata em favor dos créditos de guerra em
1914 significou para a II Internacional, a falência completa destes organismos
para a causa revolucionária. A Oposição de Esquerda Internacional compreendia
com toda justeza que o nazismo era uma criatura do imperialismo destinado a
desencadear uma guerra civil internacional preventiva contra a revolução
proletária.
Após ter se oposto a construir a frente única proletária para frear o
fascismo, o stalinismo realiza um profundo giro em direção ao oportunismo e
adota a política das frentes populares, ou seja, a conformação de governos de
colaboração de classes entre os partidos operários e capitalistas, o último
recurso contra a revolução proletária. “A questão das questões atualmente é a
Frente Popular. Os centristas de esquerda procuram apresentar esta questão como
tática ou mesmo como uma manobra técnica, a fim de poder vender as suas
mercadorias na sombra da Frente Popular. Na realidade, a Frente Popular é a
questão principal da estratégia da classe operária nesta época. Também oferece
o melhor critério para diferenciar o bolchevismo do menchevismo.” (Trotsky, ‘O
POUM e a Frente Popular’, 1936).
A DEFESA DA URSS E A CISÃO DA MAIOR SEÇÃO DA IV
INTERNACIONAL
A guerra foi o primeiro teste ácido da nova internacional e suas débeis
seções. O Secretariado Internacional se transferiu para os EUA, onde seu
principal partido, o SWP, se vê consumido por uma dura luta fracional. Os
setores mais pequeno-burgueses e intelectuais dirigidos por Shachtman e
Burnham, impactados com o pacto de Stalin com Hitler e com a invasão da Polônia
e da Finlândia pelo Exército Vermelho, mas no fundo capitulando à propaganda
anti-soviética do imperialismo, passam a contestar a caracterização de Estado
operário para a URSS e a sua defesa. A fração recusa-se a defender as bases
sociais de propriedade conquistadas pela revolução adotando um abstrato terceiro
campo (Nem Washington nem Moscou), rompendo assim com o materialismo histórico
e a concepção da sociedade dividida em classes sociais. Por fim, aderem à
teoria que define o regime stalinista como “coletivismo burocrático”, teoria originalmente
criada pelo ex trotskista italiano, Bruno Rizzi que acreditava ser a burocracia
uma nova classe exploradora. Os processos de restauração capitalista nos
estados operários oprimidos por burocracias comprovou a inconsistência desta
teoria e comprovou a plena vigência das caracterizações de Trotsky. Esta
tendência anti defensista que confunde propositadamente o Estado operário e as
conquistas da revolução com sua direção burocrática é um vírus reincidente em
toda história da IV Internacional.
Trotsky e Cannon travam uma dura batalha (reproduzida na coletânea de
cartas e textos reunidas no livro ‘Em defesa do Marxismo’, de 1940), derrotando
a oposição antidefensista. Esta acaba rompendo com o SWP, arrastando consigo
quase 40% do partido e aderindo abertamente à reação imperialista, uma
tendência natural de vários stalinofóbicos terceiro-campistas.
Burnham torna-se colaborador da CIA, do macarthismo, se opôs ao direito
de voto para os negros, defendeu que os EUA deveriam lançar uma guerra atômica
contra a URSS e depois contra o Vietnã, tendo sido condecorado por Reagan pouco
antes de morrer. Schachtman torna-se um burocrata sindical anticomunista, apóia
a tentativa derrotada de esmagamento da revolução cubana pelos EUA através da
invasão militar da Bahia dos Porcos (1961). O curso asquerosamente reacionário
de Schachtman não para por aí, completamente corrompido por seu próprio
imperialismo ele ainda defende também a intervenção ianque no Vietnã.
Historicamente, o antidefensismo se converte no mais abjeto pró-imperialismo.
Para Trotsky “o dever dos revolucionários é defender toda conquista da classe
trabalhadora ainda que tenha sido desfigurada pela pressão das forças hostis.
Aqueles que são incapazes de defender as posições conquistadas, nunca conquistarão
outras novas.” (Em defesa do marxismo, 1940). Poderíamos acrescentar que estes
renegados, como muitos schachtmanistas modernos, passam-se para o outro lado e
a apoiar os que atacam e assaltam as conquistas históricas do proletariado.
