quarta-feira, 19 de outubro de 2016

"Ultimato" de Putin



Rodolfo Bueno – Rebelión
Tradução: Jorge Vital de Brito Moreira



Moscou soube de fontes próximas ao governo de Washington que nos EUA há indivíduos poderosos que estão a favor de abandonar a diplomacia para lançar mísseis de cruzeiro contra alvos militares da Síria, agressão que favoreceriam unicamente aos terroristas, "moderados" ou não.



Dado que anteriormente os EUA só bombardeava por "erro" e que agora seria de propósito e com toda sua força, Sergey Lavrov disse que seria "um jogo muito perigoso”, porque a Rússia tem ali duas bases, “que se encontra na Síria, a convite do governo legítimo daquele país" e deve proteger suas instalações. Pede aos militares dos EUA que tenham cuidado para não serem guiados "por emoções ou pelas explosões momentâneas de agressividade".



Para evitar este ataque, Moscou mandou para a Síria seus foguetes mais modernos, capazes de interceptar qualquer míssil, zombando da invisibilidade dos caças estadunidenses, chamando-os de fantasia. Igor Konashenkov, porta-voz do Ministério da Defesa da Rússia, indica que o Ocidente carece de dados fixos sobre o alcance real dos sistemas S-300 e S-400, "uma surpresa para qualquer aeronave não identificada" e sugere que um ataque à Síria é equivalente a uma declaração de guerra, isto é, provocaria uma Terceira Guerra Mundial. Como é impossível prever se esse aviso deterá o Pentágono, a derrubada de um avião norteamericano causaria tensões  a um nível perigosamente incontroláveis.



O presidente russo, Vladimir Putin, disse que o objetivo é não permitir que o cenário na Síria e no Iraque repita o da Líbia e diz ao imperialismo mundial globalizado (IMG): Basta, parem com tanta agressão gratuita - Impedimento para os atletas russos participar nos jogos Olímpicos no Rio; ameaças de boicotar o próximo campeonato mundial de futebol; instalação da OTAN nas fronteiras da Rússia; guerra da mídia de todos os tipos e infundadas contra Moscou e seus aliados; sanções massivas contra a economia russa; proteção e apoio aos terroristas de qualquer tipo; ameaça de ataque nuclear preventivo contra a Rússia...



Para completar esse quadro, pelas ações hostis dos EUA contra a Rússia e pelo não cumprimento do compromisso de destruir o plutônio para o uso militar excessivo, Moscou suspendeu a cooperação com este país no domínio da energia e da investigação nuclear. Mas não é só isso, para retomar essa cooperação, Putin exige que os EUA cancelem todas as sanções contra a Rússia, o pagamento de uma indenização pelos danos sofridos pelo seu país causados por essas sanções, eliminar a "lei Magnitsky", reduzindo a presença militar da OTAN na Europa Oriental e o abandono da política de confronto com Moscou.



Em boas palavras, é um 'ultimato' que visa mudar a política dos EUA em relação à Rússia e uma compensação por perdas sofridas como resultado disso. Parece que Putin tornou-se o molde dos sapatos do IMG (imperialismo mundial globalizado)  porque ele fala em uma língua que muitos governos gostariam de falar. Por bravata, o IMG tornou-se um escravo do que pensava escravizar. É hora de aceitar que existe uma nova realidade militar e política, que o mundo é multipolar e  que deve integrar-se a este mundo .



Se así llueve, que no escampe. (Se chove que não pare. No Brasil também se  diria: dou um boi para não entrar numa briga, porém dou uma boiada para não sair).



Esta é uma tradução do texto de Rebelion.org que publicou este artigo com a permissão do autor através de uma licença da Creative Commons, respeitando a sua liberdade de publicá-lo em outro lugar.

Este é a primeira peça para impressão que mede 30x11cm. Copie e cole
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2 comentários:

Ieda Shimidt disse...

Cheguei a pouco em casa porque assisti o debate dos candidatos a "Ditador(a) do Mundo". Uma coisa vergonhosa e baixíssimo nível, guri.
E por isso mesmo, ao ler este teu post, fiquei encantada com a força do Pútin.

Tavim disse...

O artigo enfatiza que: "como é impossível prever se esse aviso deterá o Pentágono, a derrubada de um avião norteamericano causaria tensões a um nível perigosamente incontroláveis".

Será que os Estados Unidos não vêm nisso tudo o risco de uma Terceira Guerra Mundial?

Eu penso que vêm!

Na verdade os militares americanos já estão sendo guiados "por emoções momentâneas de agressividade".