Reproduzo o texto que me foi encaminhado com o programa das oficinas literárias ministradas por Antônio Torres (1) na Casa do Saber do Rio de Janeiro (2), que vão acontecer nas terças-feiras às 19 horas durante o mês de julho. Caso tenha interesse, corra para se inscrever pois as vagas já são poucas. O endereço e os telefones estão no final desta postagem:
“Desde Dom Quixote, cuja primeira parte data de 1605, o romance tornou-se um espaço entre a ficção e a biografia, e um território entre o real e a imaginação, sendo tudo isso ao mesmo tempo e nada disso, levando o leitor ao terreno da dúvida. O gênero cresceu na Inglaterra com a revolução industrial, no século 18, e chegou ao apogeu no século 19, pelo conjunto da obra de um elenco de gigantes (Tolstoi, Dostoievski, Dickens, Flaubert, Balzac, Sthendal, Eça de Queirós, Machado de Assis...) No século 20 teve sua estrutura virada pelo avesso, a partir das inovações formais e estilísticas introduzidas por James Joyce. Depois de todas as experimentações que sofreu daí em diante, e já com sua morte tantas vezes anunciada, afinal, qual o romance que se quer ler (ou escrever) hoje? Apenas uma velha e boa história bem contada? E mais: alguns segredos da criação de um romance, do título ao ponto final.
4 aulas
“Desde Dom Quixote, cuja primeira parte data de 1605, o romance tornou-se um espaço entre a ficção e a biografia, e um território entre o real e a imaginação, sendo tudo isso ao mesmo tempo e nada disso, levando o leitor ao terreno da dúvida. O gênero cresceu na Inglaterra com a revolução industrial, no século 18, e chegou ao apogeu no século 19, pelo conjunto da obra de um elenco de gigantes (Tolstoi, Dostoievski, Dickens, Flaubert, Balzac, Sthendal, Eça de Queirós, Machado de Assis...) No século 20 teve sua estrutura virada pelo avesso, a partir das inovações formais e estilísticas introduzidas por James Joyce. Depois de todas as experimentações que sofreu daí em diante, e já com sua morte tantas vezes anunciada, afinal, qual o romance que se quer ler (ou escrever) hoje? Apenas uma velha e boa história bem contada? E mais: alguns segredos da criação de um romance, do título ao ponto final.
4 aulas
7 JUL – Breve introdução ao gênero, sua história, desenvolvimento e impasses na contemporaneidade. Títulos, inícios e finais de romances memoráveis. A criação de personagens, dos diálogos, e a relação tempo cronológico-tempo psicológico. O narrador. Leitura em voz alta pelos participantes de um capítulo exemplar de romance. Impressões sobre o texto lido. O romance que cada um gostaria de ter escrito. E o que tem na cabeça – ou na gaveta – e nunca teve coragem de contar.
14 JUL – A estratégia narrativa e a originalidade de Memórias póstumas de Brás Cubas, o romance dentro do romance, exemplo de obra literária do século 19 cujas inovações continuarão causando impacto pelos séculos afora. Leitura de alguns de seus capítulos. Exibição de trechos da adaptação do livro para o cinema, por André Klotzel. Confabulações em torno da construção e do texto machadiano, do Rio e da sociedade brasileira na visão ao mesmo tempo irônica e melancólica do autor.
21 JUL – Outro caso exemplar de estratégia narrativa. Este, do século 20: O Grande Gatsby, no qual Scott Fitzgerald atingiu a quintessência do seu sonho de arte e beleza. Está tudo lá: ritmo, cadência, e a comprovação de uma crença do autor de que “ação é personagem”. E, em vez da ironia machadiana, a prosa melódica da era do jazz; em vez do toque de melancolia por trás do riso de Brás Cubas, que se narra, o olhar de desencanto do narrador diante da misteriosa opulência de Gatsby, e, por extensão, das extravagâncias da sociedade norte-americana do primeiro pós-guerra, como se antevisse o desfecho trágico que deu no crack de 1929 e na depressão dos anos de 1930, de que hoje tanto se fala. Leitura em voz alta de trechos do pequeno grande romance de Scott Fitzgerald. Comentários.
28 JUL – Século 21: a desconstrução das formas canônicas, quando o romance prima pela incorporação de outros gêneros à sua estrutura, como o ensaio, a reportagem, a biografia etc., o que já vinha acontecendo no século anterior, mas agora parece dominar o cenário literário, sobretudo o brasileiro. Caso a ser analisado: O filho eterno, que ganhou praticamente todos os prêmios nacionais, levando o autor, Cristóvão Tezza, a ser distinguido com o Faz a diferença do jornal O Globo, este ano. Em foco: quando o real leva à invenção a atingir o status romanesco. Podem as vivências particulares resultar em histórias de interesse geral? O que faz a diferença entre a realidade e a ficção, ou mesmo entre um romance e outro? - considerando-se este outro o que desperta o interesse da crítica e do público. Comentários finais, envolvendo os participantes do curso.”
(1) Antônio Torres (que tenho o prazer de conhecer pessoalmente), para além de ter exercido funções de Diretor de Criação e Redator em agências de publicidade no Rio e São Paulo, por exemplo: Salles, Denison, Lintas, é autor de livros como Um cão uivando para a lua, Os homens dos pés redondos, Essa terra, Carta ao bispo, Adeus, velho, Balada da infância perdida, Um táxi para Viena d’Áustria, O centro das nossas desatenções, O cachorro e o lobo, O circo no Brasil, Meninos, eu conto, Meu querido canibal, O Nobre Sequestrador, Pelo Fundo da Agulha, Sobre pessoas, entre outros. Tem suas obras publicados na Argentina, além de França, Alemanha, Itália, Inglaterra, Estados Unidos, Israel, Holanda, Espanha e Portugal.
Foi agraciado como “Chevalier des Arts et des Lettres” pelo governo francês.
(2) A Casa do Saber fica na Avenida Epitácio Pessoa, 1.164 – Lagoa - Tel. (21) 2227-2237
e-mail: inforio@casadosaber.com.br
2 comentários:
Pouco conheço de Antonio Torres, mas já ouvi falar dele.
É uma pena estar tão longe aqui em Porto Alegre.
Quem sabe ele vindo por aqui eu possa assistir...
Certamente você saberá quando ele for, porque é informada..
Antônio Torres tem realizado palestras em vários estados do país.
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