O LIQUIDACIONISMO PABLISTA
Pode-se compreender o momento extremamente difícil de perseguição e
pressão que sofreram os trotskistas após a morte de Trotsky, mas isto não
justifica a renúncia a todos os elementos que constituíam o ABC do trotskismo,
porque existia uma base teórica e programática prévia que servia para armar a
IV Internacional. A geração de 40 tratou de incorporar ao trotskismo antigas
concepções reformistas, como a subordinação da concepção de luta de classes
pela da luta entre o imperialismo e o stalinismo ou contra as direções
nacionalistas, alinhamento oportunista com os campos burgueses progressivos,
negação da crise de direção, renuncia à luta pela revolução política...
Em meio a um terreno de profunda desestruturação e desmoralização emerge
como principal dirigente do II Congresso (1948) da IV Internacional o grego
Michel Raptis (Pablo). O III Congresso da IV (1951) consolida a revisão do
programa sobre o stalinismo. Pablo, impressionado com o prestígio capitalizado
pelo stalinismo após a vitória do Exército Vermelho sobre o nazismo, a criação
dos Estados operários no Leste europeu e as revoluções iugoslava e chinesa,
defendia a dissolução dos partidos trotskistas nos PCs para pressioná-los à
esquerda, vendo o stalinismo como um substituto para a construção do partido
revolucionário na luta contra o imperialismo. A IV Internacional já não se
reconstruiu em nenhum Estado operário após os anos 30. Menos pela força da
repressão burocrática que pelo liquidacionismo pablista. Esta política resultou
em desastrosas consequências para a luta pela revolução política operária na
Alemanha Oriental (1953), Hungria (1956), China (1966), Tchecoslováquia (1968),
Polônia (1968, 1970, 1980), China (1989).
No III Congresso, Pablo secundarizou as teses da Revolução Permanente em
favor do culto a “Frente Única Anti imperialista”, que nos anos seguintes
camuflaria a submissão dos trotskistas aos movimentos nacionalistas burgueses,
como o peronismo na argentina e o MNR na Bolívia.
Pablo retoma as concepções superadas pela Oposição de Esquerda
Internacional no início dos anos 1930, segundo as quais o stalinismo poderia
ser reformado, e decide então que os trotskistas deveriam também retroceder
organizativamente fazendo entrismo nos PCs (embora em alguns países, como na
Alemanha e na Inglaterra, a tática de Pablo tivesse sido aplicada à social democracia
e no trabalhismo). Esta orientação significou uma capitulação à burocracia
stalinista, que se estenderia também pouco depois a outras direções burguesas e
pequeno-burguesas, como fizeram Moreno e Posadas na América Latina. Isto
provocou a quase extinção do trotskismo na Europa e o domínio tranqüilo do
movimento operário por direções populistas burguesas, como é o caso argentino
em que o peronismo segue à cabeça da quase totalidade das direções sindicais
nas últimas seis décadas.
A derrota da revolução na Bolívia converte-se na expressão maior da
traição contra-revolucionária do revisionismo sobre a IV Internacional. O POR
boliviano possuía uma grande influência sobre o proletariado, a ponto do
Congresso da Federação Sindical dos Trabalhadores Mineiros da Bolívia (FSTMB),
a principal organização do proletariado do país, reunida em novembro de 1946 na
cidade de Pulacayo, aprovar em suas teses concepções baseadas na revolução permanente
e no Programa de Transição da IV Internacional. Em 1952, o proletariado
boliviano destruiu o exército burguês, constituiu milícias operárias e
camponesas de poder operário e organizou a Central Operária Boliviana (COB).
Mas sob a orientação de Posadas e Pablo, o POR Boliviano adotou uma linha
menchevique, apoiou o governo burguês do MNR.
Por fim, o próprio Pablo abandona formalmente o trotskismo e assume um
ministério do governo burguês nacionalista do antigo Ceilão, hoje Sri Lanka. A
deserção de Pablo abre caminho para que Mandel assuma a vanguarda do revisionismo
do trotskismo mundial vindo a fundar o Secretariado Unificado em 1963.
A partir de 1953, os seguidores de Pablo e Mandel se adaptaram ao
stalinismo, ao nacionalismo, ao foquismo, ao eurocomunismo, ou seja, às
diversas formas do reformismo burguês. O posadismo quase nem existe mais, foi
um dos poucos ramos do trotskismo a existir no Brasil na década de 1960, mas
hoje não passa de uma fantasmagórica corrente defensora dos governos da
centro-esquerda burguesa latino-americanos, como Lula, Chávez, Evo, etc. Não por
acaso, apesar de ainda possuírem peso político, tiveram o mesmo destino
político nos quais foram parar agrupamentos fundados por Lambert, Moreno e Ted
Grant.
