domingo, 25 de agosto de 2013

Pensatas de domingo, peixes e fritas...



Há bastante tempo atrás, havia uma piadinha interessante que perguntava quais os dois menores livros do mundo. E qual era a resposta? Era simplinha: “Os menores livros do mundo são: Quem é Quem na Economia Paraguaia e Delícias da Cozinha Inglesa”...
E, de fato, fishburger frio com batatas fritas geladas, vazando gordura por todos os lados, foi, sem sombra de dúvidas, um dos piores momentos palatáveis da minha vida, muito embora a peça “Fish & Ships” , apesar do título, não esteja primordialmente preocupada com isso, mas com a intrincada questão dos imigrantes latinoamericanos, particularmente os brasileiros na Inglaterra.

Nas palavras de Rosemary Tapia Rojas, no “RioShow” do dia 24/08/2013: “(...) Adorei a peça. Todos desempenham bem seus papeis. Text o  com muito humor e que nos agrada até o desfecho.Tiro o chapeu para o diretor Ary Coslov...”, definem bem um resumo desta maravilha de texto da excelente Tereza Briggs-Novaes, que aborda irônica e irreverentemente a questão da imigração clandestina em Londres, nos seus cerca de 80 minutos de incansáveis gargalhadas da peça em cartaz, até o dia 29 de setembro no Centro Cultural Correios, na Rua Visconde de Itaboraí, 20, na cidade, bem ao lado do CCBB.

Quase todo o elenco
A equipe de criação, é formada por feras, como Marcos Flaksman no cenário, Kika Lopes no figurino, Aurélio de Simoni no desenho de luz e a direção impecável do já citado Ary Coslov. Completando, no elenco encontramos Bruno Ferrari, Marcello Escorel, Rubens de Araujo, Thaís Portinho, Gustavo Ottoni e minha amiga, ex-professora (tambem Musa) Zaira Zambelli, brilhantes (e vividas) estrelas, que retratam num verdadeiro show de interpretação, o dia a dia daqueles imigrantes em suas difíceis tentativas de sobrevivência num país cada dia mais fechado à clandestinidade.

Três imigrantes ilegais, sendo dois brasileiros, um portenho e uma ítalo-brasileira dividem uma casa, ligados pela saudade que lhes são comuns, como a música e o futebol, entre outras coisinhas mais, quando um quinto personagem –de nacionalidade misteriosa–, entra nesse cenário, e, enigmaticamente é encontrado morto, o que leva à entrada em cena do Inspetor Chefe Mr. Frost, apesar do sobrenome inglês, Manuel de nome, português de origem...
A autora Tereza Brigg-Novaes


"Fish & Chips" satiriza um mundo globalizado, onde observamos o esfacelamento físico e moral do capitalismo. E discute o conceito das comunidades de brasileiros no exterior, já que nos últimos 30 anos, um número expressivo de “compatriotas” descobriu maiores oportunidades no exterior.

“Espero que, acima de tudo, seja um momento de teatro onde haja a oportunidade de se ter uma visão crítica e o prazer do entretenimento.", diz a auto ra, a escritora carioca Tereza Briggs-Novaes, que formou-se atriz pela UNIRIO, e hoje, mora em Londres.

Tereza dirige, desde 2004, oficinas do Teatro do Oprimido em países como Inglaterra, Cuba e Brasil. Em 2011 montou "Conspiracy of Silence", espetáculo sobre a ditadura militar brasileira, no Calder Theatre Bookshop - o Centro do Teatro do Oprimido em Londres.

E prova neste “Fish & Chips”, a sua genialidade... certamente a melhor comédia que assisti nos últimos anos!

Clique para ampliar

5 comentários:

Joelma disse...

Sei que você esteve na Inglaterra no começo dos anos 90... e de lá pra cá os Fish&Ships melhoraram muito de qualidade, até porque a tecnologia da fritura de alimentos, hoje em dia é outra!

André Setaro disse...

Pelo que li na sua pensata de hoje, a peça de ser mesmo bem interessante. Pena que não tenhamos, aqui em Salvador, um teatro diversificado que possa oferecer ao soteropolitano boas opções. Mais um gol de placa, este de se viver no Rio.

Anônimo disse...

Por acaso vi esta peça na semana passada, e como você gostei imensamente dela. Inteligente e com uma montagem excepcional.
Quanto às "delícias" da cozinha inglesa, acho que por mais que aprimorem as frituras vai ser sempre u'a merda de fazer desgosto.....

Tavim

Mara disse...

Pela sua "crítica" me acendeu uma vontade danada de assistir esta peça...

Nun'Alvares disse...

A Autora de facto conhece Londres. A começar pelo título. E bem que gostaria de saber se um dia esta peça seria encenada em Portugal.