Há bastante tempo atrás,
havia uma piadinha interessante que perguntava quais os dois menores livros do
mundo. E qual era a resposta? Era simplinha: “Os menores livros do mundo são: Quem é Quem na Economia Paraguaia e Delícias da Cozinha Inglesa”...
E, de fato, fishburger frio com batatas fritas
geladas, vazando gordura por todos os lados, foi, sem sombra de dúvidas, um dos
piores momentos palatáveis da minha vida, muito embora a peça “Fish & Ships” , apesar do título, não
esteja primordialmente preocupada com isso, mas com a intrincada questão dos
imigrantes latinoamericanos, particularmente os brasileiros na Inglaterra.
Nas palavras de Rosemary
Tapia Rojas, no “RioShow” do dia 24/08/2013: “(...) Adorei a peça. Todos
desempenham bem seus papeis. Text o com muito humor e que nos agrada até o
desfecho.Tiro o chapeu para o diretor Ary Coslov...”, definem bem um resumo desta
maravilha de texto da excelente Tereza Briggs-Novaes, que aborda irônica e
irreverentemente a questão da imigração clandestina em Londres, nos seus cerca
de 80 minutos de incansáveis gargalhadas da peça em cartaz, até o dia 29 de
setembro no Centro Cultural Correios, na Rua Visconde de Itaboraí, 20, na cidade,
bem ao lado do CCBB.
Quase todo o elenco |
A equipe de
criação, é formada por feras, como Marcos Flaksman no cenário, Kika Lopes no
figurino, Aurélio de Simoni no desenho de luz e a direção impecável do já
citado Ary Coslov. Completando, no elenco encontramos Bruno Ferrari, Marcello
Escorel, Rubens de Araujo, Thaís Portinho, Gustavo Ottoni e minha amiga, ex-professora
(tambem Musa) Zaira Zambelli, brilhantes (e vividas) estrelas, que retratam num
verdadeiro show de interpretação, o
dia a dia daqueles imigrantes em suas difíceis tentativas de sobrevivência num
país cada dia mais fechado à clandestinidade.
Três
imigrantes ilegais, sendo dois brasileiros, um portenho e uma ítalo-brasileira
dividem uma casa, ligados pela saudade que lhes são comuns, como a música e o
futebol, entre outras coisinhas mais, quando um quinto personagem –de
nacionalidade misteriosa–, entra nesse cenário, e, enigmaticamente é encontrado
morto, o que leva à entrada em cena do Inspetor Chefe Mr. Frost, apesar do
sobrenome inglês, Manuel de nome, português de origem...
A autora Tereza Brigg-Novaes |
"Fish & Chips" satiriza um mundo
globalizado, onde observamos o esfacelamento físico e moral do capitalismo. E discute
o conceito das comunidades de brasileiros no exterior, já que nos últimos 30
anos, um número expressivo de “compatriotas” descobriu maiores oportunidades no
exterior.
“Espero que,
acima de tudo, seja um momento de teatro onde haja a oportunidade de se ter uma
visão crítica e o prazer do entretenimento.", diz a auto ra, a escritora
carioca Tereza Briggs-Novaes, que formou-se atriz pela UNIRIO, e hoje, mora em
Londres.
Tereza dirige,
desde 2004, oficinas do Teatro do Oprimido em países como Inglaterra, Cuba e
Brasil. Em 2011 montou "Conspiracy
of Silence", espetáculo sobre a ditadura militar brasileira, no Calder Theatre Bookshop - o Centro do
Teatro do Oprimido em Londres.
E prova
neste “Fish & Chips”, a sua
genialidade... certamente a melhor comédia que assisti nos últimos anos!
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5 comentários:
Sei que você esteve na Inglaterra no começo dos anos 90... e de lá pra cá os Fish&Ships melhoraram muito de qualidade, até porque a tecnologia da fritura de alimentos, hoje em dia é outra!
Pelo que li na sua pensata de hoje, a peça de ser mesmo bem interessante. Pena que não tenhamos, aqui em Salvador, um teatro diversificado que possa oferecer ao soteropolitano boas opções. Mais um gol de placa, este de se viver no Rio.
Por acaso vi esta peça na semana passada, e como você gostei imensamente dela. Inteligente e com uma montagem excepcional.
Quanto às "delícias" da cozinha inglesa, acho que por mais que aprimorem as frituras vai ser sempre u'a merda de fazer desgosto.....
Tavim
Pela sua "crítica" me acendeu uma vontade danada de assistir esta peça...
A Autora de facto conhece Londres. A começar pelo título. E bem que gostaria de saber se um dia esta peça seria encenada em Portugal.
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