O COMITÊ INTERNACIONAL ANTIPABLISTA
A revisão liquidacionista do trotskismo foi questionada por setores
minoritários da Internacional, particularmente, pelo SWP norte-americano, pela
maioria da seção francesa do Partido Comunista Internacionalista, liderada de
Pierre Lambert, que logo é expulsa e acaba levando consigo a seção inglesa,
Socialist Labour League (SLL), dirigida por Gerry Healy, dando origem então a
primeira grande cisão da IV Internacional em 1953. Os antipablistas fundaram o
Comitê Internacional (CI), uma ruptura progressiva na medida em que evitaram a
desaparição programática completa do trotskismo nos anos 50.
As seções que conformaram o CI reagiram tão tardiamente ao pablismo,
quanto abortaram prematuramente a luta no interior do SI, expressando suas
profundas limitações em superar a crise da Internacional, o que resultou na
repetição dos mesmos desvios pablistas em relação a outras direções contra revolucionárias.
O antipablismo empírico se revelou mais propriamente um oportunismo
stalinofóbico e predileção por fazer entrismo na social-democracia do que
qualquer traço de fidelidade à ortodoxia trotskista. Apesar de se apresentar
como uma alternativa ao revisionismo do Secretariado Internacional (SI)
pablista, caracterizava-se pela frouxidão organizativa (eram uma mera federação
de partidos sem nenhum centralismo) que na prática não assumia nenhuma tarefa
pela reconstrução da IV Internacional e por incorrer nas mesmas ilusões com o
stalinismo em relação a Tito e a Mao. Anos depois o SWP estende estas ilusões
ao castrismo, abandona o CI e reunifica-se com o SI.
O Comitê Internacional entre Lambert e Healy acaba por se romper em
1971. Lambert e seu agrupamento francês, a OCI, lançaram o CORQUI (Comitê de
Organização e Reconstrução da Quarta Internacional), conjuntamente com o
nacional-trotskista POR boliviano de Guillermo Lora e Política Operária (mais
tarde conhecido como Partido Obrero)
da Argentina, dirigido por Jorge Altamira, tendo como eixo político a defesa da
“Frente Única Anti imperialista" que na Bolívia levou o POR a reivindicar
a conformação da mesma com os setores “nacionalistas” das FFAA. A OCI durante o
maio de 1968 não passou de agrupamento de pressão do PS e entusiasta da frente
popular encabeçada por este partido social democrata imperialista anos depois.
Inversamente proporcional à sua capitulação a ala esquerda da grande burguesia
francesa, Lambert impõe uma orientação sectária às seções do CORQUI, obrigando o PO e o POR a romperem com
os sindicatos “burgueses”.
O CORQUI se rompe, o PO segue construindo uma organização
federalista com o POR, a TQI, mas Altamira só vem a
"descobrir" a traição de Lora à revolução boliviana de 1952 quando o
último, em uma manifestação extrema de seu nacional-trotskismo, declara
formalmente seu desinteresse em continuar construindo a TQI, em meados da
década de 1980.
Poucos anos depois do fracasso do CORQUI,
a OCI, rebatizada com o nome de PCI, busca uma aproximação com Moreno,
recém rompido com o SU. Em 1980 formam o Comitê Paritário (CP), anunciado como
o “maior fato da história do trotskismo após a fundação da IV Internacional em
1938”, mas que não dura mais que nove meses. O CP não consegue resistir à
vitória eleitoral de Mitterrand na França, inicialmente apoiada por Lambert e
Moreno. O PCI defende abertamente o
governo imperialista de Miterrand e Moreno rompe o CP acusando a OCI de traição ao trotskismo.
(*) Liga Bolchevique Internacionalista – Quarta
Internacional
6 comentários:
Mais um histórico esclarecedor da LBI-QI sobre a situação da Quarta Internacional, tão pouco divulgada pela imprensa burguesa.... por razões óbvias.... rss
Mais um histórico esclarecedor da LBI-QI sobre a situação da Quarta Internacional, tão pouco divulgada pela imprensa burguesa.... por razões óbvias.... rss
Concordo c/ o Misael.
A história da IV Internacional é muito obstruída pela burguesia e consequentemente pela sua grande imprensa.
Por outro lado, as divisões constantes no movimento deixam-no fragilizado e vulnerável, não havendo um centro de referência.
Foi o que aconteceu com a QI na Europa, com Pablo. As traições também fazem parte deste processo.
Fantástica postagem
L.P.
Muito bom este post!
É, na realdde um balanço histórico bastante embasado o desta Malta da LBI-QI. Deu-me muito gosto a leitura da primeira parte deste artigo.
Postar um comentário